Do Brasil para o mundo: chef Tuk-Tuk levou o feijão carioca para a gastronomia internacional!
Em setembro de 2018, Yuri Ogurtsova, chef do restaurante Tuk-Tuk, partiu para sua sexta viagem gastronômica. Com duração de um mês, a viagem teve um quê especial: unir os sabores do ocidente e do oriente, trabalhar como voluntário em um restaurante-escola e cozinhar para os mestres das especiarias, os indianos.
A primeira parada foi a Holanda. Nas cidades de Amsterdam e Roterdam, o chef Ogurtsova seguiu seu já clássico roteiro gastronômico, que inclui visitas a restaurantes e barracas de comida de rua. Na busca pelo sabor asiático bastante presente no país da appeltaart, o roteiro dos Países Baixos foi recheado de comidas indiana, tailandesa e, sobretudo, vietnamita, intercaladas com panquecas, stroopwafel e bitterballen. Baterias recarregadas, o chef partiu para a sua segunda parada, Díli.
Capital do Timor Leste e com uma gastronomia nativa à base de arroz, vegetais e peixe – quase sempre cozidos na brasa –, e alguns pratos típicos da Indonésia como o bakso, Díli é ainda uma cidade a ser conquistada, gastronomicamente falando. O desafio nesta parada foi o de levar sabores ocidentais da cozinha internacional europeia para o programa PRO-EMA, que busca desenvolver habilidades e capacitar profissionalmente meninas timorenses adolescentes que vivem em extrema vulnerabilidade socioeconômica. Formado pelo SENAC de Curitiba em cozinha internacional europeia em 1997, mas na cozinha asiática desde 2005, o chef Yuri precisou se preparar para ministrar aulas para as alunas do restaurante-escola. Foram 15 dias de aulas, jantares e almoços e de confraternização com a equipe do programa, que é mantido por meio do restaurante, considerado o melhor da capital timorense.
Do Timor Leste, o chef partiu para o destino final da viagem, a Índia. Meses antes, Yuri havia sido convidado por Marcelo Eduardo Lüders, presidente do Instituto Brasileiro de Feijão, para desenvolver receitas com feijão carioca. O chef brasileiro deveria fazer o ingrediente brilhar, mas com um grande desafio, respondendo à pergunta: como o feijão carioca poderia ser usado na gastronomia da Índia? “Foi legal pelo desafio, de criar algo inusitado”, explica Yuri. Entre as seis receitas desenvolvidas, teve a Dossa de feijão e arroz acompanhada de Sambar de feijão, em que é o feijão cozido com curry patta, tamarindo e especiarias indianas. O resultado do trabalho foi apresentado em um jantar para 300 pessoas no Hotel Taj Mahal, em Nova Déli. O público era formado principalmente por importadores.
A última parada foi em uma feira de negócios em Mumbai para apresentar o feijão novamente. “O trabalho da viagem foi mostrar aos indianos que o nosso feijão pode funcionar na comida deles”, conta Yuri, que emenda que houve indiano já pedindo a receita. E, para quem ficou com água na boca, uma notícia importante: depois dessa experiência, Yuri adotou as receitas desenvolvidas com feijão e agora elas estão no menu do Tuk-Tuk também.