Versos com valor agregado

QUEM?
Marcelus dos Santos (voz, letras e músicas), Luciano Pico (guitarra), Thomas Jefferson (guitarra), Silvio Krüger (baixo) e Juan Neto (bateria)

QUANDO?
Curitiba, 1992

COMO?
Tudo começou quando Marcelus reuniu um grupo de amigos para fazer shows em Curitiba tocando o repertório de uma de suas bandas preferidas, o AC/DC. Com o tempo, o que era apenas uma atividade cover começou a ganhar cara e repertório próprio. Rebatizado Motorocker, o grupo se consolidou como um dos nomes mais atuantes de Curitiba e a diversão ganhou esquema profissional. Fazem entre seis e oito shows por mês, têm um ônibus próprio e são poucos os estados do Brasil que eles ainda não tocaram. “Todo mundo ama o que faz e se dedica a isso. Acima de qualquer valor de cachê ou ficar pensando no retorno financeiro. Fazemos sacrifícios, deixamos até um pouco a casa e a família de lado por causa de viagens e gravações”, sustenta o criador do Motorocker, que também assina toda a parte de criação autoral da banda.

POR QUÊ?
O Motorocker é famoso por carregar sempre muitos fãs às suas apresentações. E pela palavra “fãs” entenda-se a mesma devoção de uma torcida de time de futebol, capaz de cantar todas as músicas com volume tão alto que chega a competir com o som que sai do palco. Para o vocalista, o segredo do sucesso de tamanha identificação está nas letras, que descrevem o cotidiano que tanto os músicos quanto os seus fãs vivem. “Somos iguais. Na maioria das vezes a gente só se ferra no dia a dia. Também trabalhamos direto, comemos mal, vivemos mal. E o público adota bandas que tenham uma espécie de filosofia nas letras. Isto é um grande valor agregado.” Um exemplo disso está em uma das nove faixas do novo disco, que leva o nome da banda. “A música Motorocker fala justamente disso. Aqui a gente também faz uma comparação entre a velocidade da vida de tempos atrás com a de hoje. Somos órfãos da velha escola. Aprendemos a viver naquela old school e até hoje precisamos nos adaptar a um mundo todo diferente que existe hoje, todo binário.”

HEIN?
O rock rasgado do Motorocker – que inclui Nazareth e Slade entre suas grandes influências – ganha agora o seu segundo álbum. Rock Brasil traz doze gravações: nove inéditas e as três faixas que compuseram o EP Estação das Almas em 2011 remasterizadas. Entre as novidades está a maior presença da faceta acústica. “Gosto tanto desta sonoridade que chegamos até a gravar cinco violões em uma mesma música”, revela. Por fim, uma curiosidade: a capa é propositalmente cheia de pistas e símbolos que refletem tanto as filosofias de vida do quinteto, como as referências à vida binária do século 21.

ONDE?
motorocker.com.br

 

Abonico Smith é jornalista especializado em arte e cultura pop (sobretudo música!). Email: [email protected]

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