Coluna Paola Gulin, abril de 2018
Viajar é se transformar
Ainda consigo sentir o cheiro dos incensos nos templos hindus, ouvir as buzinas no trânsito caótico da Velha Délhi, sentir os temperos do inconfundível butter chicken, me recordar do presente que é admirar o Taj Mahal contrastando com os saris coloridos das indianas. Depois de morar na Índia por seis meses, eu percebi que entre tantas sensações, choques culturais, caos, questionamentos e contrastes, essa viagem me fez um convite: desenvolver minha paz interior. Eu costumo dizer que a jornada para destinos exóticos começa antes de embarcar e termina muito depois de voltar para casa, pelos aprendizados que vamos absorvendo mesmo depois do retorno.
Claro que é tentadora a ideia de aproveitar as férias naquele hotel de praia bacana, de logística fácil, com restaurantes conhecidos, em que a única preocupação é se já passou do meio-dia para abrir o bar. Mas a sua viagem pode se tornar muito mais enriquecedora se ela proporcionar justamente o contrário: te tirar da zona de conforto. Estudos recentes publicados na Harvard Business Review mostram que viagens a destinos exóticos, que expõem o viajante a incertezas e estimulam a exploração, geram mais desenvoltura emocional, empatia e criatividade. Viajar é uma oportunidade para se transformar.
Para quem tem um pouco de receio, trago boas notícias: o exótico não necessariamente está do outro lado do mundo e não há necessidade de abrir mão de bons hotéis e serviços. Na realidade, o segredo para o sucesso de uma viagem exótica está no próprio viajante, em descobrir seus interesses e suas necessidades, e estar de cabeça, coração e olhares bem abertos para novas experiências e formas de pensar.
Do Rio Negro ao Butão
A paixão por destinos fora do comum veio de sangue, de uma família sempre em busca de novas aventuras. Assim como o caos da Índia me trouxe a paz interior, ficar desconectada em um barco no Rio Negro me fez ver um Brasil que eu não imaginava, fazer um trekking nas montanhas peruanas me ensinou que o caminho é mais importante que o destino final, conversar com monjas em um mosteiro no Butão me mostrou um estilo de vida que eu não conhecia e admirar o céu do Atacama me deixou mais perto das estrelas. Mesmo depois de ter voltado, todos esses momentos caminham comigo.
Ao compartilhar por aqui as novidades do mundo do turismo, junto à NomadRoots, espero transportá-los aos mais enriquecedores e incríveis destinos, culturas, hotéis e experiências pelo mundo. Malas prontas?
Paola Gulin (@pagulin) é viajante de carteirinha, apaixonada pelo mundo e sua diversidade. É sócia e consultora da NomadRoots – Viagem e Conhecimento e fundadora do Clube de Leitura Volta ao Mundo Literária, que viaja pelo mundo por meio da literatura.
*Matéria publicada originalmente na edição 210 da revista TOPVIEW.