E-readers: um jeito novo de ler
Hoje, dez anos depois de a Amazon lançar o primeiro Kindle – ao contrário das previsões mais entusiasmadas –, o livro digital não substituiu o de papel, mas se tornou uma alternativa a ele. Você pode, agora, escolher entre comprar o livro físico ou o virtual, pesando questões como o pouco espaço dentro de casa, o preço e a opção por estudar em leitores digitais com a facilidade de pesquisar palavras-chave, por exemplo. Há, ainda, a rapidez na distribuição. Onde quer que você esteja, dá para comprar um e-book e recebê-lo segundos depois.
Marina Pastore, supervisora de livros digitais da Companhia das Letras, cita o caso de uma professora que entrou em contato com a editora, perguntando sobre as edições digitais da obra completa de Sigmund Freud (1856– 1939). “Ela tinha todos os volumes lançados até então, em formato impresso, mas gostava de levar o tablet para a aula com as versões digitais, para consultar e fazer buscas em qualquer um dos livros, conforme a necessidade. É por isso que, hoje, sempre que possível, procuramos lançar as versões física e digital simultaneamente. Consideramos que os dois formatos têm espaço para coexistir; a escolha fica com o leitor”, diz.
Direto de Ottawa, a canadense Tarryn Elliott afirma que e-readers e tablets tiveram um impacto grande nos seus hábitos de leitura. Ela, que é gestora de projetos, lê muito mais por causa da tecnologia. “Uso Kindle para ler livros de ficção e de não ficção, no entanto, prefiro usar um tablet para ler as notícias ew revistas. Não gosto de usar o meu telefone para ler, porque acho a tela muito pequena”, explica, em um português fluente.
No Brasil, quase dois terços das editoras ignoram o formato virtual e seguem investindo em celulose, segundo um censo encomendado pela Câmara Brasileira do Livro (CBL) e divulgado no mês passado. À parte as peculiaridades do país — com índices tristes de alfabetização analfabetismo funcional ou mesmo a falta de interesse geral, a julgar pela última edição da pesquisa Retratos da Leitura —, o que esses 63% de casas editoriais também ignoram é que a tecnologia criou um novo jeito de ler.
Mas criou mesmo? “Acho que sim”, diz Pastore. “Mais do que isso, a tecnologia permite que as pessoas experimentem leituras diferentes das que estão acostumadas com menos risco, já que, em geral, é possível ler uma amostra de qualquer e-book gratuitamente.”
Considere apenas mais dois números: ainda de acordo com os dados divulgados pela CBL, 26% da população online do Brasil lê e-books diariamente. Não se sabe ao certo como o fazem, mas é razoável supor que alguns gostam de leitores digitais, outros preferem o computador e um bocado de gente lê no celular mesmo. São cerca de 27 milhões de pessoas.
Em um país de 200 milhões, não chega a ser uma fatia impressionante, mas ainda é uma multidão (pense que a Austrália inteira tem menos de 25 milhões de habitantes). E é uma multidão lendo em telas de e-readers, computadores, tablets e celulares. Uma multidão usando um jeito novo de ler.
Escolha o seu
São três os principais leitores digitais à venda no Brasil.
KOBO
Hoje, existe apenas uma opção à venda, na Livraria Cultura: o Kobo Touch. Com tela de seis polegadas sensível ao toque, sem iluminação interna e resolução de 212 ppi, tem conexão Wi-Fi, 4 Gb de memória (com entrada para cartão de 32 Gb) e pesa 174 g. O preço é R$ 299.
Por que comprar? É o mais amigável dos leitores digitais: aceita 14 formatos diferentes de arquivos.
LEV
O leitor digital da Saraiva tem duas versões, ambas com tela de seis polegadas sensível ao toque. O Lev Neo tem iluminação interna e resolução de mais ou menos 212 ppi, 8 Gb de memória, pesa 140 g e custa R$ 479. O modelo Fit é mais leve (130 g), a tela não tem iluminação interna e a resolução é menor (167 ppi), como o preço: R$ 299.
Por que comprar? O acervo de e-books em português é maior que o da Amazon, daí o slogan: “O único e-reader que já vem com uma Saraiva”.
KINDLE
Existem quatro opções do leitor digital da Amazon. O tamanho das telas varia de seis a sete polegadas, todas sensíveis ao toque. Com exceção do modelo mais simples (167 ppi), os outros têm resolução de 300 ppi. A capacidade de armazenamento vai de 4 Gb a 8 Gb.
Kindle: pesa 161 g, custa R$ 299, não tem iluminação embutida e a conexão é Wi-Fi.
Kindle Paperwhite: tem iluminação embutida (4 LEDs) e pesa 205 g na versão com Wi-Fi (R$ 479) e 217 g na versão com Wi-Fi + 3G grátis (R$ 699).
Kindle Voyage: funciona com 6 LEDs e Wi-Fi, pesa 180 g e tem um sensor que regula a luz do aparelho de acordo com a luminosidade do ambiente (R$ 899).
Kindle Oasis: será lançado neste mês, por R$ 1.149. É o único e-reader à prova d’água com tela de sete polegadas, iluminação de 12 LEDs e peso de 194 g.
Por que comprar? A sensibilidade ao toque das telas é a que melhor funciona entre os e-readers disponíveis no Brasil. Para quem lê em inglês, tem o melhor acervo de livros do país.
*Matéria escrita por Irinêo Netto e publicada originalmente na edição 205 da revista TOPVIEW.