ESTILO

Os empreendedores que agitaram Curitiba em 2015

Los Paleteros, RedHook e Seven são a prova de que combinar boas ideias, dedicação e um toque de ousadia é um dos segredos para o sucesso

No difícil ano que passou, estes empreendedores agitaram a cidade e os ramos em que atuam. Eles são a prova de que combinar boas ideias, dedicação e um toque de ousadia é um dos segredos para o sucesso.

Gean Chu | Diretor executivo da rede Los Paleteros

geanchu

A primeira loja da Los Paleteros foi aberta em dezembro de 2012, em Balneário Camboriú. Ao final deste ano, a marca pode ter até 120 lojas espalhadas pelo país – e a primeira no exterior. O sucesso meteórico da Los Paleteros, fundada por Gean Chu e Gilberto Verona, colegas de Engenharia da Computação da PUCPR, se deve à linha de raciocínio que tiveram desde que decidiram empreender. “Por que não pegar os conceitos de uma empresa de tecnologia, como as startups do Vale do Silício [região da Califórnia que concentra grande número de empresas com esse perfil], e aplicá-los para uma área carente de inovação?”, indaga Chu.

Os dois passaram a pesquisar o mercado de sorvetes premium e identificaram nele uma grande oportunidade de negócio. “No Brasil, os sorvetes de qualidade custavam muito caro, acima de R$ 20, ou porções muito pequenas tinham um valor muito alto”, ressalta Chu, afirmando que a proposta dos dois sempre foi servir um produto de qualidade, mas a preço acessível (os sorvetes da marca custam entre R$ 6,70 e R$ 10). Depois de muitos cursos e visitas a fábricas de sorvete e de maquinário – e com o aporte de um sócio-investidor – surgiu o modelo de negócio da Los Paleteros.

Da fábrica em Barracão, Sudoeste do Paraná, sai o produto que abastece todas as lojas – mesmo as mais distantes, como a de Natal (RN). “Ao concentrar a produção, diminuímos o trabalho dos franqueados e garantimos a qualidade do sorvete”, afirma Chu. E para manter o interesse do público no produto, a inovação é fundamental. Por isso, o cardápio de até 25 opções oferecidas nas lojas está sempre mudando. “Só neste ano lançamos 12 sabores, em média um por mês”, enfatiza o empresário, que tem 26 anos.

A Los Paleteros tem hoje mais de cem funcionários e parte deles é responsável pela pesquisa e desenvolvimento de novos sabores, braço da empresa que fica em São Paulo. E mesmo em um ano difícil economicamente – a meta da empresa era terminar 2015 com 140 franquias –, Chu e o sócio Gilberto, que é o CFO da empresa, não têm do que reclamar. A Los Paleteros vai encerrar o ano com uma venda ao consumidor na casa dos R$ 80 milhões, contra R$ 69 milhões do ano passado.

E a ideia é seguir expandindo. “Por sermos uma franquia, representamos uma oportunidade de investimento muito mais segura do que se aventurar a criar a própria marca”, sinaliza Chu, que emenda: “Criamos mercado e uma nova maneira de entregar um produto premium, no palito”.

www.lospaleteros.com.br  

Carolina Sass de Haro | Sócia da Mapie

DK_DSC_57492

Por trás de dois dos maiores lançamentos de Curitiba neste ano está a Mapie. A empresa, especializada em metodologias de gestão para o segmento hoteleiro e gestão estratégica de serviços, fez o estudo de viabilidade do Nomaa Hotel e da recém-
inaugurada Mercadoteca.

A Mapie existe desde 2009 e surgiu de uma oportunidade de mercado identificada pelas sócias Carolina Sass de Haro – que toca a sede em Curitiba, com dez funcionários – e Trícia Neves Levy – que trabalha em São Paulo. Da experiência em trabalhar em grandes redes de hotéis e de muito viajar, Carolina conta que a dupla se deparava com muito hotel independente. “Eles achavam que entrar em uma rede era a solução para crescer, mas na verdade precisavam de uma ferramenta de gestão”, conta.

Carol e a Mapie passaram a ajudar hotéis na formação de processos, treinamentos e cursos. Mas se a ideia era atender pequenos negócios, o foco sofreu uma grande mudança em 2010, quando ganharam uma concorrência para trabalhar com a rede Deville. Em seis anos, a empresa atendeu 68 clientes, com nomes de peso como Lapinha Spa, redes Accor, Bourbon e Slaviero e o Beach Park.

E mesmo em um ano difícil, o faturamento da Mapie deve ser 15% maior do que no final de 2014. Muita pesquisa – com hóspedes de hotel e com a base de dados do site da empresa – e o monitoramento de tendências globais norteiam o trabalho da Mapie. No caso do Nomaa, o investidor procurou a empresa porque já tinha pensado em um modelo de hotel. “Daí a gente fez um estudo de viabilidade e chegou à conclusão de que não dava para ser o produto de mercado que ele queria”, explica Carol.

Assim surgiu o hotel conceito atual. Segundo ela, que tem 36 anos, o trabalho de orientar investidores a tomar decisões dava frio na barriga no começo do negócio. “Depois, criamos confiança no conhecimento que está sendo construído. A gente tem muito cuidado com qualquer informação que vá dar, busca o máximo de provas possível, sempre faz o cálculo da forma mais conservadora”, emenda.

E do excesso de informação que obtém no dia a dia e na pesquisa de cada projeto, surgiu a ideia de se criar um site onde todo esse conteúdo fosse publicado – até para educar seu cliente também. O disque9.com.br começou como uma iniciativa modesta. “Hoje a nossa base de leitores é grande, principalmente de profissionais da área”, afirma Carolina. O site – que publica, ao final de cada ano, as tendências para o próximo – vai passar agora a ter conteúdo pago.



www.mapie.com.br

Celinha Camargos | executiva de marketing da Redhook – The Creativity Hotspot

celinhacamargos

Por quatro dias do mês de novembro, a sede da Redhook – que fica na Fabrika, no Alto da XV – foi a meca dos publicitários curitibanos. O Red Week Ideas 2015 trouxe para a cidade nomes de peso como Erik Hogfeldt, diretor criativo da Droga5 de Nova York, e Bruno Barreto Lino, Human and Cultural Insights Manager na Coca-Cola Brasil. Em média, 350 pessoas circularam pelo local em cada dia do evento.

Segundo Celinha Camargos, essa foi uma forma de comemorar o aniversário da Red, criada há dois anos com o desafio de ser uma escola de criatividade em Curitiba. A ideia da publicitária de 37 anos era fundar um espaço voltado para a indústria da comunicação e que privilegiasse a linguagem de mercado, onde os melhores profissionais do Brasil e do mundo ministrassem cursos, palestras e workshops.

Com a bagagem de quem trabalhou por cinco anos no Clube de Criação do Paraná – onde consolidou um networking inclusive com profissionais de fora do país, em parte devido ao seu espírito comunicativo e irrequieto – e visitou escolas de criatividade internacionais, Celinha montou um espaço dinâmico. “Somos uma escola livre, em que não há limites e todo mundo compartilha”, enfatiza Celinha, citando que a demanda dos cursos ofertados vem do mercado e que mesmo os cursos fixos têm seu conteúdo revisto continuamente.

E é com seus contatos que Celinha valida as novidades que decide implementar na Redhook. “Eu não decido sozinha, um grupo de profissionais são os conselheiros da escola. Sei com quem falar”, explica, mencionando que há até colegas de Londres que são consultados. A escola já realizou cerca de 50 workshops, alguns no interior de São Paulo e de Santa Catarina. Cerca de dois mil alunos já participaram das atividades propostas pela Redhook e alguns deles já foram até premiados no exterior.

“A gente está apostando em um trabalho em longo prazo: o foco imediato é a transformação do mercado em algo melhor. O efeito disso é imensurável e o resultado financeiro vem depois”, explica Celinha, que ainda cita um bom resultado em recente pesquisa feita pela escola com alunos e pessoas que seguem a Red em redes sociais. “Foi identificado que a gente não tem curso de inovação, inova pelo exemplo.” Tem melhor propaganda do que essa?”

 www.redhookschool.com

Gian Zambon 
Diretor de novos negócios da Seven Entretenimento

gianzambom

Os fãs curitibanos que lotaram a Pedreira Paulo Leminski para o show de Katy Perry no mês de setembro devem muito a Gian Zambon e aos seus sócios Fabio e Bruno Neves. Afinal, por trás desse e de outros shows que acontecem na cidade está a Seven Entretenimento. Foi a empresa  responsável pela turnê de nomes internacionais como Bon Jovi, Pearl Jam, Alice Cooper, Maroon 5, Iron Maiden e A-Ha, além de shows nacionais como João Gilberto, Victor & Leo, Djavan, Ivete Sangalo, sem contar as inúmeras montagens e espetáculos infantis.

Com mais de 1.500 eventos e um público estimado de  três milhões de espectadores na parte de produção cultural, há cinco anos a Seven trabalha com o conceito de branded entertainment, ou seja, se propõe a realizar, além de shows, eventos corporativos – por meio da Be Seven – ou que acontecem em shoppings – Seven Malls. O modelo de empresa atual foi capitaneado por Zambon.

O administrador de 30 anos vem de uma família com tradição no ramo de entretenimento na cidade, tanto do show business quanto o gastronômico. Sua carreira no setor começou aos 16 anos. “Peguei um restaurante que era do meu pai e comecei a fazer algumas festas, eventos de pagode, aniversários que bombavam”, explica. Aos 18 anos, montou o restaurante Temaki e fazia shows com a sua assinatura com bandas da cidade. Por volta de 2002, trouxe Caubi Peixoto e Demônios da Garoa para o Toscana, casa de sua família.

Hoje, a Seven atua no Brasil inteiro. “Mas o foco na parte cultural é o Sul do país”, afirma Zambon. Segundo ele, 75% das atrações são planejadas e 25% são oportunidades. Como o tempo, veio a experiência para saber se um show vai lotar ou não. “Hoje existem algumas ferramentas que são um termômetro do que vai ser bom”, diz Zambon, citando que o número de seguidores que o artista tem no fã-clube do Brasil e o acompanhamento da turnê mundial já são ótimas pistas.

Segundo ele, a vontade da Seven é a de fazer cinco, seis vezes mais shows do que oferece, mas há muita coisa em jogo, como opção do artista, capacidade do local do evento, distância das praças onde a turnê vai estar. “Não basta querer, não depende só da gente”, explica Zambon. Por outro lado, o empresário enfatiza que o curitibano pode esperar grandes shows para o ano que vem.

www.entreseven.com.br

Alphonse Voigt | Cofundador e CEO do Ebanx

alphonsevoigt

Ao fazer uma compra em sites como AliExpress, Spotify e Airbnb – e optar por pagar por boleto ou por um cartão nacional –, mesmo sem saber o cliente está usando os serviços do Ebanx. A empresa curitibana, criada em 2012, oferece a opção de pagamento local para compras internacionais, atingindo assim um público que não tem ou não quer usar o cartão de crédito.

Pelas contas de Alphonse Voigt, mais de dez milhões de brasileiros já compraram em sites parceiros. “A gente tem um sonho grande de fazer com que o Ebanx se torne uma solução que todos brasileiros e latino-americanos precisem usar pelo menos uma vez por dia”, afirma o CEO. Além do Brasil, o site atua também no México e no Peru e, desde novembro, no Chile e na Colômbia. O know-how de Voigt tem veio do Astropay, um site de pagamento no qual atuou em 2009, parceiro do Pokerstars.

“Foi quando percebi que esse mercado existia”, afirma o empresário, que fundou o Ebanx ao lado dos sócios Wagner Ruiz (CFO) e João Del Valle (CTO). O pioneirismo da empreitada fez com que o Ebanx fosse convidado a integrar a Endeavor – uma organização mundial que apoia empreendedores de alto impacto e que tem o apoio de grandes empresários nacionais, como Jorge Paulo Lemann (um dos controladores da AB InBev, maior cervejaria do mundo). De 2013 para 2014, a empresa cresceu 400% e, do ano passado para este, a previsão é de 100%. “Nosso principal indicativo é o quanto se processa de dinheiro e neste ano o Ebanx vai processar R$ 1,2 bilhão”, afirma Voigt, que tem 42 anos.

No rol de cem funcionários da empresa – carinhosamente chamados de ebankers –, há profissionais de marketing, de tecnologia da informação, sociólogos, advogados, contadores – com média de 28 anos. Na equipe de Curitiba, há dois indianos e um mexicano. E um funcionário na Califórnia. Segundo Voigt, o mais difícil do negócio é encontrar os ebankers. Por isso, a empresa está lançando um programa de trainee. “A ideia é formar bons profissionais, se aproximar de startups, puxar a fila, fazer base forte aqui, ter pessoas-chave em determinados lugares. Se tiver oportunidade pontual em mercados emergentes, expandir”, completa.

 www.ebanx.com 

Deixe um comentário