ESTILO

A revolução das taças

Taças flûte, coupe ou de pinot noir: escolher a melhor depende do momento

Reza a lenda que foi no seio de Maria Anto- nieta, rainha consorte da França, casada com Luís XVI, que a taça de champagne conhecida como coupe, foi moldada. Há quem diga, ainda, que os seios em questão teriam sido os de Madame Pompadour, a amante do sogro de Maria Antonieta, o rei francês Luís XV. A história popular conta que Pompadour teria mandado moldar a taça para presentear seu amante. Outra amante de Luís XV, a Madame du Barry, também está nessa lista de seios famosos que dão origem a essa fábula. Mas, lendas à parte, o fato é que as taças bojudas, tão veneradas nos filmes e nos antigos salões, hoje encontram-se esqueci- das nas cristaleiras.

A aposentadoria da classuda coupe chegou na década de 1960, quando as taças flûte (flauta), dominaram os momentos de celebração. A justificativa para a substituição foi a de que o formato aberto da coupe dispersava mais rapidamente os aromas e o gás dos champagnes, diferente da nova taça com seu formato alongado, estreito e cilíndrico, que permitiam uma apreciação perfeita do show de borbulhas que o intenso perlage que os espumosos proporcionavam.

Mas 60 anos se passaram e o reinado da flûte também corre sério risco de acabar. A polêmica com a taça começou há alguns anos, quando especialistas de prestigiadas maisons de champagnes perceberam que os espumosos perdiam em complexidade aromática e de sabores. A bola da vez são as taças no formato tulipa, que possuem a boca mais larga, com a capacidade de aeração ideal para os espumantes mostrarem todo o seu potencial – principalmente quando se trata dos cuvées especiais e os safrados.

A essa altura, muitos devem estar se questionando se devem aposentar suas taças e investir no novo formato e qual seria o ideal diante de tantas opções diferentes. Apesar de várias maisons terem criado um formato que acreditam valorizar o seu produto em particular, todos são unânimes ao sugerir a degustação dos champagnes e espumantes complexos em taças de vinho branco. E ainda, no caso de safras antigas e maduras, como exemplares de mais de 30 anos, o uso de taças de pinot noir.

Ainda vamos ver por muito tempo as taças flûte por aí. Existe uma demanda comercial para esse formato, principalmente por bares, restaurante e festeiros de plantão. É uma mudança lenta e gradual de costumes. E é importante lembrar que essas taças ainda são as mais indicadas para os momentos de brindes e festas. O bom senso sempre vale mais do que qualquer técnica de degustação. Há momentos de celebração e momentos de meditação. Essa máxima vale para o vinho também!

*Coluna originalmente publicada na edição #243 da revista TOPVIEW.

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