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Entre insegurança e otimismo: qual a situação dos estudantes estrangeiros nos Estados Unidos durante a pandemia?

O governo estadunidense tomou decisões, por conta da pandemia do novo coronavírus, que afetaram a vida dos acadêmicos

A vida acadêmica dos imigrantes que estudam em instituições de ensino superior nos Estados Unidos vem sofrendo alterações desde o começo de julho deste ano. Por conta da pandemia do novo coronavírus, o governo do presidente Donald Trump, que tem postura austera com relação às políticas de imigração no país, optou por não renovar o visto estudantil daqueles que já estavam morando nos Estados Unidos e não teriam aulas presenciais no início do novo semestre – em setembro.

Diversas instituições de ensino superior protestaram contra essa decisão – incluindo a Universidade de Harvard e o MIT, duas das entidades mais renomadas do país. Uma das ações tomadas por algumas universidades foi a oferta de matrícula em disciplinas presenciais aos alunos estrangeiros, garantindo a renovação do visto estudantil deles. Após os protestos, o governo voltou atrás. 

No dia 24 de julho, o governo estadunidense anunciou outra decisão que afeta diretamente os intercambistas. O U.S. Immigration and Customs Enforcement (ICE), que é a agência responsável pela imigração e pela alfândega do país, informou que os estudantes que possuem matrículas novas e ainda não estavam morando nos Estados Unidos não poderiam entrar no país caso o programa de estudos deles fosse 100% online.

É nesse cenário incerto que Beatriz Mira, mestranda de Jornalismo na Universidade Kent State, localizada em Ohio: “Foi um período de total caos e insegurança. Voltava para casa ou não?”. 

Residente nos Estados Unidos, a estudante tem uma bolsa de 100% para o programa de mestrado e recebe um salário para se manter no país. “Se eu saio daqui, eu perco essa garantia. Se eles não tivessem voltado atrás, eu teria perdido minha chance de estudar. Fiquei muito aliviada quando a decisão foi derrubada”, pontua Beatriz, se referindo a primeira postura do governo estadunidense. 

De acordo com Anelise Zandoná Hofmann, coordenadora nacional do Education USA, agência do Departamento de Estado Americano, os estudantes estão se adaptando às decisões: “Se o estudante foi impedido de ir agora, ele estará embarcando no ano que vem. A orientação é sempre buscar com as universidades estadunidenses as opções que elas têm. Muitos alunos já estão fazendo o semestre online até eles poderem viajar”. 

A especialista afirma que a principal fonte de informação para os alunos durante esses momentos de incerteza são as universidades. Sobre as instituições de ensino, Anelise diz que as decisões tomadas por elas têm como base o comportamento do contágio do coronavírus: caso o número de casos ainda seja alto no início do semestre, em setembro, não se pode abrir.

O otimismo, o apoio e a insegurança 

Apesar da decisão do governo, Beatriz se sentiu acolhida por alguns cidadãos estadunidenses com os quais convive: “Achei legal que algumas meninas da minha sala, que estudam comigo, vieram me mandar mensagem e oferecer apoio. Elas disseram: ‘tenho vergonha do meu país por estar fazendo isso com vocês’. Mesmo pequeno, achei esse apoio legal”. 

Mesmo com o apoio, porém, a estudante afirma que não se sente mais acolhida no país: “apesar de tudo estar resolvido, ainda é um medo que qualquer estrangeiro vai viver para sempre, pelo menos com esse governo do jeito que é. Você vai sempre viver com medo de que poderá acordar com uma notícia dizendo ‘tchau e benção. Vai com Deus’. Isso é uma situação muito ruim, principalmente porque você faz um esforço muito grande pra vir para cá. Você está longe de casa, longe da família. Ser estrangeiro num outro país já é difícil, quando você não se sente bem-vindo é pior ainda”. 

Segundo Anelise, os estudantes que ainda querem estudar no país encaram a situação com otimismo: “Como nós trabalhamos com planos que são de médio a longo prazo, a gente já está pensando em 2021 para o futuro. A gente trabalha com educação e otimismo. Hoje, o pessoal está se preparando para ir no fall 2021 – em agosto de 2021, os alunos esperam estar indo estudar presencialmente lá”.

*Matéria originalmente publicada na edição #239 da revista TOPVIEW. 

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