ESTILO

Bettina Sanson: mais de duas décadas de dermatologia

Médica avalia sua trajetória nesses 24 anos de carreira

A o longo do tempo, como a dermatologia mudou?
A dermatologia era focada em doenças, a parte estética era ínfima e nenhum procedimento cirúrgico era permitido à especialidade. Há duas décadas, a cosmiatria estava reservada a mulheres com mais recursos materiais e exigia dias de hospitalização e reclusão. Existia preconceito, como a associação de procedimentos estéticos à futilidade. Hoje o rejuvenescimento e a boa aparência fazem parte do mundo da ciência e são cada vez mais acessíveis e exigidos pela sociedade. Ter mais saúde e beleza é uma questão de informação e programação.

E o tratamento de doenças teve o mesmo progresso que os tratamentos estéticos?
Na dermatologia, as conquistas da cosmiatria são acompanhadas bem de perto pelas vitórias sobre as mais resistentes doenças, como a cura da acne severa, a retirada de manchas e cicatrizes estigmatizantes, a eliminação de sudorese excessiva, o tratamento não cirúrgico de tumores de pele, o tratamento da calvície, entre outros. O controle de doenças como psoríase, vitiligo, ictiose, que antes eram confundidas com a hanseníase (lepra). Essa doença, que isolou milhares de pessoas do convívio pessoal, hoje também tem cura.

O preconceito ainda existe com portadores de doenças de pele?
Sim, embora as pessoas estejam mais informadas sobre todas elas. Hoje nos preocupamos com inclusão social de várias condições, condenamos o preconceito, mas exigimos a beleza como forma de higiene. O mercado de trabalho exige pessoas com boa aparência. Estar bem é uma necessidade.

E como equilibrar isso?
Minha missão profissional é manter o equilíbrio entre a beleza e a saúde física sem descuidar do emocional. Cada ser humano é singular, único e insubstituível. Como dermatologista, sei o que é a pele, como protegê-la, como evitar seu envelhecimento e desgaste, que tratamentos, técnicas e produtos são mais apropriados para promover o rejuvenescimento. O tempo se inscreve na pele. E é na pele do rosto que os anos costumam deixar marcas, seja de alegrias, tristezas, bons ou maus hábitos, cuidados ou falta de cuidados. Isso explica por que dizem que na face de uma pessoa está o retrato de sua própria vida. 

 

*Matéria publicada originalmente na edição 214 da revista TOPVIEW

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