7 reflexões por Carlos Ferreirinha, um dos maiores especialistas do mercado de luxo
O que aprender com as marcas mundiais de luxo e o impacto que elas trazem quando se fala em tendências e comportamentos? Em uma live da incorporadora AG7, o CEO Alfredo Gulin conversou com um dos maiores especialistas do mercado de luxo, Carlos Ferreirinha sobre as expectativas do mercado e as reflexões que ele traz, diante da pandemia do Covid-19. Confira os 7 insights deixados por ele!
O mercado de luxo não é um mercado intocável
As pessoas tendem a pensar no mercado de luxo como se ele não passasse por problemas ou dificuldades, e como se ele estivesse em um altar de celebração. Isso não é verdade. As marcas de luxo possuem uma posição de modelo de negócio e trabalham com dificuldades. Globalmente falando a atividade do luxo neste ano, por conta da pandemia, terá uma queda de 48 a 59%, algo muito significativo como a maior queda da história. Todo mundo teve que aprender com essa pandemia, em encontrar novas alternativas, adequações e oportunidades. Além do mais, em um momento de grande oscilação como esse, a atividade do luxo é uma das primeiras a parar por trabalhar com consumos que não são prioridades, como o consumo da “vontade”. Porém, quando se tem o equilíbrio e o conforto, é o primeiro a ser retomado, é a “atividade da indulgência”.
Não existe um “novo normal”, mas um consumidor em constante evolução
O termo “novo normal”, que chegou ao decorrer da pandemia, me incomoda bastante. Estamos falando de um vírus, e não uma porta de esperança em que entramos e vamos sair diferente. Quem está no topo de uma pirâmide, por exemplo, que tem uma resiliência social e econômica elevada, a vida continuou em um outro patamar, mesmo com a pandemia. As pessoas passaram a quarentena em uma casa de campo ou em suas chácaras. Não foi um impacto tão grande assim para esse público. O que eu vejo é uma evolução contínua do consumidor, que segue a vida e vai se adaptando e evoluindo independente do que está acontecendo.
A pandemia não determina o antes ou o depois, ela acelera iniciativas
Precisamos entender as coisas pela perspectiva da maturidade social. Quando alguém diz que o consumo do veganismo não cresceu tanto na região do agreste de Pernambuco, precisa refletir o porquê disso. Essa região estava abaixo da linha da pobreza, ou seja, o consumo primário nesse local será de proteína, depois é que vão começar a pensar no não glúten. Todas as vezes que se sobe o padrão de alguma coisa, o consumo na retomada vai mais devagar, pois o consumidor chega mais consciente e mais informado. O pós-pandemia então acelera uma série de buscas e iniciativas que já estavam apontadas antes. Já existiam comportamentos mais sustentáveis, por exemplo, mas agora isso ganhou mais espaço.
Uma nova moeda com novas possibilidades
A economia produtiva irá pressionar as empresas para elas entregarem uma outra moeda. Não será mais suficiente enxergar apenas o lucro e o crescimento de uma empresa, por exemplo, mas outros pontos ganharão espaço e importância. As pessoas começarão a enxergar como sua empresa está trabalhando, se ela lida com a diversidade, se ela trabalha com a inclusão, com a economia circular, se ela está cuidando do entorno. Nós teremos uma economia real pressionando marcas para entrarem num outro jogo; um jogo que traz com ele uma série de possibilidades. O modelo de negócio dos últimos 50 ou 60 anos privilegiou fortemente o capital. Nesses anos de gestão profissional, as empresas foram medidas pelo lucro; a Exame noticiava as “500 maiores empresas” por isso. Nós estamos com a possibilidade de iniciar uma nova onda mercadológica que incluem outros elementos como a diversidade e a sustentabilidade.
As marcas de luxo são “ponta de lança” no mercado
O mercado de luxo tem um olhar de antecipação. Marcas como Gucci e Prada criaram museus e fundações; a Gucci foi a primeira a colocar uma modelo com síndrome de down em destaque; ou seja, elas foram pioneiras em colocar a diversidade no mundo, a dar espaço a cultura B. São elas que exercitam a antecipação, são corajosas, e essa é uma das razões com que elas se mantém preservadas.
Inovar é arriscar
As marcas não são penalizadas no mercado por fazerem as coisas diferentes, elas são penalizadas por fazerem as mesmas coisas. A zona de conformidade é o drama. A grande maior parte de nós pega os caminhos da conformidade, que não são os caminhos corajosos. Por isso existem poucas empresas inovadoras. Não existe inovação sem risco; inovar é arriscar. A maior parte das coisas que acontecem só são evoluções do que já existia antes. Inovação demanda coragem. Milhares de pessoas, por exemplo, vão à feira de Milão copiar tendências. No mercado imobiliário, as áreas de lazer continuam as mesmas e iguais. O showroom dos empreendimentos é igual. Por que não pensam diferente? Criam coisas diferentes? Chamam designers, por exemplo, para enxergar as coisas de outra forma?
Criar é desafiar
É impressionante o investimento que empresas fazem em pesquisas. A pesquisa é literalmente um dado. Se você ouvir pesquisa o tempo todo, você não faz nada. A pesquisa ela apresenta uma resposta racional. Por exemplo, se perguntassem há alguns anos para alguém se ela pagaria mais de 2 mil reais em um celular, a resposta dela seria negativa. Porém, quando surgiu um celular com esse valor, o comportamento foi outro. Ou seja, a resposta precisa ser interpretada e traduzida. Steve Jobs já dizia “entregue para o consumidor o que ele vai querer amanhã, sem que ele saiba que precisa hoje”. Não é ouvir o consumidor, é educar o consumidor.
A live completa está disponível no IGTV da @ag7realty. Clique aqui para assistir.