À moda de Costanza
Os leitores mais ávidos por uma “fórmula mágica” podem se surpreender com as definições de Costanza Pascolato. Empresária bem-sucedida do ramo de tecidos, consultora de moda e colunista da versão nacional da Vogue, ela é um dos nomes mais respeitados do país quando o assunto é estilo.
Mas o que seria isso? Segundo ela, o estilo está ligado à personalidade de cada um. Elegância tem a ver com postura e boa educação. E estar na moda significa entender o seu próprio tempo e saber acompanhá-lo.
Para estar por dentro das tendências, é preciso antes saber o que combina com você. E o que seria luxo?Para tratar do tema desta edição, a revista Top View foi ouvir o que ela pensa sobre esse conceito e a indústria que gira ao redor dele.
Top View: Um conceito que surgiu com força nos últimos anos, em vários setores e inclusive na moda, é a sustentabilidade. Essas transformações modificam o conceito de luxo?
Costanza Pascolato: Não há uma resposta única para a questão da sustentabilidade. O luxo sempre quis mostrar novos caminhos. Mas, como todas as outras, a indústria do luxo chegou a um patamar de excessos e ao ponto da discussão atual: vale a pena oferecer tanta coisa durante todo o ano? A qualidade e a durabilidade são o grande luxo hoje.
TV: Você consegue estar presente desde as mídias tradicionais até as redes sociais. Como conversar com públicos tão diversificados?
CP: Eu falo sempre do mesmo jeito. Não é que eu tenha uma maneira de falar no Youtube e outra quando me entrevistam ou quando estou na Vogue. Não posso abandonar o meu estilo de vida, a maneira como estou no mundo, para conversar com públicos diferentes. Aliás, se eu tentar um discurso diferente, sei que vou me dar muito mal – e levei muito tempo para entender isso.
TV: O que acha do movimento recente de blogueiras, que se transformaram em grandes influenciadoras de moda, beleza e comportamento?
CP: A questão fundamental é que a internet veio para revolucionar e esses são os efeitos: a facilidade de se comunicar e a abertura total da opinião, sem edição. Sobretudo na moda, a questão da imagem e da referência para ser imitada é absolutamente fundamental porque as pessoas são inseguras. É muito raro alguém realmente saber desde sempre o que vestir ou como se arrumar. Tenho falado disso nos meus livros e a gente sabe que é uma questão de autoconhecimento, que leva tempo e que tem que ser trabalhada. E hoje as pessoas parecem ter menos vontade de fazer, de se autoconhecer.
TV: Como é a sua rotina e a relação com os desfiles, você vai a muitos?
CP: Adoro ter coisas para fazer e minha rotina é muito variada. Como não trabalho num lugar só, é muito legal porque cada dia tenho um desafio diferente, um lugar diferente, uma equipe diferente. Desfiles são fundamentais e vou aos que consigo. Impossível ir a todos, mas procuro ir aos que são mais desafiadores para a minha curiosidade, para ver o que está acontecendo, qual é a proposta.
TV: Como você faz para atualizar o guarda-roupa?
CP: Hoje em dia, atualizo muito menos porque tem coisas que realmente não funcionam mais. Então, prefiro um mix de coisas muito boas que já tenho, com uma ou outra peça nova que uso do jeito que fica melhor, dentro do meu conceito de estar à vontade, que significa eu aceitar 100% aquela roupa, seja numa festa de grande luxo ou no dia a dia. Não vou vestir nada menos do que isso ou que não combine com minha personalidade, porque a maneira que você se veste é também a sua linguagem. Tem gente que entende, tem gente que não entende, mas eu entendo o que quero dizer com aquilo.
TV: Com a multiplicidade de referências que existe hoje, o que não pode faltar no armário de uma mulher na faixa dos 30/40 anos?
CP: O básico do básico, conforme listo nos meus livros. A calça preta, o terno, a camisa branca, o cardigã, o trench coat, o par de jeans, a camiseta e a calça de alfaiataria.
TV: O que o público pode esperar de você em 2016?
CP: Trabalho atualmente no projeto de um novo livro, que deve sair ainda neste ano. Apresentaremos, em breve, uma coleção de pratos (lindos!) que fiz e será lançada pela Copa & Cia, na Gift Fair, em São Paulo. Além de outras coisinhas do dia a dia e um monte de palestras que me convidam para apresentar e que já estão todas agendadas.