Nove músicas para começar a ouvir jazz
Miles Davis, John Coltrane, Ella Fitzgerald, Chet Baker… Tais nomes não são estranhos mesmo aos ouvidos pouco familiarizados com jazz. Ainda assim, esses artistas por si somam uma extensa discografia, que passa por diferentes fases e estilos do gênero — o qual segue se desenvolvendo mundo afora, incorporando outros ritmos, experimentando, explorando a liberdade que lhe é particular. Por onde, então, começar a ouvir jazz?
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Para dar algumas pistas, pedimos a músicos de jazz de Curitiba indicações de faixas que recomendariam a quem quer se iniciar ou conhecer mais sobre o gênero. Ele pode ter fama de difícil, intelectual e sério, mas a movimentação ao seu redor em Curitiba — festivais, bares, bandas, músicos, ouvintes de todos os tipos e idades, como mostramos na edição de fevereiro — sugere que às vezes é uma questão de acesso. Entrar em contato com a música e deixar que ela haja sobre o ouvinte.
Por isso, sem mais delongas, deixamos que o jazz fazer seu trabalho.
José Antonio Boldrini, contrabaixo acústico: Jennifer Leitham e John Leitham
“Vou com uma postagem que no mínimo é muito curiosa. Jennifer Leitham já se chamou John Leitham. Acho isso muito bacana para a gente começar a falar de contrabaixo acústico, as esferas pelas quais o jazz transita, a linguagem musical que não impõe postura de forma alguma. É realmente uma curiosidade muito especial e delicada de um grande ou de uma grande musicista.
Aqui está John no baixo:
E aqui uma entrevista com Jennifer contando um pouquinho da história.”
Cristiano Karmiski, guitarra: Gaslight, do Owl Trio
“Uma ótima recomendação de jazz para atiçar os ouvidos — sejam de leigos ou para os íntimos do gênero — é o Owl (Orlando le Fleming, Will Vinson e Lage Lund) Trio. O álbum proporciona um diálogo íntimo de três músicos que hoje são referência para o cenário internacional de jazz. O que chama atenção neste álbum é justamente o fato de ele ser composto por um trio. Essa configuração necessita de uma intimidade maior entre os músicos, já que são apenas três integrantes. Em outras palavras, eles possuem mais espaço de intervenção e liberdade para preencher os compassos, e os três instrumentos estão sempre imponentes.”
Ronald Kubis, saxofone: It’s all right with me, por Victor Assis Brasil
“Essa música é de autoria do grande músico e compositor americano Cole Porter. Nessa gravação de 1980, feita por Victor Assis Brasil e seu conjunto, podemos apreciar os vários elementos contidos no jazz, como o swing (rítmica), as linhas de baixo (walking bass), a apresentação do tema e a improvisação sob o mesmo.”
Glauco Sölter, contrabaixo: Haitian Fight Song, de Charles Mingus
“Eu comecei a escutar jazz quando era menino, na casa dos meus pais. Eles adoravam Louis Armstrong, Ella Fitzgerald, Nat King Cole, Ray Charles e outros grandes nomes. Mas havia um disco em especial que me cativou pelo som de um instrumento que eu nem imaginava que viria a tomar conta da minha vida: o contrabaixo. Este disco era uma coletânea de jazz, com uma pintura toda azul do Pablo Picasso na capa: The Old Guitarist. Muitos nomes que me impressionaram estavam ali representados, como Thelonious Monk, Dizzy Gillespie, Milt Jackson, mas foi a composição Haitian Fight Song, de Charlie Mingus, que eu não me cansava de ouvir. Por ironia do destino acabei perdendo esse disco de que meu pai tanto gostava, nunca me perdoei por isso… E quis este mesmo destino que eu me tornasse músico e contrabaixista… de jazz!”
Ian Giller Branco, steel drum: Night Passage, por Weather Report
“Acho interessante nessa música que ela mantém o estilo clássico do jazz com timbres diferentes e um novo conceito de criação musical.”
Marcelo Oliveira, clarinete: Sing, sing, sing, por Benny Goodman, e Stompin’ at the savoy, por Eddie Daniels
“A influência direta para a clarineta sempre foi esse incrível nome, Benny Goodman, que inspirou inclusive compositores importantíssimos como [Igor] Stravinsky e [Aaron] Copland.
Nos anos 1980, ouvi muito e adorei conhecer o clarinetista Eddie Daniels.”
Jeff Sabbag, pianista e sócio do Dizzy Café Concerto. The Flintstones, por James Morrison
“Pensei bastante e indico a faixa com James Morrison, um dos maiores trumpet players ingleses. Aqui ele toca um hit da infância de quem tem mais de 40 anos, The Flintstones, tema do desenho animado em jazz, pois o gênero estava na abertura de todos os desenhos e séries dos anos 1960 e 1970!!! E aqui nesta faixa temos os duelos, quando músicos do mesmo instrumento solavam em duelos para ver quem recebia mais aplausos, coisa comum no jazz!”
E uma seleção da redação da Top View: