ESTILO

A beleza no seu tempo

O conhecimento e a autenticidade são fundamentais na arquitetura

A beleza é  um conceito mutável e profundamente enraizado em momentos específicos de nossa história e de nosso desenvolvimento.

Para os que ainda insistem em achar que gosto não se discute, dizemos que gosto se aprende. Por óbvio, o mau gosto – que é o mesmo que o gosto não educado – é mais um sintoma da falta de acesso, de informação ou compreensão de mundo do que uma mera preferência pessoal.

A educação e as informações adequadas não eliminam as escolhas pessoais. Antes, orientam, evitando que façamos escolhas equivocadas. Um gosto treinado evita ciladas ou armadilhas desviantes.

Em arquitetura, por exemplo, ainda existem aqueles que acreditam que todos os “estilos” arquitetônicos coexistem e estão, como livros em uma biblioteca, à nossa disposição. Nada mais falso. Os estilos que ficaram no passado não podem ser recondiciona- dos ou reeditados. São irreprodutíveis, por questões técnicas, funcionais e estéticas – e qualquer tentativa de renascimento não trará
outra coisa se não construções impostoras e grotescas, que tanto empobrecem a paisagem das nossas cidades. São obras nas quais tudo é falso e alegórico, a começar pela vontade de seus contratantes e ocupantes de pertencer a um mundo distante no tempo e no espaço.

Culturas incapazes de se reinventar jamais serão relevantes e estarão eternamente condenadas à vulgaridade e a um papel subalterno e coadjuvante na história. A arquitetura, assim como os costumes, a tecnologia, o gosto e a sociedade como um todo, responde a processos evolutivos – e não pode ser pautada por ideias anacrônicas, colocadas de lado, inclusive, nos seus países de origem. Estilos ficaram no passado, contemporaneamente falamos em linguagens. Ideias regressivas e passadistas jamais oferecerão qualquer contribuição para o desenvolvimento criativo, expondo apenas uma sociedade subserviente e colonizada.

Nas imagens apresentadas, projetos residenciais por arquitetos curitibanos que pautam criativamente os seus trabalhos, conectados à nossa época e que nos projetam, nacional e internacionalmente, enquanto cultura dominante e contemporânea.

*Matéria originalmente publicada na edição #268 da revista TOPVIEW.

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