ESTILO ARQUITETURA & DECORAçãO

Uma mente criativa

Conheça a história de criação e inovação da cenógrafa corporativa Claudia Silvestre

Uma mulher de múltiplas facetas. Assim é Claudia Silvestre. Com uma extensa trajetória profissional, arquiteta, curadora e set designer ARTSY, é fundadora do Estúdio Claudia Silvestre. Nesta coluna, ela conta sobre sua trajetória profissional e algumas características usadas nos seus trabalhos. Confira!

Como sua relação com a arte começou?

Meu encontro com a arte foi quando eu ainda era criança. Sempre tive apreço pelos trabalhos manuais, como o bordado, a pintura e o tricô. Lembro que minha mãe tinha uma coleção de livros que mostravam os principais museus do mundo inteiro e, mesmo sem ter o real conhecimento do que era, aquelas imagens ressoavam muito em mim. Quando tive que escolher qual profissão iria seguir, a mais próxima da arte era a arquitetura, já que não havia Artes Plásticas em Santa Catarina. Busquei, então, a arquitetura como um lugar de arte construída. Arte enquanto expressão, enquanto linguagem e evolução da uma tradição e de uma cultura.

O seu estúdio trabalha com pesquisas que se denominam como “arqueologia do futuro”. Como isso funciona?

Vivemos tempos de transformações intensas e torna-se urgente encontrarmos sementes do que está por vir. Um olhar prospectivo na intenção de criarmos futuros possíveis. Acredito que todo criador é um pesquisador, historiador e futurista. Nesse sentido, atuamos em nosso estúdio com a preocupação de contribuir significativamente no amanhã por meio de nossos projetos visionários e de nossas
pesquisas.

Você tem muitos trabalhos com cenografia artística/set design ARTSY em espaços corporativos e comerciais. O que isso pode proporcionar ?

É uma oportunidade de expressar a identidade da marca e de seus produtos por meio de expressões artísticas no espaço em que estão inseridas. O design, a arte e a cultura são veículos propagadores dessa personalidade. A autenticidade na comunicação do lugar impacta sensorialmente e sensitivamente as pessoas com quem dialoga, além de estabelecer pertencimento.

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Poderia apresentar um trabalho recente onde há esta interação entre a marca + produto com expressões artísticas? 

Estamos finalizando uma Concessionária BMW, onde desenhamos a seguinte cena: uma BMWi sob um tapete confeccionado com fios reciclados pet, com formato amorfo com o tema Algas. Na parede próxima, uma grande obra da artista Nara Guichon em tricô com fios de rede de pesca recolhidos na praia no sul da ilha de SC. Junto a um pequeno lounge com poltronas em Eco Bio Design. A marca protagoniza e sintoniza-se com o espírito do momento numa atmosfera de reflexão: os desafios energéticos e climáticos, um olhar para os reinos das algas, os resíduos e a poluição no mar, expressões autorais e da localidade.

Alguns de seus projetos têm o conceito Resimercial presente. O que envolve esse  conceito? 

Neste momento pós pandêmico, as relações de trabalho alteraram-se significativamente. Entendo que precisamos compreender que cada época expressa-se em vários contextos. Especificamente no comercial, estamos cansados de estímulos vazios, e no corporativo exauridos e solitários. Dessa forma, propomos atmosferas acolhedoras, de encontros e trocas, convívios e aproximações. Acreditamos que o uso do Resimercial nos ambientes seja um caminho. Cor é código, forma é significado, materiais são sensações e a curadoria que se estabelece determina a qualidade e a intenção das interações.

Você apresenta ideias bastante inovadoras como SCG Gestão Sócio Cultural e Acervo Corporativo. Poderia falar um pouco mais sobre isso? 

São ideias provocadoras e de certa forma audaciosas. Temos imensos desafios em nossa evolução. Visualizar num momento pós ESG, quando já incorporadas às práticas de governança na sustentabilidade ambiental, abraçarmos as expressões culturais e artísticas. Efetivamente uma contribuição na evolução humana sendo as organizações agentes transformadores e fomentadores da sociedade e sua cultura. E, o conceito de acervo corporativo vem no encontro de as marcas terem entre seus ativos obras de arte e design, é um verdadeiro investimento na expressão artística da comunidade inserida.

 

*Matéria originalmente publicada na edição #275 da revista TOPVIEW.

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