ESTILO

Artistas de diversos países gravam clipe durante crise do Covid-19

Com gravações feitas da casa de cada artista, clipe de “Na Noite” é lançado oficialmente no mundo todo

No início de julho foi lançado em todo o mundo o clipe da música ‘In der Nacht’ (‘Na Noite’), que reúne artistas de países diferentes, como a soprano Carla Cottini que representa o Brasil. Com gravações realizadas cada um em ponto do mundo, os artistas se uniram no objetivo em comum de levar uma mensagem humana que transcende o tempo e o espaço neste específico momento em que a crise gerada pelo coronavírus fez com que as cidades parassem. 

“Foram horas de videoconferência, testes de luz, som e imagem com telefones celulares, móveis, luminárias e grupos de WhatsApp. As condições nos empurram para além de nossos limites como intérpretes e fiz uma intensa exploração de recursos videográficos muito experimentais para contornar as limitações. De repente, percebemos que tínhamos algo muito poderoso em nossas mãos. Que encontramos criatividade em limitações e força”, revela Carla Cottini, soprano brasileira que gravou sua participação vocal na casa de sua família, em São Paulo, e a parte visual direto de sua casa em Berlim.

A produção foi toda feita durante a crise do Covid-19 de forma isolada e com recursos limitados. Os artistas não tiveram uma equipe de profissionais, que normalmente estão presentes em produções como esta. “Percebemos o quanto somos independentes e quão difícil é cumprir todos as funções necessárias para uma produção: maquiagem, cabelo, luzes, técnico de imagem, gravador de som, câmeras, etc.. mas ao mesmo tempo aprendemos que temos mais capacidade do que pensamos inicialmente. Embora pareça que estamos sozinhos, não estamos. Nós temos um ao outro e podemos aprender uns dos outros”, conta Carla.

A letra de ‘In der Nacht’ (Na Noite) nasceu na Espanha em 1511, viajou para a Alemanha, onde Schumann, em 1849, transformou a poesia em música. Em 2020, Tim Ribchester gravou a parte do piano em Berlim. Sua interpretação viajou ao Brasil e ao México onde Carla Cottini e Ana Schwedhelm, respectivamente, colocaram suas vozes e mandaram o material de volta para a Espanha, onde Pere Vicalet uniu a interpretação dos três artistas em um único o som que, ainda na Espanha, foi transformado em poesia virtual por Marc Molinos e Alberto Gobbi (Piedra Muda Lab).

A letra e o clipe trazem mensagens muito contemporâneas e que retratam o momento em que estamos vivendo. “Em momentos difíceis, o coração saudoso nos lembra que o amor existe e por isso está saudoso. Durante a solidão, a música nos acaricia, lembrando-nos de que a solidão é uma ilusão. No escuro da noite, a lua reflete a luz do sol e nos lembra de que luz existe, ainda que não possamos vê-la diretamente. A lua é nosso grande professor que, paciente, contemplativa e reflexiva (por não possuir brilho próprio) nos ensina que do outro lado da noite, está o dia”, reflete Carla.

A música de Schumann reforça que a noite que mantém a promessa do dia e, por trás da escuridão, existe uma chama que nunca se apaga. A letra também explora frequentemente a dualidade inata do ser humano que carrega sempre dentro de si a esperança e a desolação, a solidão e a união, a fragilidade e a força, a dor e o aconchego, a pequenez e a imensidão, enfim: a vida e a morte.

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