O encontro necessário entre inovação e ESG
Inovação e ESG caminham lado a lado. Mas é preciso desmistificar o que é inovar. Quando pensamos no tema, logo surgem imagens de tecnologias de ponta, robôs, inteligência artificial e soluções escaláveis. Mas a inovação que realmente importa vai além do que brilha nas vitrines das big techs.
Inovar é repensar rotinas, otimizar processos, reinventar modelos com inteligência e sensibilidade. É encontrar formas mais eficientes de fazer o que sempre foi feito — com menos impacto e mais propósito.
Hoje, qualquer inovação relevante precisa passar, necessariamente, pela redução de impacto, e aí entra o ESG! Por quê? Porque não há futuro para as inovações — nem mercado, nem planeta — sem essa mudança.
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A inteligência artificial já transforma o presente. Mas como conectar essa revolução com um mundo mais consciente? O protagonismo da inovação precisa dividir o palco com a sustentabilidade. Não por modismo, mas por urgência.
Os dados são claros: segundo o IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas), temos até 2030 para reduzir drasticamente as emissões globais. Caso contrário, a elevação da temperatura pode ultrapassar 1,5°C — limite considerado crítico para evitar colapsos ambientais. Já vivemos eventos climáticos extremos com frequência e a ciência é unânime: se nada for feito agora, os impactos se tornarão irreversíveis para a vida como conhecemos.
Não podemos mais deixar isso para depois. O tempo do “um dia vai acontecer”, chegou. O consumo precisa sair do automático e entrar no consciente. O prazer precisa vir do suficiente. O luxo, da escolha. A estética, da ética.
É bonito consumir com intenção. É elegante pensar no coletivo. É moderno cuidar do planeta que nos abriga.
Ser cool hoje é ser responsável. Ser inovador é ter coragem de mudar — inclusive o que já funciona.
Porque não estamos falando apenas de startups disruptivas, mas de decisões cotidianas: o que vestimos, como comemos, o que descartamos, o que apoiamos com o nosso dinheiro.
O ESG não pode ser um departamento. Precisa ser uma mentalidade. E, na minha opinião, inovação, para ser relevante, precisa incluir o outro — o meio ambiente, a comunidade, as futuras gerações. Inovar é também cuidar.
*Matéria originalmente publicada na edição #301 da TOPVIEW