ESTILO

Um momento de tranquilidade

Em meio à pandemia, relaxar e aproveitar um bom charuto pode ajudar nos momentos de reflexão

“O charuto é um verdadeiro memento homo: convertendo-se pouco a pouco em cinzas, vai lembrando ao homem o fim real e infalível de todas as coisas.” A frase de Machado de Assis sintetiza bem o que senti nos últimos dias degustando um puro.

O mundo está em transformação. A pandemia da Covid-19 nos trouxe um momento intenso de reflexão sobre como vivemos e aonde queremos chegar. Reflexões que um hábito como o da degustação de charutos intensifica, conectando-nos a questões que, a partir de agora, são cada vez mais importantes. Uma delas é o trabalho e a coletividade. A indústria do tabaco é uma das principais forças da economia mundial, pois movimenta mais de US$ 500 bilhões por ano, gerando empregos e transformando vidas. O charuto é parte importante desse universo e novos hábitos de consumo podem impactar milhares de vidas de forma drástica.

“O impacto pode ser grande na indústria, mas novos hábitos podem gerar uma nova força de consumo, mais segura, dentro desse meio.”

Acredito que uma das forças do charuto é o hábito muitas vezes solitário da degustação. Alguns estudiosos apontam que o isolamento social deve ser uma constante daqui para frente e a tendência de saborear um puro em casa, sem pessoas ao redor, deve ser cada vez maior. Também apostaria no crescimento do comércio virtual, com entrega em casa, cursos online e rodas de degustação também digitais.

O impacto pode ser grande na indústria, mas novos hábitos podem gerar uma nova força de consumo, mais segura, dentro desse meio. Outro ponto que o charuto traz é esse momento intimista, de contato consigo mesmo. A pandemia nos forçou, mesmo que a contragosto, a parar, ficar em casa e refletir. O charuto foi um companheiro importante nesses tempos de reflexão. Foi como um afago, um traço de tranquilidade em meio a perspectivas ainda nebulosas. Quando você precisar parar, acenda um puro para pensar melhor.

Charutos do mês

Itália
Toscano Antico
Forte.
R$ 25.

Nicarágua
My Father Flor de Las Antillas Toro Gordo
Média-suave.
R$ 80.

Brasil
Bucanero’s Gold Selection No. 50 (Robusto)
Suave.
R$ 35.

*Coluna originalmente publicada na edição #238 da revista TOPVIEW.

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