Coluna Ana Clara Garmendia, junho de 2018
O tema desta edição é excelente para nos fazer pensar quem somos, para onde e por que vamos. A New Age, em 2018, é estar de acordo com a nossa real idade. Aquela que sentimos pulsar nos nossos desejos, que podem não condizer com o que a sociedade espera de nós. Tudo mudou. As expectativas são outras para quem entendeu que quem manda no nosso tempo somos nós. E é um grande desafio entrar nessa nova era de percepção. Porque existe um limite visual entre o que somos e quem gostaríamos de aparentar ser. Existe quem não ligue para nada disso, mas tem gente que quer ficar bem e é aqui que eu entro com Jane Fonda. Uma mulher da terceira idade vestindo Givenchy e arrasando no tapete vermelho de Cannes 2018 é o que temos como ilustração. Faz tempo que Jane entrou na era da ginástica, da vida saudável, lembram? A Barbarella do filme de 1968 (dirigido por Roger Vadim) sacou que enfrentar o tempo tinha segredos bem maiores do que passar pelas mesas de cirurgia plástica. Na década de 1980, ela já publicava seus livros e vídeos de workout. Acertou!
Hoje, é exatamente isso o que se sabe. Vida saudável, exercícios et tac! Ganha-se vida! Olhar para Jane é desafiante. Ela tem 80 anos, mostra suas rugas, sim, e é deslumbrante. Grandes marcas se interessam em vesti-la com peças que poderiam estar em mulheres 50 anos mais jovens. Quanto ao restante da mulherada, muitas têm mostrado interesse em assumir os cabelos brancos. Cansadas das imposições, elas contra-atacam com o não às tintas. Um comportamento que ganha cada vez mais adeptas. Assumir-se, de maneira geral, virou nossa palavra de ordem. Na moda, as marcas mais New Age ou até No Age são Prada, Comme des Garçons, Céline e Chanel.
Faz tempo que elas celebram uma mulher livre para vestir o que quiser. O que entra no interesse comum é a elegância e o conforto. Salve a era dos tênis substituindo os saltos pata-de-elefante nas passarelas e na vida real. Uma demonstração clara de mudança de comportamento que o mercado entendeu e levou em frente. Na beleza, o caminho é o mesmo. Os profissionais de estética e beleza mais celebrados da Europa não fazem mais tratamentos que alterem excessivamente a expressão de alguém que quer rejuvenescer. A onda é dar um glow, um ar de bem dormida ou bonne mine, que, em francês, quer dizer “boa aparência”, sem esconder o tempo – afinal, ter uma bela idade nunca foi tão celebrado.
*Matéria publicada originalmente na edição de junho da revista TOPVIEW.