SELF SAúDE

Life changing: mudança de estilo de vida é “o melhor remédio” para prevenir AVC e infarto

Mais de 80% das doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2 e obesidade poderiam ser evitadas com hábitos e comportamentos saudáveis duradouros

As doenças crônicas decorrentes do estilo de vida são os principais fatores contribuintes para a morbimortalidade no mundo, contribuindo de forma substancial para uma crise de saúde global e nas despesas de saúde. Mais de 80% das doenças cardiovasculares, como AVC e infarto, diabetes tipo 2 e obesidade poderiam ser prevenidas com a adoção de práticas de vida mais saudáveis. Os dados são da Organização Mundial de Saúde (OMS). Sabe-se ainda que 40% das mortes prematuras são atribuídas ao tabagismo (18,1%), má alimentação e falta de atividade física (16,6%) e consumo de álcool (2,5%).

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Nesse panorama, ganha força uma abordagem mais holística, diferenciada e sustentável da saúde, que são os tratamentos baseados em estilo de vida como primeira linha de ação. É o caso das diretrizes médicas para tratar condições crônicas como as doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2 e a obesidade. “Essa abordagem é embasada em evidências sólidas e abraça de maneira criteriosa a administração de fármacos e a recomendação de procedimentos. Para o enfrentamento das doenças crônicas precisamos entender que elas estão intrinsecamente ligadas às escolhas de estilo de vida, hábitos pessoais e comportamentos”, informa o cardiologista do Hospital INC, Rafael Marchetti.

Nessa perspectiva, explica o cardiologista, é fundamental o comprometimento ativo do paciente para alcançar bons resultados, melhoria da qualidade de vida e um controle mais efetivo das doenças crônicas.

Mudança do estilo de vida para tratar doenças crônicas

Uma abordagem terapêutica que implementa intervenções fundamentadas em evidências nos comportamentos interligados à saúde e nos hábitos de vida, a Medicina do Estilo de Vida (MEV) tem o propósito de prevenção, tratamento e até mesmo a reversão de doenças crônicas. Une princípios médicos, psicológicos, motivacionais e ambientais no contexto clínico, integrando a ciência comportamental, estudos sobre mudança de hábitos e vasta literatura sobre a relação entre estilo de vida e bem-estar. Ainda não constitui uma especialidade médica oficial no Brasil, mas emergiu como um movimento vigoroso e em ascensão no país.

“Estamos testemunhando a evolução de um paradigma de saúde. Os alicerces de uma existência saudável abrangem uma riqueza de dimensões, englobando desde a felicidade e o bem-estar emocional até a vitalidade física, o propósito de vida, os traços de caráter e virtudes, as conexões sociais enriquecedoras, a estabilidade material e financeira, entre outros elementos cruciais”, explica a endocrinologista do Hospital INC, Jacy Maria Alves, especialista em Endocrinologia e Metabologia, com formação em Medicina do Estilo de Vida, Health Coach e pesquisadora nas áreas de Diabetes mellitus e obesidade.

A ideia é colocar em prática “a ciência da mudança comportamental” de forma efetiva e sustentável, incentivando o paciente a adotar o autocuidado e autogerenciamento da saúde. De acordo com a Dra Jacy, há seis pilares propostos pela Medicina do Estilo de Vida para alcançar essa mudança: alimentação que prioriza os alimentos de origem vegetal, naturais e integrais; atividade física regular; controle do estresse; saúde do sono; controle de tóxicos (drogas ilícitas e lícitas, como álcool e tabaco) e relacionamentos, sendo a conexão social essencial para a resiliência emocional.

Depois de sofrer um AVC (acidente vascular cerebral), em 2016, o empresário curitibano Paulo Alberto Kroneis, 61 anos, decidiu realizar mudanças radicais nos hábitos de vida. Começou a seguir as orientações médicas, incorporou uma dieta mais saudável e o exercício físico na sua rotina. “Faço caminhadas diárias e musculação, pelo menos, cinco vezes por semana. Diminui o consumo de bebida alcoólica, aprendi a gerenciar melhor o estresse, desenvolvi o autocuidado e me sinto melhor mentalmente. Controlei as taxas de colesterol e glicemia, e a pressão alta. Consegui eliminar 18 quilos de gordura corporal”, conta. “A mudança comportamental nem sempre é um caminho fácil, mas é essencial para conquistar saúde, bem-estar e qualidade de vida.”

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