Teo Galeria cede mesa icônica de Zalszupin para exposição no MoMA
A Teo, loja e galeria criada há duas décadas pelos irmãos Lis e Teo Vilela Gomes e referência na sustentação da relevância do design modernista no Brasil, participa, pela primeira vez, de exposição no MoMA, Museu de Arte Moderna de Nova Iorque. O convite para integrar a exposição “Crafting Modernity: Design in Latin America 1940 – 1980”, partiu da instituição, uma das mais relevantes e respeitadas difusoras da arte contemporânea no mundo.
LEIA TAMBÉM: Luz natural: residencial Ampio aposta em arquitetura guiada pelo sol
“Ano passado fomos procurados por representantes do MoMA, que viajavam pessoalmente pela AL garimpando peças que integrariam o acervo da exposição que estavam planejando para 2024. O objetivo era criar um panorama que representasse, de forma fidedigna, o que de mais importante se produziu em termos de design latino-americano entre as décadas de 40 e 80”, conta Teo.
“Temos o privilégio de ter aqui na galeria, em Pinheiros, obras essenciais, emblemáticas deste período”, complementa Lis Vilela Gomes. “Assim, a equipe selecionou a dedo a nossa `Mesa Pétalas´, do polonês radicado no Brasil Jorge Zalszupin, um dos maiores expoentes do design moderno do nosso país. Esta é a primeira vez que uma de nossas obras integra uma exposição no MoMA e estamos muito honrados”, complementa Lis, que participou da abertura da exibição junto com seu irmão, Teo.
Delicada e sofisticada, a Mesa Pétalas é uma das peças mais célebres do designer e arquiteto Jorge Zalszupin. A curvatura, que desafia as estruturas da madeira, lembra pétalas de uma flor, brilhantemente executadas em pau ferro. Outra característica é que foi inspirada em estruturas de papel dobrado de um origami, assim como a famosa mesa Andorinha, também concebida pelo artista.
“Num tempo em que a referência de móveis modernos por aqui ainda era a art déco francesa, Zalszupin foi um dos responsáveis por trazer propostas inovadoras, ao lado de Sergio Rodrigues, Zanine Caldas, Joaquim Tenreiro, entre outros”, enfatiza Teo Gomes.
Neste sentido, o MoMA exibe exemplares da “Cadeira de Três Pés”, de Tenreiro; alguns objetos produzidos pela fábrica de plástico Hévea, da década de 70, com utilitários da linha “Eva”, desenhada por Zalszupin, Paulo Jorge Pedreira e Oswaldo Mellone; a “Poltrona Reversível”, de Martin Eisler; a emblemática “Poltrona Paulistano”, assinada por Paulo Mendes da Rocha; a “Mesa Módulo”, composta pelas linhas simples e curvas encantadoras de Oscar Niemayer; e muito mais.
Lis ressalta que houve uma pesquisa aprofundada da produção nacional por parte do MoMA, pois além da importação e contextualização dos ícones mencionados, apresentam eventos como a 1ª Bienal de SP por meio de cartazes da época, caracterizando-a como movimento disruptor que, de fato, foi para as Américas.
“Ao mesmo tempo, não deixam de mencionar a contribuição da Forma Interiores na construção da história do design sul-americano. O interessante é que aqui na Teo galeria estamos celebrando, ao mesmo tempo que o MoMA, a Forma, mas com uma exposição grandiosa, de 160 peças, bem focada nos diferentes períodos da companhia”, informa.
Teo acredita que o mobiliário desenhado entre os anos 40 e 80 será celebrado sempre, porque já é referência mundial em elegância e sofisticação na utilização de elementos encontrados nacionalmente como a madeira de lei (especialmente em jacarandá), a tradicional palhinha e as formas curvas da arquitetura moderna brasileira. “O que o MoMA destaca é de uma riqueza enorme para o mercado até hoje, porque eles conseguiram sintetizar a indiscutível capacidade dos designers de toda a América Latina na criação de obras atemporais”, resume.