Sweet Little Eyes: cuidados essenciais para a saúde ocular das crianças
Um dos maiores clássicos da literatura infantojuvenil brasileira é O Menino que Aprendeu a Ver, de Ruth Rocha. Na história, Joãozinho descobre a magia de aprender a transformar sinais em letras ao ser incentivado a ler pelos pais e pelos professores. Aos poucos, o personagem aprende a dar realmente sentido a tudo o que vê.
Embora o foco de Ruth seja a importância da leitura para as crianças descobrirem o mundo, a trama tem embasamento científico: oftalmologistas orientam ser possível estimular uma visão segura e saudável desde o primeiro momento em que um bebê abre os olhos.
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Após o nascimento, um dos primeiros exames realizados é o do olhinho, destaca o diretor do setor de catarata e cirurgia refrativa do Hospital de Olhos do Paraná (HOPR), Marcelo Vilar. Com ele, o médico pediatra consegue identificar possíveis doenças, deficiências oculares e problemas genéticos que podem afetar a visão da criança a longo prazo. Caso seja percebido algo fora do esperado, os responsáveis são orientados a buscar um oftalmologista para dar início ao tratamento necessário.
Vilar recomenda regularidade nas visitas ao oftalmologista mesmo para crianças que não apresentem alterações oftalmológicas: uma avaliação entre zero e três anos, uma aos cinco anos e uma aos sete anos. Após esse período, uma visita anual é indicada.
“Nós tivemos um número muito alto de progressão da miopia na era Covid-19, na qual as crianças passavam o horário de estudo em frente aos eletrônicos.” — Marcelo Vilar
Ensinando a enxergar
Há cuidados essenciais para a preservação da saúde ocular dos pequenos. A primeira é o controle do uso de telas — veja em nosso box o tempo ideal para cada faixa etária — uma das principais vilãs da visão. O diretor do setor de catarata e cirurgia refrativa do HOPR esclarece que a pandemia da Covid-19 motivou o crescimento da permanência das pessoas em frente às telas.
“Nós tivemos um número muito alto de progressão da miopia na era da Covid-19, na qual as crianças passavam o horário de estudo em frente aos eletrônicos. A progressão também foi significativa em crianças que já tinham uma pré-disposição para miopia”, ressalta. A doença, classificada como erro refrativo, é considerada uma epidemia pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Até os cinco anos, menos de 1% das crianças são diagnosticadas com miopia. Aos 10, 8%, e, aos 15 anos, 15% têm miopia.
Outro ponto importante é a avaliação sobre o estilo de vida das crianças. Quando frequentemente estão ao ar livre, em contato com a natureza, a visão é estimulada a alcançar limites maiores. Isso ajuda a garantir uma saúde ocular ainda melhor. Aliar essas atividades a uma alimentação saudável e a exposição leve ao sol fortalece os olhos.
O uso de óculos escuros para evitar a claridade e os raios ultravioleta gerados pelo Sol e pelos equipamentos eletrônicos é recomendado pelos oftalmologistas. Vilar reforça que os óculos devem ser de boa qualidade.
Além disso, é essencial ficar atento aos hábitos e aos ambientes onde a criança passa mais tempo. Lugares com poeira, mofo, com pouca ou com excesso de luminosidade, podem levar os pequenos a coçar os olhos. O ato não só é incômodo, como pode desenvolver ceratocone a longo prazo.
Riscos
O desenvolvimento do ceratocone é só um dos problemas que podem ser causados ao não preservar a saúde ocular da criança. Quando a criança não é assistida por um oftalmologista, pode também agravar os erros refrativos e causar ambliopia — condição de desequilíbrio na visão de um dos olhos, com um deles compensando a baixa visão do outro.
O déficit visual também pode trazer problemas de aprendizagem, de socialização e até o desenvolvimento cognitivo das crianças, elenca Vilar. Ele alerta para que essas consequências podem fazer com que a criança seja erroneamente diagnosticada com patologias cognitivas.
O cuidado com a saúde dos olhos é essencial para o bom desempenho motor, social e educacional das crianças. Por isso, mantenha as avaliações oftalmológicas em dia — seguindo a recomendação de Marcelo Vilar quanto a frequência.
Tempo de tela ideal por faixa etária
- menores de dois anos: não devem usar equipamentos eletrônicos
- entre dois e cinco anos: até uma hora e meia por dia
- entre seis e 10 anos: até duas horas por dia
- entre 11 e 18 anos: até três horas por dia
*Conteúdo originalmente publicado na edição #278 da revista TOPVIEW.
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