ESTILO INOVAçãO & TECNOLOGIA

Curitiba cidade inteligente: minha cidade, nossa evolução

Uma das cidades mais inteligentes do mundo, Curitiba é exemplo de como construir um caminho para o futuro

Cidade inteligente = tecnologia. Certo? Errado. Certamente, cidades inteligentes usam a tecnologia para melhorar e desenvolver suas questões socioeconômicas. No entanto, esse conceito é muito mais amplo do que apenas direcionar os resultados à tecnologia.

Sim, esse é um instrumento necessário para que essas metrópoles se formem. Mas trata-se somente de um meio. O que realmente faz a diferença, segundo os especialistas, é ter um local pensado para as pessoas e focado em inclusão social, diminuição de desigualdade e, claro, sustentabilidade.

Outro ponto importante é que a cidade seja segura de diversas maneiras, tanto no que diz respeito à violência quanto para rápidas respostas às alterações climáticas – ou seja, medidas que sejam
capazes de evitar impactos sociais graves.

E não há como falar sobre cidade inteligente sem pensar em Curitiba. Para quem acha que o termo já está ficando over, a capital paranaense tem mostrado, ano após ano, o quanto se diferencia das demais cidades brasileiras e, também, do mundo.

Foto: IPPUC | Divulgação.

O prêmio internacional Comunidade Inteligente do Ano, de 2021, promovido pela organização Intelligent Community Forum (ICF), classificou Curitiba como uma das sete principais comunidades inteligentes do planeta. Segundo o ICF, a ideia da premiação é reconhecer municípios com as melhores práticas de implantação e uso de banda larga, desenvolvimento de força de trabalho, inovação e inclusão digital.

Por conta de seu planejamento urbano e conectividade, Curitiba se tornou a única representante da América Latina no ranking. Há na lista, ainda, as cidades de Binh Duong, no Vietnã, Langley Township, no Canadá, e Townsville, na Austrália.

A capital paranaense também ganhou destaque nacional no ranking Connected Smart Cities, sendo considerada a cidade mais inteligente e conectada do país.

Parece mágica, mas há um segredo – que, na verdade, não está escondido de ninguém – para a cidade conseguir esse reconhecimento tanto nacional quanto internacional: planejamento.

Segundo o presidente do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc), Luiz Fernando Jamur, a capital paranaense é tudo o que é hoje por conta de um planejamento muito bem elaborado – que foi apenas atualizado, não alterado – ao longo dos anos.

Foto: IPPUC | Divulgação.

Criado em 1966, o Plano Diretor é responsável por oferecer “melhores condições para o desenvolvimento integrado, harmônico e sustentável de Curitiba com a Região Metropolitana, sendo o instrumento básico, global e estratégico da política de desenvolvimento urbano, determinante para todos os agentes, públicos e privados”.

Por isso, segundo o presidente do Ippuc, os planos regionais, setoriais e, inclusive, a maioria dos planos de governo estão alinhados ao Plano Diretor. “Para se ter uma cidade inteligente, é preciso ter planejamento em primeiro lugar. É preciso saber a vocação dessa cidade para trazer sustentabilidade econômica para as pessoas que ali moram ou vão morar”, analisa ele.

Jamur ainda explica que Curitiba não é uma cidade inteligente apenas por conta da tecnologia em si, mas também porque esse aspecto pode ser uma ferramenta essencial para melhorar a vida das pessoas. “Ela entra para facilitar a metodologia e, claro, na questão interna dos setores de planejamento. Então, por exemplo, eu sou usuário do sistema de saúde e tenho acesso ao E-Saúde. A tecnologia está a serviço das pessoas e deve melhorar a vida delas”, reflete.

Palco para cidades inteligentes

Nesse contexto, Curitiba tem sido palco do segundo maior evento de cidades inteligentes do mundo. Fruto do trabalho de Beto Marcelino, sócio-fundador da iCities e embaixador da Fira Barcelona no Brasil, a capital paranaense é responsável por sediar a edição brasileira do evento mundial Smart City Expo World Congress.

Criado em parceria com a Fira Barcelona, o congresso local reúne especialistas de todas as áreas para compartilhar ideias e soluções sobre como criar um futuro melhor e mais sustentável para as cidades e seus cidadãos.

Foto: Smart City Expo Curitiba | Divulgação.

Mesmo com outros 40 eventos mundiais do segmento realizados fora de Barcelona, estando apenas em sua quarta edição, o evento de Curitiba se consolidou como o maior das Américas nesse gênero com 15 mil participantes, perdendo apenas para o evento original, que existe há 14 anos na Europa.

Para Beto, isso é fruto de uma cidade-modelo com uma população que sabe o que é bom. “Curitiba tem uma tradição de cidade-teste, por conta de sua população crítica. Dizem que se um produto é lançado aqui, ele pode ser lançado em qualquer outro lugar do mundo. Então, a cidade tem essa vertente forte. Além disso, temos ótimos modelos inteligentes aqui, como a quantidade de área verde por habitante, a arborização e o sistema BRT. Isso atrai pessoas que querem morar em uma cidade de qualidade”, conclui Beto.

*Matéria originalmente publicada na edição #274 da revista TOPVIEW.

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