SELF SAúDE

Sabrina Sato e Gisele Bündchen: engravidar mais tarde virou tendência?

Conversamos com o ginecologista e especialista em reprodução humana, Dr. Fernando Prado, sobre a repercussão após o anúncio de gravidez das famosas

Com o recente anúncio da gravidez de famosas como Sabrina Sato e Gisele Bündchen, o debate sobre os riscos e desafios de uma gestação após os 40 anos foi reacendido. Afinal, é possível gerar uma criança saudável e sem riscos para a mãe nessa idade? Embora não tenha sido revelado se as gestações de Sabrina e Gisele ocorreram naturalmente, cada vez mais mulheres têm buscado formas seguras de adiar o sonho da maternidade.

Com o avanço das técnicas de reprodução assistida, mulheres de diversas faixas etárias têm recorrido ao congelamento de óvulos para conciliar o desejo da maternidade com outras metas de vida. Esse recurso tem sido essencial, principalmente para aquelas que priorizam, em etapas anteriores, uma formação acadêmica, o desenvolvimento profissional e a estabilidade financeira. Dr. Fernando Prado, especialista em reprodução humana, observa um crescimento acentuado da prática: “Em poucos anos, vamos ter mais mulheres optando pelo congelamento de óvulos do que pela fertilização in vitro em si,” afirma ele, embasado em dados de eventos recentes, como o Congresso Americano de Reprodução Humana, onde foi discutido o aumento expressivo na adoção dessa técnica.

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Além de garantir uma maior tranquilidade em relação à maternidade, o congelamento de óvulos é uma solução prática e segura. De acordo com o Dr. Prado, ao preservar óvulos de alta qualidade quando a mulher está em sua fase reprodutiva mais saudável, ela amplia suas chances de uma gravidez futura com menores riscos genéticos para o bebê.

“A qualidade genética de um óvulo congelado aos 25 anos, por exemplo, é preservada, independentemente de a mulher decidir usá-lo aos 40 ou mais tarde. Isso reduz significativamente os riscos genéticos relacionados à idade, como anomalias cromossômicas,” explica.

O Dr. Prado esclarece que, embora não exista um limite técnico rígido para a utilização dos óvulos congelados, a recomendação geral do Conselho Federal de Medicina é que mulheres utilizem seus próprios óvulos até os 50 anos de idade. Isso se deve ao fato de que, mesmo com avanços na medicina, a gestação em idade avançada apresenta desafios e riscos. “A partir dos 50 anos, cada caso deve ser minuciosamente avaliado. Uma paciente minha engravidou aos 57 anos, mas isso só foi possível porque ela tinha uma excelente condição física e usou óvulos doados. Ainda assim, tivemos de lidar com complicações comuns em gestações tardias, como diabetes gestacional e pressão alta,” comenta.

Outro ponto que impulsiona o crescimento do congelamento de óvulos é o aumento da longevidade e da qualidade de vida das mulheres. “Mulheres de 50 anos hoje têm uma aparência e um vigor que, décadas atrás, eram observados em pessoas mais jovens,” ressalta Dr. Prado. Isso faz com que o desejo pela maternidade muitas vezes seja postergado para quando a mulher já conquistou estabilidade na carreira e alcançou outros objetivos. Com isso, torna-se essencial oferecer às pacientes essa alternativa segura de preservar sua fertilidade para um momento em que se sintam emocional e financeiramente preparadas para a chegada de um filho.

“Para muitas mulheres, o congelamento de óvulos é uma escolha estratégica e não necessariamente significa um desejo imediato de engravidar. Ele oferece a elas a chance de esperar o momento certo,” observa o Dr. Prado. As clínicas de reprodução, no Brasil e no mundo, já observam uma mudança nesse perfil de pacientes: mulheres que, com mais de 40 anos, buscam manter a possibilidade de se tornarem mães no futuro. Esse cenário está em franco crescimento e reflete uma tendência global.

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