Síndrome do text neck: você pode estar sofrendo e nem sabe o.O
O brasileiro está entre os maiores “consumidores” de informação virtual de todo o mundo. Em todas as pesquisas sobre o assunto, o país está sempre nas primeiras posições no ranking e os smartphones vêm se consolidando como a principal ferramenta para o acesso à internet no Brasil. Ao mesmo tempo que essa conquista representa a democratização da informação e do entretenimento, traz no pacote um novo problema: a síndrome do “pescoço de texto” – ou text neck, na versão em inglês.
Segundo um estudo do cirurgião de coluna e chefe do Serviço de Cirurgia de Coluna do New York Spine Surgery & Rehabilitation Medicine, Kenneth Hansraj, a estrutura da coluna vertebral está preparada para sustentar o peso da cabeça, que tem em torno de 6 kg em um adulto em posição regular. Entretanto, de acordo com a inclinação do pescoço, maior é o esforço da musculatura para suportar esse peso. Em um ângulo de 15 graus, por exemplo, ele aumenta para 12 kg. Já em uma inclinação de 60 graus, chega a 27 kg.
“Quanto maior o peso colocado à frente, maior será a força que os cabos de aço – no caso, os músculos do pescoço – deverão sustentar.” – Décio De Conti
Com base nesse tipo de pesquisa, o médico ortopedista e cirurgião de coluna Décio De Conti, do Instituto De Conti e membro da Sociedade Brasileira de Coluna, destaca que é fundamental pensar na coluna cervical e nos músculos da região como um “engenhoso guindaste”. “Quanto maior o peso colocado à frente, maior será a força que os cabos de aço – no caso, os músculos do pescoço – deverão sustentar. E quanto maior for o tempo nessa posição, maior será o estresse e a fadiga dessas estruturas”, exemplifica.
A dor é o sintoma mais perceptível e pode começar nos músculos, nos tendões ou nos ligamentos. Além do pescoço, ela pode se manifestar em áreas como os ombros, as costas, os braços e as mãos.
A mudança de hábitos é a principal forma de prevenção. Isso inclui, além de reduzir o tempo de utilização do smartphone, o cuidado postural na hora de digitar. O ortopedista também recomenda investir em atividades físicas para minimizar o problema.
O educador físico e personal trainer Eduardo Sosnowski, do Studio 1.6 Treinamento Funcional e Pilates, comenta que tem atendido muitos alunos que procuram o serviço justamente por indicação médica. Segundo ele, em geral, são profissionais liberais na faixa dos 30, 40 anos. De acordo com Sosnowski, no trabalho para a correção postural, o primeiro passo é o fortalecimento do core (região do abdômen), que é o conjunto de músculos que servem de base e sustentação para todo o corpo. Depois são feitos os trabalhos pontuais para fortalecer a região do pescoço e evitar que a cabeça se incline para à frente. “A correção da postura vem de um trabalho diário de consciência corporal”, explica.
*Matéria publicada originalmente por Danielle Blaskievicz na edição 209 da revista TOPVIEW.