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Verticalização impulsiona crescimento de antigos “bairros de passagem” de Curitiba

Entre as regiões com maior volume de novos alvarás para a construção de edifícios, Novo Mundo repete padrão de desenvolvimento e urbanização de outros bairros da região Sul da capital, como o Portão

O crescimento vertical de Curitiba, com a construção de edifícios multirresidenciais em antigos “bairros de passagem” da capital, está transformando a região Sul da cidade em termos de concentração de população e, também, de investimentos em obras de infraestrutura urbana e novos comércios e serviços.

O bairro Novo Mundo é um exemplo: está no topo da lista de geração de novas unidades de moradia em Curitiba. De acordo com dados oficiais da Secretaria Municipal de Urbanismo, até maio de 2023 foram emitidos 77 alvarás para construção de habitação coletiva na capital, uma média de uma emissão de alvará a cada dois dias. Em 2022, foram 256, que representam quase 13 mil novas unidades residenciais. Destas, 1278 são de empreendimentos erguidos no Novo Mundo.

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O levantamento mostra que o Novo Mundo foi o segundo bairro de Curitiba que mais obteve liberações de alvarás de construção para habitação coletiva no ano passado. Foram 13, ficando atrás apenas do Água Verde. Neste quesito, contabilizando os números de 2021 e 2022, o bairro se mantém entre os cinco mais procurados pelo setor construtivo, totalizando 23 alvarás. É superado pelo Água Verde (54), Bigorrilho (32), Portão (31) e Centro (27), regiões que registram processo de verticalização há décadas.

A preferência de construtoras e incorporadoras pelo Novo Mundo é algo recente. Historicamente, o bairro era considerado “de passagem”. Formado predominantemente por residências, pequenos comércios e algumas indústrias (instaladas em grandes terrenos próximos à BR-116, atual Linha Verde), o bairro era visto apenas como parte do corredor que liga as zonas Central e Sul de Curitiba (Pinheirinho). Mas, a necessidade de avançar na verticalização da cidade fez com que o Novo Mundo se transformasse aos olhos da construção civil, a exemplo do que ocorreu com os bairros próximos como Água Verde e Portão, que têm áreas cada vez mais escassas para novos empreendimentos multirresidenciais.

Com atuação focada na região Sul de Curitiba desde a fundação, a incorporadora AGL está construindo o quarto empreendimento da marca no Novo Mundo. Em 2014, entregou o San Siro, e, em 2017, concluiu a construção do Red Hill. O investimento no bairro avançou nos anos seguintes e, em 2020, a AGL inaugurou o New Town, condomínio residencial voltado para a classe média com vários itens de eficiência e sustentabilidade antes restritos aos empreendimentos de luxo ou alto padrão. “O projeto foi bem inovador para a região, com infraestrutura para portaria virtual, placas de aquecimento solar, fachadas litocerâmicas para conforto térmico, mantas acústicas entre os andares e esquadrias com vedação, para conforto acústico, além de sistema inteligente de aproveitamento da água. Foi um sucesso de vendas, com quase todas as unidades comercializadas antes da entrega”, lembra o engenheiro e sócio da AGL, Luiz Antoniutti.

Foto: Divulgação.

Seguindo o modelo do empreendimento anterior, a incorporadora está construindo o New Urban, primeiro residencial de sua categoria em processo de certificação pelo GBC Condomínio (Green Building Council), que chancela as construções verdes. O selo consolida a AGL como uma incorporadora focada na entrega de valor para os clientes, com soluções para eficiência energética e hídrica, conforto térmico e acústico que resultam em um patrimônio de alto valor de revenda e baixo custo de manutenção. O endereço do empreendimento, mais uma vez, é o Novo Mundo. “É uma região que ganhou infraestrutura pública, tem grandes terrenos disponíveis e está em processo de crescimento vertical. Com uma densidade populacional interessante, é um bairro que está bem situado, no meio do caminho entre as indústrias da CIC e de Araucária. O Novo Mundo também chama atenção para quem tem negócios em outras cidades no entorno de Curitiba, como Fazenda Rio Grande, mas preferem morar na capital”, explica.

Outro ponto positivo destacado por Antoniutti é a demanda por novas moradias para atender os habitantes locais. “A população que mora no Novo Mundo tem laços e gosta muito de residir lá. Mas querem um upgrade na moradia, seja para obter mais segurança, mais conforto e bem-estar, ou mais tecnologia. Os novos lançamentos também são procurados como o primeiro imóvel de um jovem casal ou até mesmo para investimento”, complementa.

A arquiteta Juliana Lang e o engenheiro Igor Deitos são exemplos do perfil citado pelo fundador da AGL. Moradores do New Town desde 2021, eles escolheram o bairro para ficar perto dos parentes. “A família do meu marido mora no Novo Mundo há mais de 40 anos e ele já gostava da região. A qualidade do empreendimento influenciou a escolha, mas também o fato de ser uma região em desenvolvimento, o que vai valorizar o imóvel no futuro”, analisa a moradora.

A verticalização do Novo Mundo, de fato, já é acompanhada pelo desenvolvimento urbano do bairro. Com o terminal na divisa com o Capão Raso, a região se beneficia de dois dos principais projetos de mobilidade integrada de Curitiba: o Ligeirão Norte-Sul (BRT Sul) e o Inter 2. Para melhorar a fluidez no trânsito, foram criados novos binários. Obras de revitalização de asfalto e em calçadas, principalmente no eixo estrutural (zona que margeia a Avenida República Argentina), também têm sido priorizadas.

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