A energia do futuro
Futuro. Para que ele exista, e exista bem, dois pilares são insubstituíveis: a preservação da natureza e a boa educação das crianças. A garantia de um amanhã melhor é o resultado das escolhas que se faz no presente.
Em Curitiba, a inteligência, a inovação e a sustentabilidade andam juntas. As práticas, incentivadas pela prefeitura, permitem aos cidadãos idealizarem uma cidade que não poupa esforços para preservar e recuperar o meio ambiente. O primeiro passo, é claro, começa pelas crianças.
“É muito importante falar sobre educação ambiental, não só para crianças. É para todo mundo. Mas por que o foco nas crianças? Elas têm formação, são modificadoras de opinião e levam o conhecimento para a casa”, esclarece a coordenadora da educação ambiental do Zoológico Municipal de Curitiba, Cláudia Bosa.
A profissional faz a gestão da Casa de Acantonamento, que, desde 1991, recebe as crianças das escolas públicas municipais para atividades educativas e de preservação animal. Desde o início das atividades, mais de 34 mil alunos participaram da iniciativa.
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“Na Casa de Acantonamento, estamos formando pessoas do bem, que pensam no meio ambiente de forma integral”, afirma Cláudia. A profissional revela a expectativa de que o projeto inspire as crianças a escolherem profissões ligadas à preservação do meio ambiente, como biotecnologista ou arquitetos atentos a projetos que minimizem os impactos ambientais. Cláudia define o papel do projeto: sensibilizar e conectar a comunidade escolar com a natureza. Mais do que amar e cuidar do meio ambiente, o programa incentiva que os participantes façam, desde pequenos, escolhas que privilegiem o cuidado com o planeta, afirma.
A transformação
Pioneira na gestão inteligente de resíduos, Curitiba foi a primeira cidade da América do Sul a implantar um programa municipal de separação do lixo, em 1980. Agora, mais uma vez, sai na frente das capitais do país e anuncia uma nova iniciativa nessa temática.
Para fortalecer as ações da Casa de Acantonamento e tornar ainda mais tangível para os alunos os impactos das ações humanas na natureza, o Zoológico de Curitiba anunciou a compra de um biodigestor. Segundo a coordenado-ra, o equipamento transforma resíduos orgânicos, como cascas de frutas e de verduras, em biogás e biofertilizante.
Com capacidade de até quatro quilos de resíduos, o biodigestor consegue fornecer até três horas de biogás por dia, explica a especialista. Na Casa de Acantonamento, ele é usado para esquentar a água do café — mas o objetivo principal é demonstrar as oportunidades presentes na atenção ao ciclo do lixo.
O equipamento tem vida útil de 30 anos e permite, ainda, a produção de biofertilizante. O Zoológico de Curitiba já tem usado o fertilizante natural para regar as plantas, que, de acordo com Cláudia, têm demonstrado resultados positivos com o novo adubo. Mais tarde, o plano é entregar o biofertilizante aos participantes do projeto, que poderão aplicar em casa as lições aprendidas no programa.
Cláudia destaca que o biodigestor é uma nova alternativa para preparar Curitiba para o futuro. Com ele — e outras ações de educação ambiental, aplicadas de maneira multidisciplinar na capital —, a cidade se mantém no topo no que diz respeito à conservação da natureza.
Na prática
A primeira exibição para os alunos da rede pública municipal de Curitiba foi feita nos dias 22 e 23 de fevereiro de 2025. Após as refeições, os estudantes puderam presenciar a transformação dos resíduos nos insumos produzidos pelo biodigestor.
A ação foi elogiada pelos educadores. Jaqueline Henschel, professora de práticas e educação ambiental do Centro de Educação Integral (CEI) José Cavallin, destaca que atividades como essa são levadas para a rotina dos alunos. “Com essa novidade, eles estão aprimorando os conhecimentos. Eles vão levar essa aprendizagem para a escola, compartilharão com os familiares, terão mais vontade de conhecer a nossa querida Curitiba e desenvolverão um olhar diferenciado em relação à natureza”, detalha.
A aluna Sofia Rodrigues Carvalho de Souza, de dez anos, comenta a principal aprendizagem do dia: “tudo o que a gente joga fora pode ser reaproveitado para virar gás. Isso ajuda a preservar a natureza.” 40 alunos dos quarto e quinto anos do CEI José Cavallin, do bairro Sítio Cercado, acompanharam a ação.
*Matéria originalmente publicada na edição #298 da TOPVIEW.