A briga pela sucessão de Ratinho Junior
Foi dada a largada para a disputa interna no PSD pela sucessão de Ratinho Junior no governo do Paraná em 2026. Mas já? Já sim. Virada a página da eleição municipal de 2024, é hora de começar a pensar e planejar 2026, quando estarão em jogo a vaga de governador, a de vice, duas ao Senado Federal, 30 na Câmara dos Deputados e outras 54 cadeiras na Assembleia Legislativa.
Diante de um cenário econômico nacional para lá de desafiador, muitos paranaenses só vão deixar para pensar em eleição no ano que vem. Mas a classe política já respira o pleito e a guerra interna no partido de Ratinho está latente.
Inchado por conta da liderança e do tamanho político de Ratinho Junior, o PSD tem ao menos três pré-candidatos ao Palácio Iguaçu, que, mesmo a mais de um ano da eleição, não escondem o desejo de comandar o estado. São eles: Alexandre Curi, presidente da Assembleia Legislativa, Guto Silva, recém-nomeado secretário das cidades, e Rafael Greca – que, pelos últimos anos, comandou a Prefeitura de Curitiba.
Ratinho, por ora, faz o papel de agregador. Pensando na disputa pela presidência da República, não descarta nem quer brigar com ninguém. Ele vai deixar que o trio busque a viabilidade eleitoral para, ano que vem, quem sabe, abençoar o sucessor. Mas, durante a reforma do secretariado, o governador deu pistas das suas predileções ao remanejar Guto Silva do planejamento para a poderosa pasta das cidades, com orçamento robusto e projetos que encantam os olhos de prefeitos cada vez mais ávidos por recursos em troca de apoio político.
LEIA TAMBÉM: Empresária paranaense fez da produtividade um grande negócio
Se a eleição de 2026 fosse hoje, Guto Silva seria o escolhido, embora, dos três, seja o menos conhecido junto aos paranaenses e com menos votos e capital político. O tempo até a eleição e a aprovação da gestão Ratinho Junior, que anda na casa dos 80%, são os dois principais trunfos de Guto. Não reparem, portanto, se os dois começaram a ser vistos frequentemente juntos correndo os quatro cantos do Paraná. Faz parte da estratégia eleitoral de tornar Guto Silva mais conhecido.

Alexandre Curi, que provocou uma ciumeira danada ao tomar posse na Assembleia e reunir mais de 300 prefeitos do Paraná e sete ex-governadores, além de autoridades políticas e empresários
das mais diferentes estirpes e tribos, é de longe quem circula melhor no campo político. Eleito por algumas vezes o deputado mais votado do legislativo estadual, vai em busca, talvez, da primeira disputa pelo governo do estado. E tem como principal desafio tornar-se conhecido nas grandes cidades.
Do trio, Rafael Greca é quem está mais distante do apoio de Ratinho Junior para 2026, apesar da gestão na “Prefs” ter sido reconhecida pelos curitibanos. Seu objetivo era ser secretário das cidades, mas acabou escalado para comandar a Secretaria de Desenvolvimento Sustentável – para os mais saudosistas, a pasta do meio ambiente. Será a oportunidade de percorrer o Estado e tentar encantar os eleitores – assim como fez com os da capital, sagrando-se duas vezes prefeito com uma aprovação beirando os 80%. No frigir dos ovos, é mais fácil disputar o governo pelo PP de Ricardo Barros, com quem tem excelente diálogo, do que pelo PSD de Ratinho Junior.
Correndo por fora, está o vice-governador Darci Piana (PSD) que já disse que não pensa em eleição. Mas poderá ser convocado pelo grupo político da situação caso o partido passe por um processo de autofagia. É bom e ruim para Ratinho Junior: bom porque Piana poderia, pela lei, cumprir apenas um mandato como governador — abrindo espaço para um retorno em 2030, caso o plano nacional naufrague. Mas, ao mesmo tempo, é ruim, porque vai contra o discurso propalado nacionalmente de que é hora dos políticos nascidos nas décadas de 80 e 90 contribuírem para o país. Darci Piana chegará com 84 anos na eleição de 2026 – podendo ganhar a alcunha de “Joe Biden das Araucárias”, que desistiu da reeleição americana com 81 anos.
*Matéria originalmente publicada na edição #300 da TOPVIEW.