Quem você influencia?
Em meados de 2019, uma pesquisa realizada pelo Instituto QualiBest mostrou que 76% dos consumidores já compraram algum produto ou serviço recomendado por um influenciador digital. A indústria da influência é tão voraz que as marcas têm, hoje, núcleos destinados a identificar e a trabalhar com os influenciadores, ativos importantes em qualquer estratégia de marketing. Tão importantes que podem determinar o sucesso ou o fracasso de um produto ou serviço. Os influenciadores ditam as tendências de uma geração inteira.
Nunca fomos tão dependentes de uma curtida, tão carentes por um comentário e tão ansiosos por um compartilhamento. Os influenciadores, que disputam o topo por meio de métricas de engajamento, são produtos de uma geração que se compreende e se reconhece no feed de uma rede social. Por uma série de fatores, um grupo se projeta, ganha notoriedade e audiência e, por consequência, o título de influenciadores.
Mas quem é você, que curte, comenta e compartilha as publicações deles? Qual é o seu papel nesse ecossistema que alimenta o ego e reforça o faturamento das grandes e pequenas marcas? Eu aposto que você não é menos importante do que o influenciador que tem milhões de seguidores.
Desempenhamos, todos nós, um papel fundamental no mundo digital. Cada usuário inscrito em uma rede social é, também, um pequeno veículo de comunicação, capaz de gerar informações, provocar reações da audiência e nortear conversas que, em alguma medida, vão impactar um grupo de pessoas igualmente conectadas e capazes de atuar da mesma forma. Esse ciclo torna cada um de nós um pequeno influenciador.
Sim, essa palavra remete àquele que influencia. Logo, se exercemos um papel de ascendência sobre um grupo, independentemente do tamanho dele, somos influenciadores, capazes de gerar algum impacto sobre as decisões ou visões de mundo daquelas pessoas. Quantas vezes, ao visitar um restaurante, você publicou fotos belíssimas dos pratos e do ambiente e rapidamente recebeu de alguém o pedido para compartilhar o endereço? Ou mensagens e ideias que publicamos e que, silenciosamente, ajudam alguém que precisava justamente daquela reflexão?
Esse poder de influência que exercemos sobre as nossas bolhas nas redes sociais deve ser utilizado com sabedoria. É por meio dele que as notícias falsas são disseminadas, que golpes alcançam vítimas desavisadas e que podemos prejudicar alguém sem que tenhamos a exata dimensão do poder que temos à distância de um clique.
É por isso que, muito mais do que os grandes e pequenos influenciadores digitais que atuam profissionalmente, é preciso um olhar atento para nós mesmos e aqueles que nos cercam. Quem são os nossos influenciadores de verdade? E, nós, o que fazemos com o nosso poder de influência?
*Coluna originalmente publicada na edição #245 da revista TOPVIEW.