Giuliano Marchiorato: à mão livre
“Me considero um sonhador, e tenho a meta de ainda estar entre os melhores arquitetos”, afirma, com segurança, Giuliano Marchiorato, de 26 anos. Em 2015, ele largou o emprego em um escritório conceituado, abriu a própria empresa e se agarrou a uma oportunidade perfeita para começar seu portfólio: reformar, com total liberdade, um imóvel da sua família no bairro Ecoville. Batizado de Apartamento Nuvem (por sua extrema brancura), o projeto ganhou destaque no mercado e se reverteu em convites para novos trabalhos.
“Arquitetura é espaço e construção. É o belo. O resultado está no que se vê.”
De lá para cá, seu currículo ganhou mais de 30 obras – como a reforma do Edifício Jupter (prédio da década de 1970 no Centro de Curitiba) e a criação dos interiores do bar Red Light Burger & Beer (inspirado no famoso bairro de prostituição de Amsterdã) e da clínica odontológica Gaex Aligner (cujo design contemporâneo em nada lembra os consultórios tradicionais). “Vendo uma identidade urbana, jovem, descolada e versátil”, define. “Me influencio muito por outras artes, como a moda e a tatuagem.”
Segundo Marchiorato, essa versatilidade também vem dos vários estágios, em diferentes áreas, que ele fez durante a faculdade. Formado pela Universidade Positivo (UP), o curitibano ainda estudou, por meio de bolsas, em Oxford (Inglaterra) e na Fanshawe College (Canadá). “Procuro sempre me reinventar da forma que o cliente gostaria”, diz o arquiteto, adepto do conceito high low, em que peças de alto valor agregado se equilibram com outras mais básicas. “Posso usar, no mesmo espaço, uma cadeira assinada de R$ 10 mil e uma banqueta de plástico de R$ 10.” Apesar de ter sido criado em uma família sem qual
quer relação com arquitetura, Marchiorato conta que sempre quis trabalhar na área.
“Quando eu tinha 12 anos, uma professora de inglês ficou impressionada com os meus esboços e sugeriu que meus pais me colocassem em outro curso, de desenho”, lembra. Essa habilidade foi aprimorada durante o período de estudos na Fanshawe College, onde os alunos são obrigados a desenhar à mão antes de passar os projetos para o computador. “A máquina te engessa um pouco. Quando você sabe desenhar, tira as ideias da cabeça com mais facilidade”, diz Marchiorato, que se considera um artista. Mas, ao contrário de outros colegas de profissão, não é muito afeito a conceituações e narrativas: “Arquitetura é espaço e construção. É o belo. O resultado está no que se vê. Tenho preguiça de falação”.
*Matéria publicada originalmente por Omar Godoy na edição 204 da revista TOPVIEW.