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Um passo para a cura

Como as comunidades terapêuticas ajudam na recuperação de dependentes

Eu sou um dependente químico em recuperação, porque, esta doença, não existe cura”. É assim que Marcelo Fortunato se apresenta. Com 45 anos, passou 24 em uso frequente e compulsivo de drogas. Como sua própria mãe dizia, “deixa morrer assim, ele gosta muito e não tem mais como se recuperar”. Mas o lema da casa se mostrou errado e Marcelo se recuperou. Ou, melhor, busca a recuperação a cada dia. Afinal, a dependência não tem cura. “Nós temos que tomar nossa dose diária de recuperação”, explica. Da mesma forma que ele encontrou ajuda — e está em abstinência há 13 anos —, busca oferecer apoio a outros dependentes.

Em dezembro de 2006, Marcelo foi acolhido por uma comunidade terapêutica em Londrina, onde passou nove meses. Com a sua crescente recuperação, viu-se pronto para ajudar outros dependentes químicos e decidiu, também, abrir comunidades terapêuticas. Começou abrindo duas comunidades em Londrina e, após ter contato com padres de Curitiba, que há oito anos o convenceram a montar uma na capital paranaense, abriu então a sua terceira comunidade terapêutica.

“Com a sua crescente recuperação, viu-se pronto para ajudar outros dependentes químicos e decidiu abrir comunidades terapêuticas.”

 Em parceria com o Santuário de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, a Chácara Terapêutica Perpétuo Socorro tem capacidade para 30 acolhidos — e com projeto de expansão para 45 pessoas ainda em 2020. O projeto, totalmente gratuito, é uma parceria entre o santuário e a comunidade, mas Marcelo ressalta: “se alguma família quiser colaborar, ela colabora, mas sem nenhuma obrigatoriedade.”

Nestes oito anos de atuação na capital, ele se deparou com diversas histórias — e várias vitórias diárias. Entre elas, a acolhida de uma família que morava em um carrinho de papelão. Em
dois anos, a realidade mudou: a comunidade conseguiu construir uma casa para a família e um emprego para o pai. “Me emociona. É uma família que está caminhando junto com muito amor e orgulho”, finaliza.

O que é uma comunidade terapêutica?

É um lugar transitório e voluntário que busca acolher dependentes químicos que estão destruídos emocionalmente, espiritualmente e socialmente. A comunidade terapêutica retira o dependente da organização social para que ele possa se reorganizar e entender que é preciso uma mudança de atitudes. Além de acolhimento, amor e respeito, o local conta com profissionais e técnicos, como psicólogos e assistentes sociais, para aplicar o programa. de recuperação.

Marcelo Fortunato na Chácara Terapêutica Perpétuo Socorro, que tem capacidade para 30 acolhidos.

*Matéria originalmente publicada na edição #232 da revista TOPVIEW.

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