Welcome to the (urban) jungle
Os limites da natureza em espaços urbanos estão mais tênues. Com a aproximação cada vez maior do imóvel com a vegetação, muitas vezes um dentro do outro, as casas ganham em vida, calma e beleza, algumas das características que as plantas trazem para os ambientes.
Um refúgio na floresta
Ao subir uma pequena calçada íngreme para acessar a casa no bairro Tingui, já se percebe como o imóvel está cercado pela floresta – mas é apenas ao avistá-la, “escondida” por um “cobertor” de árvores e plantas, é que temos a dimensão de como são indissociáveis. Foi a natureza que fez a maior parte do trabalho. O arquiteto que assina o projeto, Fernando Canalli, diz que quem desenhou a casa foi o Sol e o terreno. “Nossa interferência, como moradores, também foi a menor possível”, conta o publicitário Renato Cavalher, que mora na casa com sua esposa e filhos. “Além do telhado verde sobre a garagem e de duas pequenas áreas gramadas, deixamos crescer a mata nativa, o que integrou completamente a casa ao parque Tingui. Foi como trazer o parque para dentro de casa.”As paredes de vidro reforçam a sensação de que a mata está logo ali, ao lado dos cômodos. Isso facilitou a decoração, eles garantem, já que o verde já deixa o espaço mais bonito naturalmente. Na parte superior, acima da garagem, há um telhado verde, uma varanda com churrasqueira e um estúdio de som, onde a família convida amigos para tocar durante as festas que promovem.A estrutura da casa é fluída, sem muitas paredes e bastante espaço de convivência. “Gostamos de receber pessoas aqui e a casa ampla, sem paredes/divisórias ajuda muito a fazer com que as pessoas fiquem bem à vontade e sempre em contato umas com as outras”, aponta a publicitária Daniela Capeletti, esposa de Cavalher.
O terreno tem mil m² e a casa 350 m², com vista para o Memorial Ucraniano. Aliás, um dos lugares preferidos do casal é o quintal, que conta com chão de pedra e ofurô embaixo das araucárias – com o toque especial de ter uma vista privilegiada para o monumento. O aspecto mais importante da casa, no entanto, é mais sutil: foi a readaptação da família para uma nova filosofia de vida. “Abrimos mão de qualquer item de luxo no acabamento, simplesmente não combinaria com a casa. Com isso, ela [a casa] me fez repensar o que, de fato, é importante para se morar bem: a simplicidade”, resume Cavalher.
“Dormir e acordar todos os dias em meio a natureza traz leveza para o dia e me enche de esperança de que podemos conviver em harmonia, cuidar do lugar em que vivemos sem precisar de muitas mudanças e deixar que os animais e as árvores ocupem seu espaço também.”
A casa da rampa
Por mais que tenha ficado conhecida por uma particularidade do projeto arquitetônico – a rampa –, quem consegue adentrar para além da fachada do imponente imóvel moderno, é surpreendido pela diversidade de plantas e jardins. Se o segredo para o cultivo de plantas é a luz, no imóvel no bairro Campo Comprido elas estão bem servidas. Há poucas paredes na casa e abundância de vidro. “Sempre desejamos que a nossa casa fosse ‘decorada’ pela natureza. Temos dentro poucos objetos de decoração, justamente para deixar que a natureza ocupe todos os ambientes”, contam os moradores.
A casa, para eles, é um ser vivo e, como tal, deve ser criada para ter propósito, simplicidade, beleza incomum, acolhimento, energia, sensação de bem estar e aconchego. Foi tudo isso que o arquiteto Marcos Bertoldi, que assina o projeto, conseguiu projetar na casa de 831 m² e no anexo de 295 m², que veio anos mais tarde. A felicidade do casal é ver que seu lar é uma extensão da forma como levam a vida: com cor, luminosidade, transparência, personalidade e liberdade.Mas foi a intuição que guiou todo o processo, em especial na escolha de trazer os elementos naturais – plantas, pedras e água – para dentro de casa. No escritório dela, há uma parede de vidro com vista para uma parede de pedra cheia de plantas, onde cai uma cascata. “Plantamos algumas [espécies], mas a maioria [das plantas] que está ali hoje veio naturalmente, foram os pássaros que semearam”, aponta. O gramado na frente da casa, cercado por flores brancas, é o parque dos dois cães da raça pastor belga, Otto e Gaia, que vivem com o casal e o filho. Os dois fazem home office, o que amplia o tempo em casa – uma felicidade imensa para ambos, já que afirmam, com convicção, que vivem “em um pedaço dos Jardins do Eden”. E complementam: “Para nós, a nossa casa não é apenas uma casa, e sim um santuário de amor, graças e felicidade.”
Abertura para o verde
Ao virar à esquerda na entrada de um condomínio no bairro Santa Felicidade, já se vê uma casa branca imponente de arquitetura contemporânea. Logo de cara o que chama a atenção, em meio às plantas do jardim que cerca o imóvel, é uma escultura de madeira assinada pelo designer Hugo França, reconhecido por reaproveitar resíduos florestais para a produção de esculturas mobiliárias.
Ao passar pelo corredor com paredes verdes e pelo deck, chegamos à sala, que não tem uma televisão, mas conta com um elemento ainda melhor para se assistir: um lindo bosque. Com a fachada inteira de vidro, a natureza parece um quadro em movimento. É onde vivem a arquiteta Vivian Millarch com seu marido, o empresário Francisco Millarch, e suas duas filhas, de dois e quatro anos. A casa foi projetada pelo arquiteto Marcos Bertoldi. E foi a sensibilidade de Bertoldi em propor uma sala de pé-direito duplo aberta para o bosque, aumentando a sensação de espaço e a integração com o verde, que conquistou o casal. “No dia a dia percebemos que essa integração com a natureza ajuda a trazer harmonia para o lar”, conta Vivian.Outro ambiente especial para eles é o deck, que conta com uma piscina. “A água reflete as copas das árvores e também atrai pássaros de diversas espécies, que são bastante presentes no nosso cotidiano”, ressalta. No jardim dos fundos, contam com um banco de França, feita a partir de resíduos de jaqueira. “Elas deram um toque muito especial à casa, representando um pouco dos nossos valores através da biofilia.”O verde também está presente em todos os banheiros da casa. No lavabo, há um jardim vertical, muito apreciado pelas visitas. “Sentimos que a presença do verde na casa nos traz uma sensação de maior espaço, liberdade, respeito e integração com a natureza”, explica Vivian.