Take my horse to the old town road
Qual animal você estima que pode valer 40 milhões de dólares (R$ 126,6 milhões)? Se você pensou em cavalos, está certíssimo. Mais precisamente o Shareef Dancer, um cavalo de corrida puro-sangue, vendido pela maior quantia já paga na história.
Ao passar por uma das porteiras do Haras Santarém, em meio aos 130 hectares da propriedade, avista-se um cavalo separado dos demais. Alto, forte e com porte elegante, o Tiger Heart é a estrela por lá. Isso porque ele é o maior produtor de velocistas do Brasil hoje. Ele está avaliado em R$ 1,2 milhão. A propriedade, que fica na região metropolitana de Curitiba, funciona como um “pensionato” e também cria cavalos puro-sangue inglês.
Além de Tiger, há outros três garanhões, como são chamados os reprodutores: Rally Cry, Salto e Coutier. A raça tem várias especificidades, como não ser permitida a inseminação artificial — toda monta é natural e assistida. O valor dos cavalos é avaliado pela pontuação da tríade avaliação física, pedigree e desempenho na pista.
Um garanhão pode chegar a ter mais de 20 “proprietários”, as pessoas que pagam uma cota para ter uma ou mais montas daquele cavalo. “[O valor] depende muito do número de éguas que ele cobre, se os filhos começam ganhando ou não. O garanhão vale em função da sua cobertura e do que ele está produzindo na pista”, mensura Antonio Fernando Marques Parche, médico veterinário e gestor do Haras Santarém.
Eles são criados soltos, com cerca de 22 horas de pasto por dia. Entram apenas para comer, com exceção dos garanhões, que passam mais tempo na coxia e dormem por lá também, por uma questão de segurança. “O manejo dos cavalos de corrida é muito matemático”, resume o veterinário. Antonio orgulha-se de um dos cavalos nascido e criado ali: o Glória de Campeão, que ganhou a maior premiação em dinheiro da história ao vencer a Dubai World Cup 2010, maior prêmio de corrida de cavalos. O valor foi de 10 milhões de dólares. A mãe do animal, Aldacity, ainda está na propriedade.
“O garanhão vale em função da sua cobertura e do que ele está produzindo na pista.”
O Paraná tem o segundo maior plantel de cavalos da raça Quarto de Milha do país, com cerca de 50 mil animais. O dado é da Associação Brasileira de Criadores de Cavalo Quarto de Milha (ABQM). Antonio explica que, por mais que esteja na segunda posição, o estado tem o melhor clima para criar cavalos, por conta da distribuição das chuvas.
O que movimenta o setor
Há diversas modalidades de competição com cavalos. Nos Jogos Olímpicos, o hipismo está presente desde 1900 e já rendeu ao Brasil três medalhas. As provas são divididas em hipismo salto, hipismo adestramento e CCE (Concurso Completo de Equitação). Entre as competições de velocidade, destacam-se as provas Três Tambores, Cinco Tambores, Seis Balizas Simultâneas e Maneabilidade e Velocidade. Rafaela Slaviero é um dos destaques da prova dos Três Tambores no Paraná.
Começou hipismo aos seis anos, mas logo viu que sua paixão era a velocidade. “Quando descobri os Três Tambores, me apaixonei logo de cara e sabia que era isso que eu queria”, conta. Ela foi campeã da Copa dos Campeões nas categorias Feminino e Feminino Castrado no ano passado, com tempo recorde na pista de velocidade do recinto de Araçatuba, em São Paulo. A competidora é também diretora da Associação Nacional dos Três Tambores (ANTT), instituição que busca fomentar o esporte dentro do rodeio nacional.
“É uma associação feita por competidoras e sempre focamos no bem-estar do animal e das contendoras”, sintetiza. O mais famoso evento do ramo é a Festa do Peão de Barretos. A primeira edição foi realizada em 1956 e, desde então, tomou dimensões cada vez maiores. Entre as principais tradições do festival, estão o rodeio, os shows de música caipira e a queima do alho. Estamos falando de um evento que movimentou, apenas na edição de 2019, R$ 900 milhões com o turismo. É o que mostrou uma pesquisa realizada pela Secretaria de Turismo do Estado de São Paulo para medir o impacto econômico do evento, que reuniu 800 mil pessoas. Isso impacta, também, a logística da cidade.
De acordo com as informações da Secretaria, há um investimento de R$ 8 milhões no Aeroporto de Barretos, que tem previsão de entrega ainda este ano. O objetivo é que termine 2020 operando aeronaves pequenas e que até março do ano seguinte comece a receber Boings 737 e 700. Há vários outros rodeios importantes no país, como o de Americana, Jaguariúna, Colorado e Divinópolis.
Quanto às provas oficiais, os participantes competem no Grand Prix Haras Raphaela, Congresso Brasileiro do Cavalo Quarto de Milha, Nacional do Quarto de Milha, Copa dos Campeões, Potro do Futuro, entre outros. No Paraná, a competição de maior destaque é a Copa SGP de Três Tambores e 6 Balizas, realizada em Maringá.
Já no turfe, corridas de cavalo com apostas em jockeys clubs, quem mais se destaca é o Rio de Janeiro. Por mais que não tenha o mesmo prestígio que possuía no século XX, em que desbancava eventos esportivos como o futebol, a atividade ainda movimenta dinheiro nos hipódromos brasileiros. Os outros jockeys importantes são o do Tarumã, em Curitiba, e o de Porto Alegre.
As corridas são realizadas em dias diferentes para que todos possam investir, mesmo de longe, em todos. Sábado é São Paulo; domingo, segunda e terça, Rio de Janeiro; quinta, Curitiba; e sexta, Porto Alegre. No Tarumã, em um dia normal, movimenta-se de 50 a 300 mil reais no jogo. O que já foi o esporte dos reis hoje encara desafios difíceis para ganhar adeptos.
“Quando descobri os Três Tambores, me apaixonei logo de cara e sabia que era isso que eu queria.”
“O brasileiro não joga em cavalo, ele joga na Caixa Econômica Federal, Mega Sena, Lotofácil, Lotomania… então o nosso prêmio é baixo, o investimento em égua e garanhão é baixo, em cavalo em treinamento é baixo, não gira o eixo como Europa, Estados Unidos, Dubai, Japão, Austrália”, compara Antonio.
A mobilidade
Antes de criar sua empresa de trailers, Mateus Bovo bebeu referências direto da fonte. Foi ao morar no Texas, estado americano onde se popularizou a figura dos cowboys, que ele conheceu de perto o sonho dos trailers americanos, que ele usava para viajar para competições de laço. Ao retornar para o Brasil, decidiu construir trailers diferentes dos que tinha visto por aqui até aquele momento.
Foi assim que nasceu a Summer Trailers. A empresa atende o público que busca a linha prime ou baús, para quem precisar transportar os cavalos e ainda quer o conforto de dormitórios de luxo. “O objetivo é permitir aos competidores de provas equestres que fiquem vários dias fora de suas casas e perto de seus animais, com o maior conforto e segurança possível”, conta.
Hoje, itens para a realização de churrascos são os mais procurados e incluem churrasqueira, cervejeiras, adegas, fornos elétricos, som e TV. A área gourmet, na parte externa, é importante, pois os trailers ficam estacionados próximos uns dos outros nos campings e, assim, os amigos podem se reunir e curtir um momento juntos. A linha de trailers e baús pode variar entre R$ 80 mil e R$ 600 mil, com variação de acordo com o modelo, as dimensões e a customização dos detalhes.
*Matéria originalmente publicada na edição #233 da revista TOPVIEW.