ESTILO

Um tour pelo Museu da Tequila, no México

Em Puerto Vallarta, no estado de Jalisco, existe um museu interativo inteiramente dedicado à tequila. Estivemos lá e adiantamos: esqueça o que você sabe sobre a bebida mexicana

É fato: a tequila está para os mexicanos assim como a cachaça está para os brasileiros. A tradicional bebida deles ganhou um museu em Puerto Vallarta, cidade que fica a pouco mais de 200 quilômetros de distância de Tequila, no estado de Jalisco. A TOP VIEW esteve no México, entre julho e agosto, e visitou o lugar. O passeio completo inclui tour de trem pela cidade (que sai da Plaza Peninsula), tour ao museu interativo, degustação e show folclórico. Por falta de tempo, e um tanto quanto de disposição, partimos direto para o museu, onde a guia Michelle Martínez nos esperava. Antes de entrar, ela avisa: é proibido fotografar a apresentação.

A bebida da fertilidade

O tour pelo Museu da Tequila começa com um resgate à história da bebida, que é feita a partir do agave-azul (um tipo de cacto que se desenvolve em regiões áridas, preferencialmente vulcânicas). Algumas lendas sobre a origem da tequila acabam entrando no roteiro – como a de Mayahuel, deusa asteca da fertilidade, que teria dado origem ao agave.

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Sete quilos de agave produzem cerca de 1 litro de tequila. Essa é uma das curiosidades que o tour apresenta ao turista.

Segundo reza a lenda, ela era mãe de um grupo de coelhos divinos e, um dia, ao enxotar os bichos que se alimentavam em uma plantação, notou que um deles não corria, mas saltava em círculos ao redor da planta. Mayahuel cortou um pedaço do agave e deixou descansar. Mais tarde, após a fermentação, encontrou uma variação de tequila.

O passeio pelo museu é uma verdadeira aula sobre a bebida, incluindo muitas curiosidades interessantes. Por exemplo: você sabia que existem mais de 400 tipos de agave? E que são necessários sete anos para que um agave cresça? Para criar a tequila, os jimadores (agricultores de agave) plantam-na e a colhem depois desse tempo. Uma vez crescidas, as plantas têm as folhas cortadas e o miolo, chamado de pinha, cortado em pedaços e cozido em fornos.

As folhas são descartadas, usadas entre os mexicanos como adubo e até remédio. E é do núcleo cozido que se extrai a bebida alcoólica. Outro fato curioso está justamente no termo jimadores. Segundo Michelle, eles se chamam assim devido ao gemido que soltam quando estão trabalhando.

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No teste sensorial, uma brincadeira para treinar o olfato para a degustação a seguir.

Tudo é explicado, e mostrado, por meio de vídeos, áudios e hologramass – o que torna o passeio ainda mais interessante e nada monótono. Após a “aula”, que não fica restrita apenas a uma sala, somos direcionados a um teste de aromas. Vários tubos coloridos estão dispostos em um balcão. Cada cor revela uma essência e somos desafiados a descobri-las. Contei três acertos, de umas sete tentativas. A brincadeira serve tanto para treinar nosso olfato quanto para chamar a atenção para mais uma novidade: muitas das ervas e especiarias dali são também sentidas na tequila.

¡Arriba, abajo, al centro, pa’ dentro!

A Branca ou Prata (mais clara) é cítrica. As intermediárias, chamadas Reposado, levam especiarias como canela, cravo, noz, castanhas… E as Anejo, como são envelhecidas por mais tempo, exalam um denso aroma amadeirado. Mas independentemente do sabor, todas têm a mesma graduação alcoólica. É mais uma questão de preferência mesmo.

Se a tequila é 100% agave (e essa informação deve constar no rótulo) ela é de qualidade. Não importa se é Prata, Anejo, Reposado… E na hora de beber, nada de sal e limão. Ainda que a dupla seja usada inclusive por mexicanos, segundo Michelle, é como acrescentar gelo ao uísque, açúcar ao café. “A tequila é fina demais para ser tomada assim”, diz. Virar em um gole só também é um pecado. Sofisticada, histórica e delicada, a tequila deve ser degustada aos poucos e com respeito, como merece.

Grand final

Ao final da degustação, o turista recebe um certificado de expert em tequila – uma comprovação de tudo que ele aprendeu no passeio. Depois, segue para a quarta e última etapa da visita: um show folclórico. Colorida e animada pelo ritmo do Mariachis, a apresentação resgata as origens do povo mexicano, a história da tequila, e desperta qualquer um que esteja cansado na cadeira. Dá vontade de aplaudir de pé o tempo inteiro.

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Música, cores e ritmos bem mexicanos encerram o passeio.

SERVIÇO

Museu da Tequila – Viva Tequila
Rua Uruguay, 184, Centro, Puerto Vallarta, Jalisco, México. vivatequila.mx
De segunda a sábado, com início às 15, 16h, 17h e 18h. O pacote completo (passeio de trem, museu interativo, degustação e show) custa 780 pesos (em torno de R$ 182).

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