ESTILO

Do trigo à Padaria do Lucca: a jornada da família Freire

Pai e filho, Eduardo Freire e Eduardo José Feliz levam adiante uma herança familiar de panificação unindo tecnologia e tradição

A padaria do Lucca Cafés Especiais e Pães Artesanaisfinalista do Prêmio TOPVIEW Gastronomia 2018 na categoria Novidade do Ano – tem menos de um ano, mas carrega um grande histórico familiar. Pai e filho, Eduardo Freire (60) e Eduardo José Feliz (33) representam a quarta e a quinta geração de uma família libanesa que trabalha há mais de um século com trigo e construiu um dos primeiros moinhos de trigos de Curitiba.

Freire continuou no ramo com uma empresa de enzimas, na área de panificação de biotecnologia. Já Feliz, criado em meio a essa produção tecnológica em larga escala, optou pelo processo contrário: a padaria artesanal. “Se bobear, meu tataravô produzia pão do mesmo jeito que eu faço agora”, brinca o padeiro, que se especializou em escolas em São Francisco (Estados Unidos) e na Padoca do Maní (São Paulo).

“Se bobear, meu tataravô produzia pão do mesmo jeito que eu faço agora”, diz o padeiro Eduardo José Feliz.
“Se bobear, meu tataravô produzia pão do mesmo jeito que eu faço agora”, diz o padeiro Eduardo José Feliz.

“É um pão fora da curva”, define Freire, que, pouco antes da entrevista, terminava de receber a visita de uma produtora local de coalhada – Feliz, enquanto isso, saía da cozinha coberto de farinha. Aos fundos do café, todos podem ver o preparo do pão em fermentação natural, sua especialidade. “Volta e meia estoura uma coisa, queima outra – é uma fábrica que faz parte do show”, conta o jovem padeiro sobre expor os bastidores.

 

Trigo em família
Essa pequena revolução começou de forma discreta, mas trouxe toda a família para mais perto do forno: até mesmo o chef Celso Freire, tio de Feliz, empolgou-se a criar o novo cardápio do Lucca com base nos pães. Trata-se, segundo a dupla, de um modelo “café com pão”, de cafeterias com padarias, que está pipocando em Curitiba e no país.

Pães especiais da Padaria do Lucca. Foto: Gabriel Krambeck
Pães especiais da Padaria do Lucca. Foto: Gabriel Krambeck

Por conhecer o negócio e seus desafios, Eduardo Freire hesitou com a escolha do filho. Mas isso não o impediu de ser seu principal apoiador, o que, para Feliz, tem sido fundamental – inclusive, foi a família que experimentou seus pães enquanto ele aprendia. “Já quebrei dente do meu pai e da minha vó com casca muito dura”, ri. “Fazer pão para quem entende do assunto é complicado.”

Esse, porém, tem sido um processo de aprendizagem para ambos. Freire afirma que o que mais aprendeu com o filho foi a ter coragem de lutar pelo que gosta. “O discurso da minha geração virou prática na geração dele. Na minha, todos falavam que tinham uma visão libertária e nenhuma fronteira, [mas] era só ‘blá blá blá’. Nessa geração, eles realmente podem fazer o que gostam”, avalia. “É essa a função do ambiente familiar moderno, saber que existe muita oportunidade para ser desenvolvida.”

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