CULTURA MúSICA

Royal music: músico de casamento de Príncipe Harry com Meghan Markle se apresenta em São Paulo

Dando continuidade a temporada 2023 – Sem Fronteiras, a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo – Osesp toca esta semana na Sala São Paulo regida pelo maestro britânico Sir Richard Armstrong, entre quinta-feira (30) e sábado (01). O solista convidado é talentoso violoncelista Sheku Kanneh-Mason, também britânico. Ele se tornou mundialmente conhecido em 2018, quando se apresentou no casamento do Príncipe Harry com Meghan Markle, no Castelo de Windsor.

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Programação

O programa dos concertos reúne a Blumine, de Gustav Mahler; Schelomo – Rapsódia Hebraica, de Ernest Bloch; e a Sinfonia Escocesa, de Mendelssohn-Bartholdy. Lembrando que a performance de sexta-feira (31), às 20h30, terá transmissão ao vivo no canal oficial da Osesp no YouTube.

Já no domingo (02), acontece a primeira edição da Festa Internacional do Piano – FIP Clássica desta temporada. A pianista Isata Kanneh-Mason e seu irmão Sheku são os convidados do recital de estreia, e apresentam um programa com três peças em forma de sonata: a Sonata para Violoncelo e Piano, de Frank Bridge; a Sonata para Violoncelo e Piano, de Chopin; e a Sonata em Ré Menor de Shostakovich.

Em 1884, Gustav Mahler (1860-1911) escreveu a trilha incidental para as cenas de O Trompetista de Säckingen, um poema épico de Joseph Viktor von Scheffel (1826-86). Essa música se perdeu, mas se descobriu que, no segundo movimento da versão original de sua Sinfonia nº 1, Mahler havia reaproveitado um desses quadros sonoros, em que o protagonista, o instrumentista do título, toca uma serenata para sua amada.

Posteriormente excluído da Sinfonia nº 1, esse movimento passou muito tempo esquecido e foi redescoberto apenas em 1966. O título, Blumine, faz referência a uma coletânea de artigos publicada por Johann Paul Friedrich Richter (1763-1825), escritor a quem Mahler devotava grande admiração.

As origens de Schelomo remontam ao início da Primeira Guerra Mundial, quando Ernest Bloch (1880-1959), tomado pelas angústias de tempos difíceis, dedicou-se à leitura do Koheleth, o terceiro livro de Ketuvim, que os cristãos conhecem como Eclesiastes.

O projeto inicial contemplava transpor para voz e orquestra o famoso texto “Vaidade de vaidades! Tudo é vaidade”, mas a falta de domínio do hebraico e a certeza de que um texto transliterado não iria ao encontro de suas expectativas fez com que Bloch engavetasse a ideia. No final de 1915, o compositor conheceu em Genebra o violoncelista russo Alexander Barjansky e sua esposa, a escultora Catherine. A amizade foi imediata.

“Impressionado pelo maravilhoso músico, decidi deixar a voz humana de lado, expandir os limites impostos pelo texto e empregar uma voz muito mais profunda, que falasse todas as línguas: o violoncelo”, escreveu Bloch nas notas de programa da Orquestra Augusteo, de Roma, quando a obra foi apresentada em 1933. Enquanto trabalhava na partitura, Bloch foi presenteado por Catherine com uma pequena estátua do rei Salomão e, apesar das atuais dúvidas históricas sobre a autoria do Eclesiastes, nomeou sua nova partitura de Schelomo.

Embora Felix Mendelssohn-Bartholdy (1809-1847) tenha publicado a Sinfonia Escocesa sem referências programáticas, é possível associar vários de seus elementos à história escocesa e à ambientação naquele país. A obra começa com uma introdução lenta e misteriosa, apenas com violas e sopros, possivelmente aludindo à experiência na capela onde Mary foi coroada rainha da Escócia.

A sonoridade vai lentamente se iluminando, como se fôssemos levados, num devaneio, à época da rainha. O segundo movimento sugere a sonoridade de canções folclóricas escocesas, embora não cite qualquer tema conhecido. O terceiro é um “Adagio”, frequentemente descrito como um lamento para Mary – a rainha ou, talvez, a santa.

O último movimento tem caráter marcial e cresce para o triunfo marcado pelos metais com toda a orquestra. A Sinfonia termina com uma coda baseada em uma melodia que Mendelssohn utilizara em uma Ave Maria anterior – novamente associando a virgem à soberana e nos trazendo de volta à capela do início, agora à época de seu esplendor.

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