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Wagner Moura estreia como diretor de cinema e nós conversamos com um dos atores!

Em entrevista inédita, o ator amerticano Brian Townes fala sobre sua participação no longa Marighella e dá informações de bastidores

>Há um ano estreava, aqui na TOPVIEW, o programa que inaugurou oficialmente a TV|TV, o Backstage. Eu, Adriano, trouxe vídeos semanais sobre histórias inspiradoras de marketing pessoal, e ao todo foram 21 episódios e temas, de personalidades locais à destaques de Curitiba na maior feira internacional de design do mundo, em Milão – a iSaloni 2018.

Reveja um dos episódios:

E confira aqui TODOS os episódios do programa Backstage

E, para relembrar, que tal mais um pouquinho de bastidores? Desta vez, entrevistei o ator e roteirista Brian Townes. Americano, ele escolheu Curitiba para criar suas duas filhas. Com formação em teatro e experiência internacional no palco, cinema e televisão, conversamos sobre o backstage do filme ‘Marighella’, de Wagner Moura, que estreou no festival de Berlim no último dia 15 de fevereiro – com ele presente. 

A cinebiografia é de Carlos Marighella, ex-deputado, poeta e guerrilheiro brasileiro que foi assassinado pela ditadura militar em 1969, uma adaptação do livro “Marighella – O Guerrilheiro que incendiou o mundo”, de Mário Magalhães, e, como diretor-estreante, o ator Wagner Moura.

Confira a entrevista com Brian Townes:

Adriano Tadeu Barbosa: Fale com suas palavras sobre o filme.

Brian Townes – Acabei de assistir o filme na estreia no Festival Berlinale. É um filme sobre algumas pessoas que decidiram resistir à ditadura militar com força armada, e os efeitos dessa decisão nas suas vidas. É poderoso, é emocionante, e acima de tudo, é sobre os seres humanos nos dois lados da luta, todos fazendo o que eles acharam a coisa certa pelo país. O cinema Berlinale Palast estava lotado, com centenas de pessoas, e as duas horas do filme foram em silêncio completo, acabando num trovão de aplausos.

ATB: Como surgiu o convite de gravar o filme e como foram os testes?

BT – Fui avisado sobre o filme por um amigo meu, o ator Rodrigo Ferrarini, quem me deu um toque e falou que tinha um filme entrando produção em busca de um gringo. Mandei o meu currículo, eles entraram em contato, pediram um teste por vídeo, e depois me convidaram pra participar de uma oficina de seleção/preparação de elenco com a Fátima Toledo em São Paulo. Foi uma oficina de três dias, trabalhando no estúdio com Bruno, Humberto, Guilherme, Charles e o resto do elenco. Também assisti palestras de pessoas que viveram na época, incluindo o Frei Betto. As gravações foram em São Paulo em outubro, novembro 2017 e Janeiro 2018.

ATB: Como é ser dirigido pelo Wagner Moura?

BT – Sendo ator, conheci vários tipos de diretores, com várias visões e métodos. O Wagner é incrível porque, em primeiro lugar, ele é ator. Ele entende exatamente a experiência que você está passando fazendo uma cena, e daí sabe exatamente o que você precisa – o que ele tem que fazer, ou não fazer pra deixar a cena funcionar, seguir em frente e chegar onde ela precisa. E eu acredito que essa sensibilidade deixou o elenco com uma confiança maior, com coragem para superar e seguir em frente, 100% sem medo.

ATB: O que somou essa experiência a todas as suas outras?

BT – Como estrangeiro, isso foi o meu primeiro contato com as histórias brasileiras do período da ditadura militar. Sabia que o Brasil teve essa forma de governo por umas duas décadas, mas era só um fato. Essa nunca foi uma realidade no meu país, daí sempre foi, para mim, uma situação hipotética, bem longe da vida real e difícil imaginar. Pra entrar nesse mundo, por rostos em cima dos nomes, conhecer as histórias bem pessoais e, em muitos casos horríveis, visitar os lugares onde essas coisas acontecem, foi realmente emocionante. Deu uma relevância, uma importância profunda para meu trabalho como ator, que levarei para sempre.

Equipe Marighella.

ATB: Como você foi brifado, recebeu o roteiro?

BT – Interessantemente, quando comecei gravar, eu ainda não tinha visto o roteiro inteiro. Durante a oficina, tínhamos só algumas partes. Assim, ninguém sabia exatamente o que estava acontecendo, nem a história inteira. Nas cenas, criou uma tensão real entre os atores apresentando as forças do governo e os que representaram a resistência. Como o meu personagem era estrangeiro, americano mesmo, entrando na situação de longe, achei legal manter um pouco dessa alienação.

ATB: Nas gravações, alguma curiosidade?

BT – Era engraçado. Numa cena do filme, o meu personagem tem que chegar dirigindo um carro. Como o filme acontece nos anos 60, era um carro lindão, um Thunderbird 1963, se não me engano. Dirigir um carro numa cena é muito complicado. Primeira coisa, tem que dirigir esse carro lindo, com toda preocupação que você não vai danificar ele. Segunda, tem que ir na velocidade certa para cena, e parar no lugar perfeito para câmera, mas sem olhar obviamente. Enfim, esse carro tinha a troca de marchas na coluna, e eu nunca dirigi um carro assim antes. O técnico me mostrou como funcionava, mas ainda estava com muito medo pra matar o motor no meio do take e estragar tudo. Daí todo take foi comigo passando por uma rotatória, virando esquina e indo 50 metros ou mais pela marca certa sem sair da primeira marcha. Mas deu tudo certo.

ATB: Para você, como prosseguiu após as gravações e quais os planos em 2019?

BT – Depois de “Marighella,” recebi uma chamada pra fazer “Bacurau”, o próximo filme do Klebber Mendonça Filho (Aquarius, O Som ao Redor) sendo dirigido por ele e Juliano Dornelles. Gravei no Rio Grande do Norte por um mês, que foi mais uma nova face do Brasil pra mim, com um elenco incrível, incluindo Sônia Braga, Udo Kier, Karine Telles e Antônio Sabóia, entre muitos outros. O filme está marcado para estrear em Cannes. Também estou desenvolvendo um longa metragem com produtoras curitibanas, a Moro Filmes e Realiza Vídeo. E claro, estou esperando o lançamento do Marighella aqui no cinema nacional. Eu me considero muito privilegiado por essas oportunidades de trabalhar com esses artistas brasileiros, e por continuar desenvolvendo o meu trabalho e minha vida artística no país que eu adotei.

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