Arte sem Frescura
O universo das artes pressupõe uma infinidade de possibilidades e ideias, permitindo ao ser humano se descobrir e entender a si e aos outros. Conversei com a publicitária de formação e artista plástica Malu Rogers sobre seu trabalho neste período de pandemia e a respeito da sua visão sobre o tema. Confira:
Como você descobriu a pintura?
Desde pequena, sempre gostei de desenhar e pintar. Mas meu maior contato com a pintura foi quando passei um período em Nova York para dar apoio à minha filha, que havia ingressado em uma universidade lá. Nas horas em que ela estava na faculdade, eu ia para os museus. Percebi que aquilo era minha paixão quando comecei a trocar lojas e restaurantes por horas dentro dos museus e galerias. Nesse período, também estudei na Art Students League of New York. Durante o curso, recebi um convite para expor meus trabalhos. Depois disso, as oportunidades começaram a aparecer dentro e fora do Brasil.
O colorido está muito presente em suas telas. Isso nos remete a uma pessoa alegre. Você é essa pessoa?
A vida é um desafio, não é fácil para ninguém. Temos que lidar com perdas, inseguranças e medos. Nos relacionarmos com as pessoas também não é uma tarefa fácil. Contudo, mesmo nas horas ruins, nós sempre temos o poder de escolher como vamos encarar a situação. Em minhas pinturas, quando posso escolher entre o cinza ou o colorido, opto pelo último. Tento fazer o mesmo na vida: sempre que posso, escolho fugir da tristeza.
Como foi seu processo criativo durante a pandemia?
A pandemia foi e está sendo um aprendizado para todos nós. Inicialmente, tive uma grande sensação de impotência, principalmente por estar longe das pessoas que amo. Mas a parte boa foi que tive muito tempo para pensar e comecei a ler e aprender sobre a vida de outros artistas. Percebi que vários passaram por situações críticas e, nos momentos de desespero, abraçaram a arte. Então, resolvi sacudir a poeira e fazer do limão uma limonada. Foi o meu período de maior produtividade. Além de pintar, iniciei dois novos projetos: o Arte Sem Frescura e o Pintando o Futuro.
Na sua opinião, qual é o maior desafio que o mundo artístico enfrenta atualmente?
O grande desafio é fazer com que todas as pessoas, independentemente da classe social, tenham acesso à arte, não só como espectadores, mas, também, como agentes atuantes no processo de criação. Simplificar e desmistificar a arte: estes são os grandes desafios, no meu ponto de vista.
*Coluna originalmente publicada na edição #245 da revista TOPVIEW.