“Curitiba se tornou muito complexa”

por Luise Takashina  foto Eduardo Macarios

 

TOP VIEW – Se pudesse definir a cidade de Curitiba em uma palavra, qual seria?
Marco Mello – Não acredito que no momento atual isso possa ser feito. Curitiba se tornou muito complexa, para o bem e para o mal. Ela tem um número grande de equipamentos culturais, parques incríveis espalhados, um monte de restaurantes, um montão de bares, uma cena de arte bem interessante, bons escritores, muitos bons músicos. Também tem trânsito, poluição, lixo espalhado nas calçadas, mendigo dormindo na rua, muita violência e crack, muita futilidade… Pra onde você olhar tem sempre outro lado, tem aqui e ali. E o mais incrível: até mesmo Carnaval resolveu-se ter na cidade.

TV – O curitibano gosta de arte? Quais as suas preferências?
MM – Quando abri a galeria, o público de arte da cidade – friso de artes plásticas – era bastante restrito e restritivo, suas referências eram bem menores – com raras exceções, o que era conhecido eram basicamente coisas locais. Hoje, este panorama mudou muito, o público é bem maior e bem mais informado: as pessoas viajam mais, procuram ver coisas relativas à cultura, vão a museus, têm acesso a mais informações e também podem apreciar um número maior de exposições e de trabalhos bons e importantes, graças à entrada de Curitiba no circuito nacional e internacional de exposições. Quanto às preferências do público, posso falar das que meus frequentadores manifestam: eles gostam de arte, de arte contemporânea e moderna, da boa. Eles viram muita coisa, possuem olhos bem sagazes.

TV – Qual é a mais importante obra da arquitetura curitibana?
MM – A minha escolha recai sobre uma pessoa por quem tenho a maior das admirações: o arquiteto Rubens Meister. Ele foi um dos artífices da modernidade na cidade, projetou obras fantásticas. Entre tantas, cito duas que julgo incríveis: o Teatro Guaíra e o Teatro da Reitoria. São exemplares frutos de uma precisão extraordinária e com facetas bem peculiares e diversas de outras edificações modernas do país.

 

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