Conexão Brasil-Mundo
Quem não gosta de experimentar receitas típicas de outros países e lembrar um pouco as maravilhas que determinada região é capaz de oferecer? A cada garfada, um novo país. Itália, França, Japão, Rússia, tudo à disposição, retratado por um prato em cima da mesa.
Essa foi a herança que muitos povos imigrantes trouxeram ao Brasil ao longo dos anos. Quem nunca comeu uma pizza e comparou mentalmente se ela é parecida com as maravilhas servidas em Nápoles? Com a vasta história de imigrantes vindos de todo o mundo para o Brasil, há como dizer: o brasileiro é um povo privilegiado. São diversas receitas já consolidadas no paladar brasileiro e que nos proporcionam essas viagens sensoriais: croissant, pizza, sushi, hot dog, cuscuz, churros, parmegiana e muitos outros.
No entanto, é comum encontrar relatos de japoneses, italianos e de pessoas de outros países que não se familiarizaram com suas receitas típicas servidas no Brasil. Isso, porém, é explicado pelo fato de que, mesmo que uma receita venha de outro país, há muitos fatores que influenciam na adaptação em terras brasileiras.
“A cultura é um conjunto de elementos na construção da identidade de um grupo. A alimentação faz parte disso. No entanto, quando você leva esse fator cultural para um grupo diferente, com outros costumes, não há como ele se manter original”, explica a professora, doutora em História e coordenadora do mestrado em Direitos Humanos e Políticas Públicas da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, Maria Cecilia Pilla.
A especialista explica que a alimentação, no corpo humano, não é movida pelo estímulo racional. Por isso, ao experimentar uma nova receita, é comum que a pessoa use o olfato para identificar se está disposta a provar aquilo ou não. “Se a pessoa sente que o cheiro é diferente e decide experimentar, é porque ela é corajosa. Afinal, é muito comum que, ao sentir esse aroma diferente, a pessoa altere a receita com ingredientes mais familiares”, relata.
Jeitinh0 brasileiro
É difícil dizer o momento exato em que essas receitas tradicionais se popularizaram no Brasil após a vinda dos imigrantes. Porém, Pilla afirma: “É impossível não fazer adaptações”. Segundo ela, além do fator cultural, muitos ingredientes das receitas originais precisam ser substituídos, porque as condições dos países não são iguais.
A pizza é um bom exemplo disso. Tradicionalmente, as massas de pizzas italianas são básicas e contém apenas farinha, água, fermento e óleo (ou azeite de oliva). Já no Brasil, já se popularizou outras misturas diferentes na massa, como a adição de leite e ovos e até misturar tudo isso no liquidificador. Sem contar os incontáveis sabores, um mais criativo que o outro, tornando-se bem distante da culinária italiana, que se mantém firme nos sabores tradicionais, como napolitana, margherita e marinara.
Outras receitas trazidas por imigrantes também não escaparam das alterações do gosto brasileiro. O cream cheese do sushi, por exemplo, nunca passou pelas cozinhas japonesas. Assim como as diversas opções de recheio em churros, que são originalmente da Espanha (ou Portugal, devido a discussão de sua origem) e são feitos apenas com uma massa frita, empanada em açúcar e canela.
Por fim, diante de tantas receitas diferentes, o que se destaca é o jeito brasileiro de consumir comida. “Não há dúvidas que nós somos um povo criativo em relação à alimentação. Sem contar que os jovens costumam fazer novas invenções, creio que pela facilidade de digestão”, brinca Pilla.
Restaurantes com comidas típicas de outros países em Curitiba
Thai – Comida tailandesa
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Paco – Culinária espanhola
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Nuu Nikkei – Fusão entre comida japonesa e peruana
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Ícaro – Culinária grega
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Nayme – Comida árabe
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*Matéria originalmente publicada na edição #253 da revista TOPVIEW