CULTURA ARTES

Os novos mecenas curitibanos

Primeiros patronos do Museu Oscar Niemeyer contam como é a experiência de escolher obras para o acervo do museu

 

Em uma noite de agosto, um grupo de convidados era instruído a trocar a entrada tradicional do Museu Oscar Niemeyer, que leva às salas expositivas, pelas docas do MON. Nesse espaço de bastidores, onde chegam obras para futuras mostras, os convidados foram surpreendidos por um quarteto de cordas. Tinha início aí o encontro dos primeiros patronos do museu.

O programa Sou Patrono surgiu em 2015, seguindo a tendência global entre museus de buscar “mecenas contemporâneos” para financiar desde atividades culturais à expansão de coleções – como a iniciativa do MON, pioneira no Paraná, de criar um fundo anual para a aquisição de obras.

Após a recepção nas docas, os patronos passaram à sala de transição, espaço em que as peças são armazenadas antes da montagem, mas que dessa vez recebeu ambientação especial, concebida pelo party designer Marcos Soares. Foi ali, depois de experimentar o mesmo percurso que faz uma obra ao chegar ao MON, que os patronos elegeram as criações a serem adquiridas com o fundo – obras de Mira Schendel, Julio Le Parc e Regina Silveira.

 

 

Obra de Regina Silveira já foi exposta no MON e agora entra para sua coleção permanente.
Obra de Regina Silveira já foi exposta no MON e agora entra para sua coleção permanente.

“A experiência de opinar na escolha das obras do acervo foi muito interessante”, comenta a assessora jurídica Rosana Pollis. “Além do aprendizado a respeito das obras, creio que o processo aumenta o sentimento de participação, de pertencimento.”

Fortalecer o vínculo com a sociedade é, de fato, um dos objetivos do programa, para além das aquisições. “Muito mais do que isso, eu vejo a importância de ter pessoas que gostam de arte e têm essa participação na sociedade mais presentes aqui”, avalia Juliana Vosnika, diretora-presidente do MON. “A gente poderia simplesmente fazer um evento de escolha [das obras], mas quisemos proporcionar uma experiência no Museu Oscar Niemeyer, uma vivência que talvez as pessoas nunca tivessem”, completa Juliana sobre o evento, que também contou com a presença do crítico e curador Agnaldo Faria para apresentar os artistas e trabalhos em questão.

Para a diretora da instituição, existe um interesse crescente do público em conhecer o “outro lado” – os bastidores de um museu, o processo por trás de um café especial… “Encanta muito ter esse plus, saber que vivenciou um momento único ou mais exclusivo, e que você vai poder contar um pouco dessa experiência”, afirma, celebrando ainda o poder multiplicador das vivências, repassadas a novos patronos ou visitantes.

Mais próximos da instituição, os patronos também têm a oportunidade de contribuir para a sociedade como um todo. “Saber que por meio dessa iniciativa o MON contará com mais três obras maravilhosas é extremamente gratificante”, resume Cristiane Canet Mocellin, patrona e vice-presidente do Instituto TMO, de apoio ao transplante de medula óssea.

 

Obra Lumière en mouvement, de Júlio Le Parc, exposta durante a Bienal Internacional de Curitiba, em 2015, é uma das selecionadas para o acervo.
Obra Lumière en mouvement, de Júlio Le Parc, exposta durante a Bienal Internacional de Curitiba, em 2015, é uma das selecionadas para o acervo.

 

Sou Patrono

O que é
Fundo anual para aquisição de obras criado em novembro de 2015.

Contribuição anual
As cotas são de R$ 6 mil, R$ 9 mil ou R$ 27 mil.

Quem pode se tornar patrono
Todos podem participar (pessoa física ou jurídica).

Contrapartida para os patronos
Direito a um voto na escolha das obras a serem adquiridas, nome gravado nas dependências do MON, visitas guiadas exclusivas com curadores ou artistas, cartão VIP para entrada no museu, entre outros.

Seleção das obras
As obras a serem adquiridas são escolhidas pelos patronos em meio a uma seleção previamente elaborada pelo conselho cultural do museu, composto por especialistas em arte.

 

Obra de Mira Schendel também vai integrar a coleção.
Obra da série Monotipia, de Mira Schendel, vai entrar para a coleção do museu.

Patronos do MON contam mais sobre a experiência

“O Programa Sou Patrono é um grande exemplo de como a sociedade civil pode se organizar para apoiar as políticas públicas nas atividades culturais.”
Samuel Lago, Gran Patrono e Membro do Conselho Superior do MON

“Tem sido muito gratificante participar do MON na condição de patrono, porquanto atividade envolvendo artes em geral extremamente prazerosa e construtiva.”
João Carlos Ribeiro

“É um orgulho termos o MON aqui em Curitiba, e vejo como muito importante a participação da comunidade no seu crescimento. Estar engajada no programa Sou Patrono é motivo de satisfação, de alegria em colaborar com algo que é de todos, que é do Paraná. E que deixaremos para as próximas gerações. A experiência de opinar da escolha das obras do acervo foi muito interessante. Além do aprendizado a respeito das opções de obras disponíveis, creio que o processo aumenta o sentimento de participação, de pertencimento.”
Rosana e Arthur Pollis

“Muito importante a iniciativa do MON em criar o programa de patronato. Programas semelhantes já existem nos maiores museus do mundo. É o fortalecimento da importância dos espaços culturais. Especialmente o MON, que é um ícone arquitetônico e cultural para Curitiba e para o Brasil. Ter a oportunidade de ajudar a escolher as obras a serem adquiridas pelo museu foi, sem dúvida, uma enorme responsabilidade, cumprida com louvor por todos os patronos. Saber que através desta iniciativa o MON poderá contará com mais três obras maravilhosas é extremamente gratificante. Fiquei especialmente apaixonada por uma das obras, de Júlio Le Parc, que expôs na cidade no início do ano e deixou os curitibanos encantados.”
Cristiane Canet Mocellin

“Um museu é, na definição do International Council of Museums (ICOM, 2001), ‘uma instituição permanente, sem fins lucrativos, a serviço da sociedade e do seu desenvolvimento, aberta ao público e que adquire, conserva, investiga, difunde e expõe os testemunhos materiais do homem e de seu entorno, para educação e deleite da sociedade’. Sendo assim, contribuir para alavancar e cuidar de um patrimônio a que todos podem ter acesso, me permite sentir que estou fazendo um pouco da minha parte. É um orgulho ter sido chamada para fazer parte de um projeto tão pioneiro e fundamental. Ser gran patrona é poder contribuir, e deixar mais e mais cultura e conhecimento para as futuras gerações.”
Priscilla Müller

“Nos honra muito contribuir para este programa, e estou feliz em  pode participar disso.  Tenho certeza de que este programa desperta conhecimentos, rompe fronteiras e traz ensinamentos, pois arte e cultura são a essenciais para conhecer melhor a vida. A comunicação entre pessoas e povos e o conhecimento trazido por este programa ajuda a fortalecer o elo entre conhecimento, a realidade e o sonho.”
Anderson Fumagalli

“O programa nos dá oportunidade de participar diretamente das iniciativas de valorização da arte, da cultura e da identidade do Paraná. Sendo o MON, reconhecidamente, um dos principais museus do Brasil e um dos mais belos do mundo, fazer parte deste programa é uma honra. Espero que mais pessoas e empresas se sensibilizem e venham usufruir da gratificante experiência de ser patrono do MON.”
Carlos Rodolfo Sandrini

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