Casa reflete detalhes da personalidade dos moradores

por Angela Antunes  fotos Rodrigo Ramirez

O projeto preservou as estruturas da casa e adequou o que precisava ser substituído. Na sala, o piso em madeira maciça original se manteve e conversa com o painel em madeira tauari, de cor clara e ecologicamente correta.

Nas paredes, obras de Felipe Michelena – a família, amante de arte, fez a curadoria das peças ao lado do arquiteto. A mescla de informações orientais garantiram a identidade e o calor ao espaço.

Localizada em um condomínio no bairro Campo Comprido, a casa reflete em cada detalhe a personalidade de quem vive lá. Pensado para um casal e suas duas filhas, o projeto desenvolvido pelo arquiteto Jorge Elmor cresceu ao longo do tempo.

Em um período de sete anos, quatro reformas foram feitas, de acordo com as novas necessidades dos moradores. Como em um casamento perfeito, Elmor capturou a essência da família e, ao mesmo tempo, conseguiu imprimir sua identidade nos detalhes, objetos de decoração e obras de arte. “Sempre acreditei que a casa reflete a alma das pessoas. Uma casa mutável, com móveis soltos, deixa a alma mais livre e leve para aceitar a não permanência e os ciclos da vida”, define a proprietária.

Inicialmente pensada para ser uma residência temporária, o casal ajustou, aos poucos, os pequenos incômodos que tinham no projeto – como regular os tamanhos de alguns cômodos, por exemplo. Por fim, o local se tornou seu habitat natural e eles não pensam mais em deixá-lo. “Um ponto que muito me agrada no projeto de Jorge Elmor é a flexibilidade que este nos dá de continuar melhorando e, por que não, seguir reformando”, conclui a dona.

Caseira, a família buscava um ambiente acolhedor, feito para ser compartilhado. Por isso, o projeto abraça os visitantes, a fim de garantir bons momentos aos moradores e seus amigos. Para aumentar as áreas da sala e da cozinha, Elmor criou dois anexos.

A ampliação foi feita com cubos de steel frame e segue linhas retas, que contrastam com o projeto tradicional e mais curvilíneo da casa. “Propositalmente são de estilos diferentes, a fim de passar as diversas etapas e a evolução constante do projeto”, conta o arquiteto.

Os detalhes em madeira conversam com o mármore travertino, em um contraste entre o moderno e contemporâneo. O projeto mantém cores clássicas e claras, a fim de deixar os objetos de decoração e referências familiares falarem mais alto. E são esses detalhes que dão vida ao lugar.

1. O pendente Modo, de Jason Miller, impacta neste espaço acolhedor e dialoga com as cadeiras Lucio Costa, de Sergio Rodrigues. A divisão de ambientes fica por conta dos muxarabis, recurso criado pelos árabes que garante privacidade sem perder a ventilação. O uso de madeiras tauari e cumaru, clara e escura, trouxe a identidade brasileira ao ambiente.

2. A poltrona Basile, da Artefacto, é o ponto forte deste ambiente e trouxe o clima rústico e acolhedor. O piso, Limestone Baccarat, em tom claro e polido, trouxe leveza. Todo o projeto ganhou piso aquecido a fim de garantir um ambiente com temperatura agradável.

3. A residência, inicialmente, não possuía um ático. O espaço tornou-se um ambiente de 80 m² criado especialmente para as crianças. Com acesso exclusivo, as filhas podem ter aulas de balé e um ambiente para brincar e estudar, sem interferir no andamento normal da casa. Nas paredes, recortes lúdicos garantem a entrada da luz, aparentes apenas para o lado de dentro, sem interferir no visual externo.

4. Nos anexos, a vegetação já existente permaneceu graças ao telhado verde. A opção sustentável ainda garante a redução da amplitude térmica. As portas em vidro imprimem também o isolamento térmico e deixam mais evidentes a entrada da luz para um ambiente claro e arejado.