ESPECIAL IA: Nem parece artificial
Apesar de extremamente comentada em 2023, a inteligência artificial não é uma novidade – pelo menos não para os estudiosos da área. Desde 1950, a IA começou a ser desenvolvida e introduzida, aos poucos, no dia a dia das pessoas com ferramentas que se adaptaram tão bem que elas nem perceberam que aquele mecanismo se tratava de uma tecnologia.
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Considerado o pai da computação, Alan Turing (1912-1954) foi o responsável por escrever um dos conteúdos mais completos sobre IA em sua época. Publicado em 1950, o especialista escreveu o artigo Computadores e Inteligência, tornando-se a primeira pessoa a mencionar o termo.
Além disso, Turin propõe no artigo que fizessem testes para avaliar se as máquinas possuem a capacidade de imitar pensamentos humanos, o que ficou conhecido como “jogo da imitação” – inclusive, o filme The Imitation Game, de 2014, foi lançado em homenagem a Turing.
Esse estudo deu origem à Eliza, o primeiro robô de conversação, criado pelo matemático Joseph Weizenbaum em 1965. Na prática, ele criou uma máquina capaz de identificar 250 tipos de frases e enganar o interlocutor usando trechos das perguntas em suas respostas automáticas.
Muita coisa mudou de lá para cá. A computação avançou, a robótica se tornou usual e a inteligência artificial é uma realidade muito presente atualmente. Alguns exemplos da IA no dia a dia são os serviços de voz, redes sociais e reconhecimento facial – que é uma ferramenta comum nos smartphones.
Desde 1996, o mestre em Informática Aplicada, membro do Conselho de Inovação de Curitiba e coordenador da Escola de Tecnologia da Informação da Universidade Positivo, Kristian Capeline, já estudava essas ferramentas e conta que, na época, havia muitas inovações interessantes. A única diferença, porém, é que essas ferramentas não tinham uma interface como é no caso de hoje.
Na opinião dele, uma ferramenta com uma boa interface é o ChatGPT. “Hoje, ele é uma das ferramentas mais faladas, por conta da sua facilidade de
uso. É amigável e o seu uso é acessível a pessoas com mais de 60 anos, por exemplo. É um grande avanço no que a gente tem visto no mercado”, avalia Kristian.
O uso da ferramenta tem sido tão útil que os professores têm usado o ChatGPT quase como atividade obrigatória dentro da sala de aula. “O professor, quando abre a chamada, já abre o chatbot junto. Ele é quase um membro da equipe, um amigo nerd”, brinca o docente.
Para o dia a dia, o especialista dá exemplos de como é possível aplicar a ferramenta nos processos mais operacionais. “Ele consegue automatizar processos simples, como criar a grade de um curso com as disciplinas e conteúdos que precisam ser abordados, planos de aula e, futuramente, até corrigir provas”, adianta.
Sobre o futuro na área, o professor vê que ainda há muitas ferramentas a serem criadas que sejam mais acessíveis e democráticas para o público em geral, não apenas para os especialistas da área. “Esse é só o começo de uma corrida com mudanças drásticas em algumas áreas”, prevê o professor.
*Esta matéria faz parte de um especial sobre Inteligência Artificial na edição #277