Por que usar contêiner se tornou uma tendência?
Um dos queridinhos dos espaços gastronômicos a céu aberto em Curitiba é o Ca’dore Comida Descomplicada, aberto no início deste ano. Feito com vários restaurantes dentro de contêineres, o espaço fortalece uma tendência da arquitetura e design para a gastronomia.
Para as arquitetas Denise e Carolina Leal Ribas, da Leal Ribas Engenharia e Arquitetura, a tendência realmente veio para ficar. “[O uso do contêiner] se tornou uma prática consolidada, porque cria uma grande diversidade – principalmente para o uso comercial”, explicam. Para elas, rapidez e agilidade – sem deixar de lado um bom projeto – explicam porque usar contêiner tem sido uma prática comum em projetos arquitetônicos para a gastronomia.
Outros benefícios deste tipo de construção é ser uma obra limpa, a durabilidade (cerca de 100 anos) e não precisar gastar com fundações. O material disponível com facilidade também tem suas desvantagens, como precisar de manobras e guindastes, isolamento térmico e acústico e de obras especializadas para os cortes do contêiner.
Apesar dos benefícios e potencial, a obra precisa de cuidados especiais, como a contratação de profissionais para o desenvolvimento do projeto. “Vale lembrar que as construções em contêiner seguem as mesmas regras de uma construção convencional para aprovação junto à Secretaria de Urbanismo, portanto o acompanhamento de um profissional habilitado é fundamental”, aconselham Denise e Carolina.
O sucesso do material é tanto que separamos três ambientes gastronômicos originais que apostaram nos contêineres.
Mondrí
O espaço ainda nem abriu, mas já gera curiosidade. Prezando pela ecossustentabilidade, o engenheiro agrônomo Ricardo Coelho escolheu o material para ter uma obra mais limpa com menos entulho e economia de recursos naturais. “Além da construção poder ser desmontada e montada em outro terreno, as características modular e geométrica permitem diversas configurações e facilitam a construção e/ou montagem”, explica Coelho. Além disso, se bem administrada, a construção pode ser 30% mais barata. Para completar, o contêiner tem uma vida longa e garante uma liberdade criativa para organização do empreendimento.
aHorta Bike Café
A ideia era apenas um bicicletário em contêiner, mas se tornou uma horta comunitária, que expandiu para um café. Apesar de ser prático, rápido e fácil de montar, o custo foi uma questão que surpreendeu Guilherme Moro, do aHorta Bike Café: a questão térmica. Para manter as condições necessárias para um espaço gastronômico, ele teve que pensar no posicionamento do contêiner em relação ao sol e gastar mais do que o planejado para fazer um revestimento térmico. Assim, o valor final acaba sendo maior do que uma construção de alvenaria. Apesar disso, o diferencial é ser um lugar atrativo. “O fato de ser contêiner já atrai muito o público. Dificilmente um cliente vai parar na frente de uma obra de alvenaria para perguntar o que vai ser ali. Por mais que estivesse em obra, as pessoas achavam curioso e perguntavam”, finaliza Guilherme.
Cervejaria Patagônia
O contêiner +55 Rua ganhou uma roupagem temporária com a Cervejaria Patagônia. A ideia do +55 Rua surgiu com a expansão dos food trucks em 2015 e para integrar a rua Vicente Machado ao +55. No caso da Patagônia, por ser uma instalação provisória em parceria com a Ambev, o material foi a ideia perfeita para o negócio. Entre os benefícios, o material é praticamente inviolável. “Ao encerrar a operação do dia, fechamos e não temos problemas com roubos”, comenta Paulo Freitas, proprietário do +55. Já como malefício, existe a limitação das dimensões e aparência do contêiner. Vale lembrar que o espaço fica em Curitiba apenas até o dia 3 de outubro.