Estampas de bala de banana viram moda
Longe de significar “várias espécies de aves galiformes do gênero Penélope”, como define o dicionário Michaelis, ou traduzir alguém ingênuo, bobo ou sem malícia, jacu, para Edson de Medeiros e Robson Dalazen, representa essencialmente a valorização das tradições, do local, do feito aqui.
A parceria com as Balas Antonina, expressa na última coleção, de verão, é um criativo exemplo desta regionalidade que é tão forte na marca – a segunda a ser retratada na série de reportagens que tem apresentado os novos talentos da moda curitibana.
São biquínis, cangas, saídas de praia e shorts com a estampa que é bem conhecida dos paranaenses. “É o nosso biscoito Globo”, define Edson. Conforme conta, a ideia surgiu há quase dois anos. Até chegaram a conversar sobre em 2014, mas não deu em nada. “Um dia decidimos ir até Antonina, montamos um PDF, explicamos a proposta e eles aceitaram no mesmo dia”, conta o designer de moda de 28 anos.
Do outro lado, Rafaela Takasaki Corrêa e os sócios, incluindo a mãe, Analdina Takasaki Corrêa (que é fundadora da tradicional marca antoninense), ficaram surpresos com a ideia da dupla. “Minha mãe chegou a achar que ninguém teria interesse em comprar roupas feitas com a estampa da bala”, conta Rafaela. Mas a parceria não só foi bem aceita como a maioria das peças esgotou em poucos dias – algumas, como a canga, nem chegaram à loja virtual.
A união das marcas deu tão certo, segundo Rafaela, por um motivo primordial: “Assim como eles [Edson e Robson], preservamos o feito aqui e não abrimos mão disso. A banana que a gente compra, por exemplo, é da região”, garante. Pensando justamente em preservar esse regionalismo, Edson e Robson sugeriram que parte da renda obtida com a venda da coleção fosse revertida para alguma entidade de Antonina. “Sugerimos a Filarmônica Antoninense. Assim como a bala de banana ela é o símbolo da cidade”, conta Rafaela.
Jacus desde quando?
Edson e Robson, que tem 25 anos e é publicitário, são amigos há algum tempo. Há dois anos, Robson vivia em Paraty e Edson no Rio de Janeiro. Nesse meio tempo, se encontraram em Curitiba, Robson comentou sobre o plano de criar uma marca própria, com mais informação de moda – já com o nome Jacu – e convidou Edson a embarcar na ideia. Era julho de 2014. Em outubro daquele ano a dupla lançou a primeira coleção – que foi vendida em pouco tempo.
“A moda é tão rápida e relativamente efêmera que tudo que está em alta hoje um dia vai ser ou já foi jacu. Então, decidimos nos carimbar de jacu logo de início”, explica, aos risos, Edson. Enquanto ele cuida mais da modelagem e do design das peças, Robson fica com a burocracia, a comunicação, mas também com o design da estamparia. É essa, aliás, uma das marcas registradas da Jacu: a estamparia exclusiva, aliada a uma modelagem extremamente simples e confortável.
Nenhuma peça é feita sem que os dois opinem. Segundo Edson, a Jacu é uma mistura deles e reflete o que eles são. “Primeiro que esse discurso do feito aqui, do feito no Brasil, do regional é uma coisa que a gente veste a camisa mesmo. E da estética mais confortável, relaxada. Eu jamais colocaria a mulher em uma roupa extremamente justa”, garante o designer.
Eles foram uma das marcas participantes da 6ª edição do Lab Moda, realizada entre os dias 10 de novembro e 24 de dezembro de 2015, no Pátio Batel. A Jacu, inclusive, foi uma das únicas que permaneceu até o último dia.
“A exposição com o Lab e com o ID Fashion projetou a marca de uma forma bem legal. Estar na linha de frente é essencial para você ter um feedback com o cliente, ver a pessoa encostar na peça, provar, te falar o que agradou ou não, eu amo isso”, afirma Edson.
Para ele, é essencial acompanhar o processo do começo ao fim, principalmente neste início – e talvez este seja um dos segredos do sucesso da grife. Só no Pátio, eles venderam em média 70 peças por semana durante o Lab Moda. Para um futuro próximo, a dupla espera trazer novidades com mais frequência e, mais além, abrir uma loja física em Curitiba.
Naturalmente, cada coleção vem se mostrando maior e mais madura – a última teve 42 modelos. “Estou bem satisfeito. Nós tivemos um investimento inicial relativamente pequeno e a gente foi crescendo por si só, tentando não dar um passo maior que a perna. A marca hoje se paga e está evoluindo, o que é mais importante” conclui Edson. E vem, cada vez mais, conquistando um público não por idade, classe social ou gênero, mas por um estado de espírito, um sentimento mais easy going, tranquilo e bem humorado.
SERVIÇO
www.facebook.com/jacubr
jacustore.com.br/