ESTILO CULTURA

A cidade que pulsa arte: conheça lugares que exaltam a cultura em Curitiba

Curitiba e sua história de criatividade e autenticidade com a conexão da cultura underground e arte contemporânea

*Por Ananda Oliveira e Brenda Iung

A cidade conhecida por suas paisagens deslumbrantes e atmosfera cultural única guarda também uma história rica e vibrante de expressão artística. Além dos teatros renomados e museus icônicos, existe um mundo paralelo em Curitiba, que destaca um espaço em que a criatividade celebra a expressão autêntica: o universo da cultura underground.

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Arte de vagabundo | Cara a cara, de André Mendes, na Wander Art, em Londres (Foto: Eduardo Macarios)

Com o surgimento dessa cultura por volta das décadas de 1960 e 1970, a cidade tornou-se palco para a expressão artística e o compartilhamento de ideias revolucionárias. No entanto, foi nos anos 1980 e 1990 que a cultura underground de Curitiba floresceu verdadeiramente. O Teatro Experimental de Curitiba, com sua programação ousada e provocativa, desafiava os limites do convencional, enquanto artistas locais abraçavam a música punk e o rock alternativo como formas de expressão. Espaços como a Casa Hoffmann se tornaram refúgios para artistas emergentes, oferecendo uma plataforma para exposições de arte contemporânea e eventos culturais alternativos.

A arte urbana também desempenhou um papel fundamental nesse cenário efervescente. Grafiteiros e artistas de rua transformam os muros da cidade em galerias a céu aberto, desafiando a noção tradicional de arte e democratizando o acesso à expressão criativa.

Hoje, a cultura underground voltada para a arte em Curitiba continua evoluindo e se reinventando. Novos espaços culturais e iniciativas independentes surgem, mantendo viva a chama da experimentação e da inovação. Festivais de música, teatro e cinema independentes proporcionam plataformas importantes para artistas fora do circuito mainstream, enquanto a cena de arte urbana continua a colorir os bairros da cidade com sua energia e vitalidade.

Obra sem título, da série Além da Superfície, de Cleverson Oliveira (Foto: divulgação)

Para a historiadora e professora da PUCPR, Daniele Saucedo, a arte underground tem espaço, mas é necessário ter mais iniciativas para ajudar na desconstrução. “É preciso democratizar e dar acesso à arte e, mais do que isso, promover a ida a esses espaços quando tem festivais de arte, teatro e música. É necessário despertar a curiosidade”.

A cultura underground é uma fonte de inspiração vital para a arte contemporânea. Os artistas frequentemente incorporam elementos do underground em seus trabalhos, criando diálogos poderosos entre arte e sociedade.

Quando a paulista Zilda Fraletti abriu, em 1984, a primeira galeria de arte contemporânea de Curitiba, esse estilo de arte não tinha muito espaço na cidade e ela tinha dificuldade para conseguir vender as obras. Mas, aos poucos, as coisas começaram a mudar: “a gente percebe que mudou, as pessoas estão mais expostas à arte contemporânea, têm mais informações e isso torna o mercado um pouco melhor”, conta.

Costura sobre shantung de seda artesanal feltrado a seco, de Verônica Filipak (Foto: divulação)

Muitos artistas da Galeria Zilda Fraletti ganharam visibilidade e tem se destacado no mercado. André Mendes, Juliane Fuganti, Marcelo Conrado, Cleverson Oliveira e Verônica Filipak foram alguns nomes citados pela galerista.

Para Zilda, o Museu Oscar Niemeyer (MON) foi fundamental para mudar o cenário. As pessoas que apreciam a arte passaram a frequentar o local. A sociedade, as escolas, as famílias e as crianças também, gerando uma cadeia cultural. Além disso, o dia com a entrada gratuita ao museu – as quartas –, leva arte às pessoas que poderiam nunca ter tido a oportunidade de conhecer: “o MON mudou tudo, tem mudado e vai mudar, o futuro da arte é promissor”.

A importância do MON para a arte 

Há mais de 30 anos, o MON desempenha um papel crucial na preservação e promoção da arte popular não apenas em Curitiba, mas também globalmente. Como um espaço dedicado à diversidade cultural e criativa, o museu celebra as expressões artísticas populares, proporcionando um ambiente em que as tradições locais podem ser apreciadas e compartilhadas com o mundo. Ao destacar a arte popular em suas exposições e programas educacionais, o MON não apenas valoriza as raízes culturais da região, como, também, inspira artistas e visitantes a explorarem novas perspectivas e conexões entre as tradições locais e a arte contemporânea.

André é conhecido por seu trabalho com formas fluídas (Foto: Eduardo Macarios)

Marcos importantes da arte em Curitiba

1693 – Fundação de Curitiba.

(Foto: divulgação)

1870 – Chegada dos imigrantes europeus, principalmente italianos e alemães, que trouxeram consigo influências culturais significativas.

1895 – Inauguração do Teatro Guaíra, um dos mais importantes espaços culturais da cidade.

1915 – Fundação da Escola de Música e Belas Artes do Paraná (atualmente conhecida como Universidade Federal do Paraná – UFPR), contribuindo para o desenvolvimento da cena artística local.

1952 – Inauguração do Museu Paranaense, destacando a importância da preservação da história e da cultura do estado.

Anos 70 – Surgimento de movimentos artísticos contemporâneos em Curitiba, como o Grupo de Visibilidade, que teve um papel importante na arte experimental na cidade.

1990 – Abertura do Museu Oscar Niemeyer (MON), um dos maiores museus de arte da América Latina, apresentando uma vasta coleção de arte nacional e internacional.

2003 – Início da Bienal Internacional de Curitiba, um evento bienal que reúne artistas de todo o mundo para exposições, performances e eventos culturais.

2011 – Inauguração do Museu de Arte Contemporânea do Paraná (MAC-PR), dedicado à arte contemporânea brasileira e internacional.

2019 – Realização da primeira edição da Bienal de Curitiba de Street Art, destacando a crescente influência da arte urbana na cena cultural da cidade.

(Foto: divulgação)

Conheça algumas galerias da cidade

Soma Galeria 
Rua Marechal José Bernardino Bormann, 730 – Batel
@somagaleria

Galeria de Arte Solar do Rosário
Rua Lourenço Pinto, 500 – Centro
@solar.dorosario

Simões de Assis
Al. Dr. Carlos de Carvalho, 2.173 A – Batel
@simoesdeassis_

Galeria de Arte Zilda Fraletti
Av. do Batel, 1.750 – lojas 7, 8, 10 e 12 – Batel
@galeriazildafraletti

MON
Rua Mal. Hermes, 999 – Centro Cívico
@museuoscarniemeyer

*Matéria originalmente publicada na edição #288 da TOPVIEW.

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