Aos 18 anos, a curitibana Tifanny Dopke já é uma estrela do cinema
Ferrugem, novo filme do cineasta Aly Muritiba (Para Minha Amada Morta, 2015), teve estreia mundial na mostra competitiva World Cinema, do Festival de Sundance 2018. No centro da trama – que tem como produtores associados Fernando Meirelles e Guel Arraes – está uma adolescente cheia de vida, que gosta de compartilhar seus melhores momentos nas redes sociais, mas que tem o cotidiano virado do avesso quando algo que ela não queria compartilhar cai no grupo de WhatsApp do colégio. Quem dá vida a Tati é Tifanny Dopke, uma curitibana de 18 anos que, até então, achava que o sonho de ser atriz não passaria de um hobby.
A atuação da jovem foi tão bem recebida pela crítica que o filme foi selecionado para a mostra competitiva do 46º Festival de Cinema de Gramado e exibido em diversos festivais ao redor do mundo, como o 20th Taipei Film Festival (Taiwan), o 20th SEOUL International Women’s Film Festival (Coreia do Sul) e o 48th Edition of the Giffoni Film Festival (Itália). Ferrugem estreia no circuito comercial brasileiro no dia 30 de agosto e, surpreendentemente, é o primeiro trabalho de Tifanny no cinema. Conversamos com ela, que mora com a mãe, em Curitiba, para entender o caminho que a levou até as telas de cinemas no mundo todo.
TOPVIEW: Como chegou ao filme Ferrugem?
Tifanny Dopke: Eu fazia teatro na Oficina de Teatro do Bom Jesus, e a Raquel [produtora de elenco do Ferrugem] ficou sabendo do nosso grupo de [jovens de] 14 a 18 anos. Ela assistiu ao nosso ensaio, nos apresentou a proposta do filme e me chamou para fazer o teste junto a outras meninas. Então, fui chamada para um segundo teste, depois para um terceiro e, quando vi, já estava no elenco!
“A mulher sempre sofre mais do que o homem quando se trata de um vazamento de vídeos ou de fotos íntimas.”
TV: Como começou o trabalho com cinema?
TD: Ferrugem foi a minha primeira experiência com cinema. Já havia me apresentado em testes para propagandas anteriormente, por isso, não era tão tímida com a câmera. Mas tudo foi novidade para mim.
TV: Conseguiu fazer alguns cursos de teatro já?
TD: Fiz alguns cursos diferentes. Comecei com a oficina do Bom Jesus, depois fiz um curso na Lee Strasberg, em Los Angeles. E, atualmente, estou no Projeto Broadway, em Curitiba.
TV: E como recebeu a notícia de que viveria a Tati?
TD: Veio depois de muitos testes (risos). O Aly pediu para ter uma reunião com a minha mãe e perguntou se eu podia ser a protagonista do filme dele! Ela ficou emocionadíssima.
TV: O que você seria, senão atriz?
TD: Amo animais e meu plano era fazer teatro e me formar em Biologia. Mas com o tempo e as oportunidades, minhas escolhas foram mudando.
TV: Ainda pretende fazer faculdade?
TD: Pretendo sim, de Teatro, para adquirir mais conhecimento na minha área.
TV: Então, pretende seguir carreira como atriz?
TD: Sim. Ferrugem é só o começo! Ainda não tenho nenhum outro trabalho marcado, mas, enquanto puder, pretendo atuar!
TV: Como mulher, foi difícil trabalhar com o tema abordado no filme, exposição da privacidade e misoginia?
TD: A mulher sempre sofre mais do que o homem quando se trata de um vazamento de vídeos ou de fotos íntimas. Só percebemos essa misoginia quando sentimos na própria pele, ou na de alguém próximo.
TV: Como foi trabalhar com o Aly Muritiba?
TD: Ele é uma pessoa incrível e que me ajudou muito durante todo o processo. Eu costumava chamá-lo de “pai de set”, porque sempre que tinha que enfrentar algum obstáculo, ele estava lá para me orientar!
“Acho que, de todos, o maior desafio foi desvincular as emoções da personagem das minhas quando acabaram as gravações. A gente sempre tem um pouquinho da personagem e vice-versa.”
TV: Qual tipo de preparação essa personagem te exigiu?
TD: Nós tivemos uma preparação de um mês com o melhor coach, René Guerra. A oficina nos ajudava com exercícios físicos, para acostumar com as horas de gravações de madrugada, e emocionais, para saber lidar com os desafios emocionais do filme. Todos os adolescentes que fariam personagens da sala de aula participaram das oficinas para se conhecerem, se conectarem e se ajudarem, caso tivéssemos alguma dificuldade no set. Viramos amigos para a vida agora!
TV: Quais foram os maiores desafios desse trabalho?
TD: Acho que, de todos, o maior desafio foi desvincular as emoções da personagem das minhas quando acabaram as gravações. A gente sempre tem um pouquinho da personagem e vice-versa. A Tati tinha emoções e energias muito pesadas. Por isso mesmo trabalhamos do lado de um profissional para poder nos guiar por essa etapa.
TV: Quais as semelhanças entre você e sua personagem, a Tati ?
TD: A Tati tem muito de mim, principalmente por termos a mesma idade, mas o que mais me conectou com a personagem foi a sensibilidade.
TV: Existe alguma diferença entre a Tiffanny de antes e depois do filme?
TD: Eu aprendi muito gravando o filme. A temática nos faz repensar sobre as consequências das nossas atitudes. Por isso, eu amadureci muito. Como atriz, me assistir em uma tela de cinema pela primeira vez me ajudou muito a confiar no meu trabalho e ser menos insegura.
TV: Quais são seus hobbies, suas paixões?
TD: Eu A-M-O viajar, conhecer novas culturas e costumes. Esse é meu maior hobby. Também gosto de desenhar no tempo livre e adoro cantar!
TV: O que mais gosta em Curitiba?
TD: Mesmo viajando para vários lugares do mundo, Curitiba continua sendo minha casa e onde eu quero morar enquanto eu puder! Os parques são incríveis, é uma cidade cheia de cultura, com peças ótimas e artistas por todo o lado! Tenho muito orgulho de dizer que moro aqui.
TV: Qual é a maior mensagem que a história passa?
TD: Uma das frases que achei que mais define essa história é: “Consequências também serão compartilhadas”. Nos faz refletir sobre os nossos comentários e conteúdos compartilhados na internet e lembrar que também existem punições para os crimes virtuais.
TV: Por que você acha importante que as pessoas vejam o filme?
TD: Ele é muito importante para os adolescentes e os pais na atualidade. Fala sobre essa conexão intensa com o celular que a nova geração tem e os pais não tiveram na infância, portanto, estão aprendendo juntos os limites do uso.