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País iluminado: conheça o cenário da energia solar no Brasil

Com enorme irradiação solar, o Brasil tem o cenário perfeito para a geração de energia por meio de placas solares

“Se em teu formoso céu, risonho e límpido […] Do que a terra, mais garrida, teus risonhos, lindos campos têm mais flores. Nossos bosques têm mais vida […]”. Os trechos do hino nacional brasileiro, oficializado em 1922, dão uma pista de como o Brasil sempre foi um país potente em relação às suas belezas e riquezas naturais.

Há, no entanto, um fator que ajuda todo o território brasileiro a receber esse título: a incidência de luz solar. Segundo Rodrigo Limp Nascimento, consultor legislativo da Área XII de Recursos Minerais, Hídricos e Energéticos, em artigo escrito em 2017, o Brasil possui expressivo potencial para geração de energia elétrica a partir de fonte solar por conta dos níveis de irradiação solar que são superiores aos de países em que projetos para aproveitamento dessa energia são amplamente disseminados, como Alemanha, França e Espanha.

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De acordo com o Atlas Brasileiro de Energia Solar, o Nordeste é a região com mais irradiação do Sol, com destaque para o Vale do São Francisco. Os estudos ainda indicam que não são apenas regiões com luz solar direta que possuem grande potencial. Locais com menores índices de insolação também possuem grande potencial.

Por conta de tantos incentivos, o Brasil tem, cada vez mais, investido na geração de energia solar. Segundo o último levantamento da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR), essa se tornou a terceira maior fonte de matriz elétrica no país. Sua potência instalada só fica atrás da hídrica e da eólica.

De acordo com Rodolfo Meyer, CEO do Portal Solar, empresa do setor associada à ABSOLAR, o Brasil possui, atualmente, mais de 1,2 milhão de sistemas solares fotovoltaicos instalados em telhados, fachadas e pequenos terrenos, trazendo economia e sustentabilidade ambiental para mais de 1,5 milhão de unidades consumidoras.

O especialista ainda afirma que o recurso ajuda na diminuição da necessidade de desmatamento e na emissão de poluentes gerados por termelétricas, por exemplo – além de diminuir o risco da ocorrência de aumentos repentinos nas tarifações (bandeira vermelha) da conta de energia elétrica. “O avanço da energia solar no país é fundamental para o desenvolvimento social, econômico e ambiental do Brasil, além de ajudar a diversificar a matriz energética, ou seja, o suprimento de energia elétrica do País, reduzindo a pressão sobre os recursos hídricos”, analisa Rodolfo.

Foi a partir da análise desses benefícios que a Construtora Laguna começou a investir em painéis solares para a geração de energia. “As placas fotovoltaicas foram ficando cada vez mais acessíveis e eficientes. Com isso, a viabilidade econômica começou a fazer mais sentido. Então, a primeira vez que nós as utilizamos em um empreendimento foi em 2015, com o Llum, para gerar energia para o condomínio”, afirma o diretor de incorporação, André Marin.

Edifício LLUM, da Construtora Laguna (Foto: Daniel Castellano)
Edifício LLUM, da Construtora Laguna (Foto: Daniel Castellano)

Considerada uma das construtoras mais inovadoras da região Sul em relação à sustentabilidade, a empresa acompanhou o crescimento da utilização das placas fotovoltaicas ao longo dos anos. Como elas ficaram mais acessíveis e eficientes, o equipamento passou a ser utilizado em todos os empreendimentos seguintes. “Hoje, nós estamos começando a pensar em zero energia. E o mais bacana é que não somos apenas nós. Todo o mercado imobiliário está caminhando nessa direção também”, pontua Marin.

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O executivo ainda diz ver o setor no qual a construtora está inserida Uma das fazendas solares da Sun Mobi. com uma grande responsabilidade no desenvolvimento urbano. “O mercado imobiliário é capaz de modificar uma região para o resto da vida. Então, o nosso propósito é tornar as cidades mais belas e melhores para se viver”, reflete.

Outros empresários também têm pensado no futuro da geração de energia no país. É o caso da Sun Mobi, que promove assinatura digital de eletricidade. Trabalhando com produção de energia solar compartilhada, a startup paulista oferece não apenas a assinatura de energia, mas também o controle do consumo por meio de um aplicativo.

“Não é preciso colocar painéis solares na sua casa para usar energia gerada por raios solares. Funciona como qualquer serviço de assinatura. Enquanto você quer, você paga”, explica Alexandre Bueno, sócio da empresa.

Para ele, duas das maiores vantagens do serviço são: não precisar investir e ter flexibilidade de escolha. “Hoje, você pode escolher a operadora de internet, telefone, streaming, mas não pode escolher energia. Então, nós estamos abrindo esse mercado”, diz.

A energia fornecida aos clientes pela Sun Mobi é gerada nas fazendas solares – que são terrenos com diversas placas – da própria empresa e compartilhada por meio de linhas de transmissão presentes na região. No caso do Paraná, trata-se da Copel.

Alexandre ainda ressalta que o uso de energia solar resulta em uma grande vantagem econômica para o bolso do consumidor. “O cliente tem um custo menor de energia, entre 10% a 15% de redução na conta. A adesão é eletrônica e não há necessidade de obras, já que usa o sistema da companhia elétrica”, analisa.

Incentivos para a energia solar

Uma lei publicada em janeiro de 2022, trouxe mais segurança, transparência e previsibilidade ao setor solar e aos consumidores. Segundo o CEO do Portal Solar, isso deve acelerar os investimentos em novos projetos fotovoltaicos pelo território nacional.

“O texto traz segurança jurídica ao manter as regras atuais até 2045 para os pioneiros e novos pedidos feitos nos próximos 12 meses. Também prevê um período de transição para quem entrar após os 12 meses com o pagamento escalonado da Tarifa de Uso do Sistema de Distribuição (TUSD fio B)”, opina Rodolfo.

Por mais de 10 anos, as regras brasileiras permitiram a compensação integral dos créditos de energia da geração própria renovável. “Quando comparamos as novas regras do marco legal com as boas práticas internacionais, o Brasil fica bem posicionado no apoio à geração própria a partir de fontes renováveis”, conclui.

Como funciona a energia solar?

Na geração distribuída (GD), a energia é gerada pelos consumidores – próxima ou no próprio local de consumo. Ou seja, é o oposto à tradicional Geração Centralizada (GC), que acontece em grandes usinas e é enviada aos consumidores pelas linhas de transmissão.

Toda a produção deve seguir as normas da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), que estipulou as regras do segmento e criou o sistema de compensação de energia elétrica.

Assim como com a GC, qualquer tipo de unidade consumidora pode ser atendida com a GD – desde residências e propriedades rurais a indústrias. No entanto, há mais de uma modalidade na geração distribuída. Saiba quais são:

Modalidades de geração distribuída

Compartilhada

É caracterizada pela reunião de consumidores por meio de consórcio ou cooperativa. Pode ser composta por pessoa física ou jurídica que possua unidade consumidora com micro ou minigeração distribuída em local diferente de onde a energia excedente será compensada – desde que dentro da mesma área de concessão da distribuidora.

Junto à Carga

No modelo mais comum de GD, o consumidor produz a sua própria energia no mesmo local em que consome – chamado de geração junto à carga ou consumo local. A energia exportada para rede ainda pode virar créditos que podem ser consumidos em um prazo de 60 meses.

Empreendimento com múltiplas unidades consumidoras – EMIUC

Este sistema permite que condomínios horizontais e verticais, sejam eles residenciais e/ou comerciais, instalem um sistema de micro (potência de até 75 kw) ou minigeração (entre 76 e 5 mw) e compartilhem a energia gerada pelo sistema entre as unidades consumidoras. Ela também pode ser utilizada para a área comum.

Autoconsumo Remoto

Nesta modalidade, o micro ou minigerador possui unidades consumidoras na mesma titularidade, sendo pessoa física ou jurídica, e que tenha unidade consumidora com sistema de geração distribuída em local diferente das unidades consumidoras nas quais a produção excedente será compensada. Isso só é possível se as unidades consumidoras estiverem dentro da mesma área de concessão da distribuidora.

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