Covid-19, H3N2 ou ‘Flurona’? Saiba identificar os sintomas e como a vacinação pode ajudar
Com o aumento dos casos de Covid-19 e a recente epidemia de H3N2, muitas dúvidas surgem sobre como distinguir a gripe do coronavírus e qual é o tratamento indicado para cada uma das doenças. Só ontem (13), a capital paranaense registrou 2.491 novos casos de Covid-19 e a primeira confirmação da variante Ômicron, segundo a Prefeitura de Curitiba. Em relação à H3N2, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) informou nesta quarta-feira (12) que o estado tem 832 casos confirmados e 12 mortes provocadas pela doença.
Outro elemento que vem provocando preocupação no país é a chama “Flurona”. Trata-se de um quadro em que a pessoa contrai Covid-19 e Influenza ao mesmo tempo. Mas afinal, é fácil contrair a Flurona? Quais os sintomas? Como distinguir cada doença? Como a vacinação pode ajudar? Para responder essas e outras perguntas, a TOPVIEW conversou com a Dra. Maria Ofélia Fatuch. Especializada em doenças respiratórias, ela é alergista, imunologista e atua na linha de frente do enfrentamento ao coronavírus no Hospital Pequeno Príncipe. Confira:
Quão comum é contrair a Flurona? É difícil de acontecer?
Segundo Maria Ofélia, o Brasil está em uma curva ascendente de casos, com a COVID-19 ainda se sobrepondo à Influenza. Como o ar é o meio de contaminação em toda doença respiratória, as pessoas ficam mais suscetíveis em lugar sem ventilação natural. O ideal é manter as medidas sanitárias já estabelecidas, como usar máscaras e higienizar mãos com água e sabão. Se não for possível, utilizar o álcool 70%, recomenda a médica.
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Como diferenciar a H3N2 da COVID-19?
A imunologista avisa que “não existe como diferenciar nenhum tipo de vírus clinicamente, o que o médico pode fazer é sugerir com base nos sintomas“. A melhor maneira que existe de tirar essa dúvida é realizando um teste PCR-RT – o mais confiável para detectar o coronavírus.
No que diz respeito aos sintomas, “todos os vírus respiratórios se confundem entre eles, com febre, dor de garganta, dores musculares, prostração, coriza e diarréia – mas cada caso de Covid-19 é um caso”, comenta a médica.
No gráfico a seguir é possível observar algumas diferenças:
A vacina da gripe de 2021 protege contra a H3N2?
Não. A previsão é de que nova vacinação contra a gripe deste ano comece em fevereiro. De acordo com Maria Ofélia, a nova versão da vacina da influenza será trivalente – composta pelos vírus H1N1, H3N2 (Darwin) e a cepa B – e já está sendo produzida pelo Butantan.
A especialista ainda cita que, como as pessoas ficaram mais recolhidas em casa e usaram máscara durante o inverno, os vírus respiratórios não circularam. Já em dezembro, houve maior aglomeração devido às festas de fim de ano, aumentando os casos de gripe.
Peguei Flurona. O que fazer? Qual o tratamento indicado?
Primeiramente, antes de se medicar, é necessário consultar um médico presencialmente ou por teleconsulta. “Em geral, para os vírus respiratórios, o tratamento é dos sintomas: analgésicos, antitérmicos, repouso, e isolamento”, responde Maria Ofélia.
Qual a importância de tomar a 3ª dose da vacina contra a COVID-19?
A terceira dose faz parte do esquema completo de vacinação, portanto, quando não se toma todas as doses, não se está imune completamente.
E atenção: para quem está com o esquema vacinal completo ou foi contaminado recentemente, ainda é preciso tomar precauções, pois as pessoas que tiveram a doença podem pegar novamente, relata a doutora. “Nem sempre vai ser Ômicron, então quando você está contaminado não tem como saber se vai ser leve ou grave. Muita gente não está consciente disso – acham que a partir de agora será uma gripezinha”.
A médica complementa: “é importante frisar que não há e não haverá imunidade de rebanho, pois, à medida que há variantes, não existe imunidade. Em qualquer doença viral, a única forma de prevenção é a vacinação em massa”.
Posso tomar a vacina da gripe logo em seguida da vacina contra o coronavírus ou vice-versa?
Sim, a vacina da gripe pode ser tomada junto, durante e depois da vacina contra a Covid-19. Segundo Maria Ofélia, “as restrições de vacinas são para as de vírus vivos atenuados, como a rubéola, caxumba, sarampo, varicela… Nesses casos, o intervalo deve ser de 30 dias”.
Como está a questão do isolamento para quem contraiu COVID-19?
Recentemente, o Ministério da Saúde anunciou a redução da quarentena de dez para sete dias para pessoas com casos leves e moderados. Se o paciente estiver assintomático e sem uso de medicamentos, no quinto dia de isolamento ele poderá realizar outro teste de Covid-19 (RT-PCR ou teste rápido de antígeno). Caso o resultado seja negativo, o isolamento poderá ser encerrado.
Todavia, a imunologista frisa que a redução de quarentena é uma medida para frear a falta de mão de obra nas empresas, que estão com muitos funcionários infectados. “Com a diminuição da mão de obra, o CDC (Centro de Controle e Prevenção dos Estados Unidos) e o Ministério da Saúde do Brasil diminuíram o tempo de isolamento, mas isso vai dar um problema, porque muitas pessoas vão voltar para o trabalho ainda contaminadas”.
Os próximos passos: testagem e vacinação infantil
A nova onda tem provocado uma grande procura por testes, sobrecarregando farmácias, postos de saúde e laboratórios particulares. Uma das ações que podem desafogar o sistema, segundo Maria Ofélia, são os autotestes – que podem ser feitos em casa e são comuns na Europa e Estados Unidos. Esse tipo de teste não tem validação da Anvisa, mas o Ministério da Saúde já solicitou à agência a avaliação do uso.
Outro ponto fundamental, para a especialista, é a vacinação de crianças de 5 a 11 anos, que deve começar na próxima semana na capital paranaense.
“As crianças devem ser vacinadas, pois a Ômicron é muito mais infectante do que a Alfa ou a Delta. É importante vacinar esse público, visto que ele é composto por quase 20 milhões de pessoas, o que representa aproximadamente 10% do total da população brasileira. Também vale destacar que nas próximas semanas acontecerá o início do ano letivo de 2022, o que significa um risco expressivo para a transmissão do vírus”, finaliza.
O Brasil é o país que concentra mais casos de mortalidade infantil por Covid-19 no mundo. Em 2020 e 2021, mais de 500 crianças de 5 a 11 anos vieram a óbito.