SELF COMPORTAMENTO

Mulher no volante, perigo ou segurança constante? – por Mônica Berlitz, do Clube da Alice

A fundadora e administradora do Clube da Alice desconstrói, neste artigo, o mito de que mulher e direção não combinam

Quem nunca ouviu a frase “mulher no volante é um perigo constante”?

Eu realmente não sei de onde vem essa mania de achar que as mulheres não dirigem bem, talvez a maneira delicada e não tão estressada que nós imprimimos ao dirigir irrite certos machistas de plantão.

As mulheres estão acostumadas a mil tarefas diferentes diariamente e na grande maioria das famílias são as responsáveis pelo transporte dos filhos, dos pais e de quem estiver precisando de um socorro na casa.

Falando em números, as mulheres são bem melhores motoristas que os homens. Olhem que incrível este dado para quem duvida: segundo o DPVAT, no ano de 2015, do total das indenizações pagas pela Seguradora Lider 25% foram para mulheres e 75% para homens. No caso de morte, a diferença é maior ainda. com 82% de vítimas pertencentes ao sexo masculino.

Então me conta, se você tivesse que escolher alguém para conduzir o transporte do seu filho, quem você escolheria, um homem ou uma mulher?

Ontem, eu estive fazendo uma palestra para aproximadamente 150 mulheres motoristas, todas conveniadas aos aplicativos de transporte. O que reuniu toda essa mulherada no Hotel Full Jazz foi o lançamento do Frida Karro, um aplicativo de transporte curitibano com uma proposta de ter apenas mulheres ao volante, as Fridas.

A proposta é ousada e visa proporcionar, tanto ao passageiro e principalmente à motorista, mais segurança, proteção e respeito. E tudo isso com tarifas mais baratas que as praticadas no mercado.

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Segundo o site da Frida Karro, as estatísticas demonstram que mulheres são mais cuidadosas, cometem menos excessos no trânsito e se envolvem menos em acidentes – e muito menos em acidentes graves. Além disso, jamais faltam com o respeito com o passageiro. Sendo mulher, homem, criança, idoso, portador de limitações ou LGBT. Elas tendem a respeitar mais a diversidade.

O serviço estará disponível a partir de 1º de dezembro, quando será possível baixar o aplicativo no smartphone. “Nós pensamos em motoristas mulheres porque estudos comprovam que elas são mais cuidadosas ao volante. Além disso, as mulheres transmitem mais segurança e confiança para aqueles que, como eu, têm filhas adolescentes que saem na balada e voltam de táxi ou uber”, explica Marcello Lombardi, idealizador do Frida Karro.

Eu conversei com várias motoristas no evento e elas estão muito animadas com a novidade.

A Fernanda da Costa Ludwig, 37 anos, é uma das motoristas do sexo feminino que já estão por aí desde a vinda dos aplicativos para o Brasil.  Ela me contou que está há 1 ano e 4 meses trabalhando como motorista e que mesmo sendo mulher prefere o período da noite para trabalhar, pois segundo ela é a hora que o pessoal está menos estressado. Ela é psicóloga de formação e encontrou uma maneira de ter uma renda extra e ainda fazer o que mais gosta, que é estar com pessoas. “Nunca sofri com nenhum passageiro, nem cantadas, inclusive já fiz muitas amizades. As mulheres, principalmente na madrugada, adoram encontrar uma motorista do mesmo sexo pois se sentem bem mais seguras” cita Fernanda.  Ela me contou que já chegou a parar o carro para ouvir um desabafo de uma passageira. Coisas que só mulheres entendem mesmo.

Pensando também na segurança das motoristas e dos passageiros, o Frida Karro inova ao ser o primeiro aplicativo de mobilidade urbana a contar com um sistema de segurança armada. “Os nossos carros terão um botão de pânico, que será acionado em caso de desvio de rota ou atividade suspeita por parte do passageiro ou da motorista”, acrescenta o idealizador do aplicativo.

Ao todo serão mais de 10 centrais 24 horas espalhadas pela cidade para garantir a segurança das motoristas e dos passageiros. Com isso, a estimativa é que depois de acionado o botão de pânico uma equipe tática leve em torno de 5 minutos para chegar até o carro.

Mas nem tudo são flores para o aplicativo curitibano. Muitas das futuras Fridas preferiam que o mesmo aceitasse somente passageiras do sexo feminino, o que segundo Lombardi não seria interessante pois reduziria o número de possíveis clientes.

E claro que já comecei a espalhar a novidade e conversei com algumas mulheres contando sobre o aplicativo, todas adoraram a novidade e querem muito experimentar.

Conversei com a Cleide Lima, 37 anos, que também é motorista. Ela me confidenciou que ama trabalhar com os aplicativos de transporte, pois além de lhe proporcionar uma renda, também dá a oportunidade de conhecer várias pessoas de diferentes culturas e estilos. Ela já teve algumas experiências boas e outras nem tanto.

Em uma das suas corridas, uma das tantas que faz trabalhando de 10 a 12 horas por dia, acalmou uma senhora que estava indo realizar uma cirurgia.  A mesma tinha uma paralisia em seu corpo e estava muito nervosa a ponto de estar em crise, ela gritava e chorava muito. No final da corrida, além de estar calma, ainda agradeceu pela paciência que a Cleide teve abraçando-a e beijando-a.

“Tive algumas experiências desagradáveis onde alguns clientes masculinos acharam que só porque eu estava prestando um serviço que antigamente não era normalmente feito por mulheres, pensaram que estava dispostas a outras coisas também”, cita Cleide. A Cleide faz parte de três aplicativos e agora será uma Fridda também. “Estou ansiosa para começar mais um desafio, uma vez que teremos algumas vantagens que os demais não nos dão, tal como a segurança da empresa Vepper que será acionada no momento que estivermos em situação de perigo”, comemora Cleide.

O que eu achei mais legal nesta noite foi conhecer tantas mulheres batalhadoras e com idades e formações mais variadas. Todas querendo muito mostrar que vieram para ficar no mercado dos aplicativos de transporte e que mulheres no volante não são um perigo constante, muito pelo contrário.

*Esta é uma coluna de opinião. Os artigos assinados não necessariamente refletem a opinião da TOPVIEW.

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