Depressão não é frescura #SetembroAmarelo
Em 2001, aos 20 anos eu fui diagnosticado com depressão.
Tenho a sorte de ter pais que nunca negaram que precisava de um médico e que depressão é uma doença. Não é frescura, não é chilique, não é coisa de gente desocupada. É uma doença. Você precisa de um médico, de um diagnóstico, vai tomar remédio.
1 ano e meio depois do diagnóstico e tratamento, fui aprovado para trabalhar na Disney, nos EUA. Sem isso, com certeza não teria ido.
Quem me acompanha sabe que em 2020 vivi meses intensos em que decidi mudar para a casa dos meus pais para conviver com meu pai em estado terminal. Foram momentos maravilhosos em que consegui elaborar a morte dele de maneira mais fácil. Porém, com a evolução da doença, dei banho, troquei fraldas, dei morfina e fiquei quase 6 meses em alerta esperando a próxima coisa ou até a morte.
LEIA TAMBÉM: O que um psicoterapeuta observa nas pessoas após 1 ano e meio de isolamento?
Ele faleceu em outubro e, em dezembro de 2020, achei que estava tendo um infarte. Fui ao hospital, mas graças a minha saúde não era nada físico. O médico recomendou consulta com um psiquiatra. Dias depois fui diagnosticado com TEPT – Transtorno do Estresse Pós-Traumático (a “doença do soldado”). Mais uma vez, psiquiatra, remédios… mas dessa vez mais maduro e moderno, a meditação e o exercício físico me ajudaram muito a sair.
Já tenho até planos de fazer 2 travessias nadando este ano e em 2022.
Decidi me expor e estou escrevendo este texto sem nenhuma intenção de vangloriar essas coisas, eu não queria ter tido depressão ou TEPT, é horrível, mas o fato é que tive, fui diagnosticado, tratei e agora estou bem de novo.
Minha intenção é expressar 2 coisas:
1. Não trate as pessoas em sofrimento psíquico como “frescas”. Se você não é formado em psicologia ou em medicina, dê afeto, atenção, ofereça ajuda. Mas recomende, insista, que procure atendimento profissional. Escutei coisas como: “Cara, compra um tênis novo e vai correr”.
2. Não se compare com nada que lê, vê ou assiste nas redes sociais. A vida é muito mais simples e banal do que é mostrado aqui. Você tem direito de ficar cansado, de sofrer, de chorar, de reclamar, de ter uma válvula de escape, de faltar a academia, de ter barriga, de achar seu chefe um chato e por aí vai.
Peça ajuda, você não está sozinho(a). Um abraço!
Sobre o colunista
Diego Godoy é headhunter na MUUDA.work. Trabalhou em empresas multinacionais do segmento de serviços profissionais como PwC, Michael Page e Walt Disney Company. Também é fundador do Projeto Um Por Cento, reconhecido como iniciativa oficial pelo ACNUR e que trabalha na recolocação de refugiados no mercado de trabalho do Brasil. Foi eleito pelo LinkedIn um dos “Top Voices” em 2021.