Tecnologia no mercado do agronegócio
Em fevereiro de 2021, a Agrotis completou 30 anos de história. Uma empresa que tem despontado no setor do agronegócio por sua visão estratégica, aliada às principais ferramentas do mercado de gestão global. Nasceu do sonho de três empreendedores, que queriam transformar este setor no Paraná, através da tecnologia e desenvolvendo cada vez mais conhecimento local. Cassio Alberto Lang, Marcelo Choinski e Manfred Schmid, ousaram em 1991 e, hoje, colhem os frutos do setor que mais cresce no estado, e um dos que mais emprega em nosso país.
Nesta entrevista, Manfred Schmid, diretor-presidente da Agrotis, fala um pouco sobre sua carreira e de como a empresa vem se destacando no segmento e principalmente, como a tecnologia alavanca os negócios.
Qual sua formação acadêmica?
Sou engenheiro agrônomo, formado pela UFPR em 1991, com MBA em Gestão e Finanças pelo IBMEC.
Como surgiu a ideia de focar no mercado do agronegócio?
Surgiu ainda na época da faculdade, na década de 1980, de um grupo de estudantes de agronomia que gostavam de tecnologia e da então incipiente informática.
Qual foi a sua trajetória profissional até a Agrotis?
Durante a faculdade sempre procurei trabalhar, pesquisar e ter alguma renda. Fiz alguns estágios remunerados e fui pesquisador bolsista do CNPq. Como a ideia da Agrotis veio ainda durante o curso, nem cheguei a trabalhar em outra empresa, pois iniciamos o projeto antes mesmo de formados. Quando me formei, já oficializamos o “CGC” da empresa, onde trabalho desde então.
Diante da pandemia que vivemos ao longo do último ano, sabendo que o agro é um setor essencial e um grande gerador de riqueza para nosso país, na sua opinião, como a tecnologia apoiou diante das adversidades?
Um dos setores que não pode parar é o Agronegócio. Não dá nem para imaginar isso. A tecnologia vem fazendo com que as decisões técnicas, que antes eram tomadas exclusivamente no campo, possam ser decididas em um escritório, atrás de telas de computadores. Hoje é comum ver departamentos agronômicos com diversos monitores nas mesas. A informação flui de celulares ou sensores nas máquinas no campo, via cloud para poderosos softwares especialistas, que auxiliam os agrônomos a tomar as melhores decisões. Naturalmente as empresas agrícolas que investiram nestas tecnologias sofreram menos com a pandemia, e a pandemia, por sua vez, acelerou a informatização do campo.
Na sua visão, quais serão as tendências tecnológicas para o mercado de desenvolvimento de Software com foco no setor do Agronegócio para os próximos anos?
A informação, que antes era digitada, tende a ser coletada eletronicamente por sensores diversos e câmeras de imagens (multiespectrais), inclusive aéreas (drones e satélites). Esta informação será tratada e analisada em grandes bancos (BigDatas), extraindo correlações e indicando tendências sobre as probabilidades, e sugerindo ações (inteligência artificial). A nuvem da internet deverá cobrir boa parte da área agricultável (o que ainda não ocorre hoje), facilitando a comunicação, e tornando os smartphones na principal ferramenta de uso no campo, para localizar, comunicar, sugerir ou receber decisões. As facilidades de integração e comunicação na cloud vão favorecer o surgimento de soluções compartilhadas de diversos fornecedores de software e tecnologia.
Entrando no tema de segurança, que tanto foi debatido durante o ano de 2020, quais os impactos das regulamentações de privacidade de dados para o Agro?
Basicamente as mesmas para os demais setores. O produtor rural, as agroindústrias, as cooperativas, as revendas de insumos e nós, fornecedores a este mercado, todos estamos nos adaptando às novas regulamentações. Sabemos da importância na privacidade da informação e na segurança das mesmas.
Atualmente Cibersegurança faz parte da discussão do negócio da Agrotis e de sua estratégia?
Obrigatoriamente deve fazer. Hoje praticamente todas nossos sistemas são oferecidos na nuvem, e com o aumento dos crimes cibernéticos, nosso cuidado deve ser redobrado. Até pouco tempo atrás as soluções “on-premise” dominavam o mercado, mas o cliente do software tinha que arcar com todo o custo de servidores e segurança. Isso tornou-se de tal modo complexo, custoso e dependente de mão-de-obra altamente especializada e escassa. Por isso, migramos nossos sistemas para soluções Cloud, mantidas em data-centers de empresas parceiras, seguros e contingenciados. Se por um lado aumentou nossa complexidade e custo, estamos levando segurança e facilidade a nosso cliente, resultando em melhores contratos para ambos.
Como vocês priorizam as ações e melhores caminhos para mitigar os gaps de segurança, não só em sua infraestrutura, mas também nos serviços e soluções que entregam aos seus Clientes?
Uma das grandes vantagens das soluções cloud, é a facilidade de integrar soluções de diferentes fornecedores. Hoje tem-se uma série de ferramentas, APIs, webservices, serviços abertos e plataformas especialistas. Todos trabalhando lado a lado neste mesmo local, a web, com menos competição e mais colaboração. Não é mais terceirização, mas sim parceria. Afinal, não podemos ser bons em tudo: sabemos que nossa vantagem competitiva está no desenvolvimento de software especialista para o Agro. Então procuramos bons parceiros para infraestrutura, para serviços e softwares complementares e integráveis ao nosso. Para você ter uma ideia, nos últimos meses mais de um terço de nossa capacidade de desenvolvimento tem sido utilizada na integração com softwares e serviços de outras empresas. Com isso, juntos formamos melhores soluções aos nossos clientes, sua fidelização e nosso contínuo crescimento, como foi nestes últimos 30 anos.
*Coluna originalmente publicada na edição #248 da revista TOPVIEW.